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Brasil sofre e flerta com tragédia, mas avança nos pênaltis

A seleção sobreviveu a uma batalha em Belo Horizonte: depois de empate no tempo normal e na prorrogação, 1 a 1, Júlio César brilha no momento decisivo

Depois de 120 minutos de tensão, Júlio César ganhou uma chance de se redimir dos erros que provocaram a queda do Brasil na Copa passada. O desfecho, para o camisa 12, não poderia ter sido mais perfeito

Mesmo quem prestou atenção ao alerta de Luiz Felipe Scolari ainda no ano passado, quando o técnico da seleção brasileira afirmou que o Chile era o adversário que mais o preocupava nas oitavas de final, não esperava tamanho drama. Os adversários sul-americanos, valentes e incansáveis, transformaram a partida deste sábado, no Mineirão, em uma longa e sofrida batalha. No fim, depois de empate por 1 a 1 no tempo normal e na prorrogação, deu Brasil, nos pênaltis, 3 a 2, com duas defesas de Júlio César, herói da classificação. David Luiz abriu a série marcando o seu. Pinilla bateu no meio do gol e Júlio César bloqueou, dando dois passos à frente da linha. Willian recolocou o Chile no páreo ao bater para fora. Mas era o dia do goleiro brasileiro, que pulou bem para pegar a batida de Alexis Sánchez. Marcelo abriu 2 a 0 para o Brasil. Aránguiz fez o dele, batendo com perfeição. Hulk cobrou mal e Bravo desviou. Marcelo Diaz deixou tudo igual. Neymar caminhou lentamente para a bola, e bateu rasteiro, com categoria e tranquilidade. Gonzalo Jara chutou na trave e manteve o Brasil vivo na competição. Agora, o Brasil espera o vencedor da partida entre Colômbia e Uruguai, que se encaram ainda neste sábado, às 17 horas (de Brasília), no Maracanã, para descobrir quem será seu adversário nas quartas de final, em jogo marcado para o Castelão, em Fortaleza, na sexta-feira, às 17 horas. O Chile se despede da Copa do Mundo depois de levar a seleção pentacampeã à beira da tragédia.

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O Brasil percebeu logo de cara que a partida seria dificílima. Sem medo e com mais tempo de posse de bola, o Chile ignorava o barulho da torcida e tentava ditar o ritmo do jogo. Para completar, o adversário declarava aberta a temporada de caça a Neymar: logo aos 3 minutos, ele foi ensanduichado por Aránguiz e Medel, caiu gritando de dor e teve de ser atendido fora de campo. A seleção da casa tentava reagir na bola: aos 5 minutos, Marcelo aproveitou rebote de escanteio, cortou o zagueiro e bateu de perna direita, com perigo, para fora. �De volta ao gramado, Neymar não fugia do contato físico, com direito a carrinho e falta cometida sobre Arturo Vidal, o grande referência dos chilenos em campo. �Aos 10, depois de cruzamento de Alexis, os chilenos reclamaram de pênalti sobre o atleta da Juventus, não marcado pelo árbitro inglês Howard Webb. Dois minutos depois, foi a vez de o Brasil reclamar quando Hulk invadiu a área e caiu em dividida com Isla. Webb mandou o jogo seguir. �Aos 16, o lateral Mena, que atua no Santos, levou amarelo por parar uma jogada com a mão. E aos 17, num momento em que a partida começava a ficar complicada, o Brasil se aproveitou da baixa estatura dos zagueiros chilenos e saiu na frente. Depois de escanteio batido por Neymar, Thiago Silva desviou no primeiro pau e David Luiz – que era dúvida para o jogo – dividiu com Jara, quase sob a trave. O replay mostrou que o chileno tocou para as próprias redes, mas a Fifa creditou o gol ao zagueiro brasileiro.

Reação – O Chile não se intimidou com o gol e avançou suas linhas, passando a controlar o jogo, mas encontrando dificuldades para superar a defesa brasileira. O Brasil, por sua vez, se limitava a contragolpear com Neymar e Fred – Oscar e Hulk trabalhavam muito mais na marcação do que no setor ofensivo. �A perseguição implacável dos marcadores a Neymar continuava: aos 27, Silva levantou o camisa 10 com uma rasteira quase na lateral, num lance que não representava perigo algum. �No minuto seguinte foi a vez de Vidal acertar o craque brasileiro numa dividida forte. Neymar voltou a precisar de atendimento médico. �Depois de seguir pressionando, o Chile igualou aos 31, com Alexis Sánchez, num erro de saída de bola de Marcelo e Hulk. Vargas aproveitou o vacilo do atacante e acionou o atacante do Barcelona, que chutou cruzado, rasteiro, superando Júlio César. �Era a hora da equipe amarela responder. O Brasil finalmente saiu de seu campo defensivo e, aos 35, quase marcou, em jogada de Daniel Alves e cabeçada de Neymar, desviada pela zaga para fora. Na batida do escanteio, o goleiro Bravo se atrapalhou e quase entregou um gol ao Brasil. �Se alguém temia a reação dos brasileiros ao empate, essa preocupação se dissipou logo em seguida: ao invés de se abater, a equipe partiu para cima. Neymar recebeu lançamento longo na área aos 39 e não conseguiu finalizar, na sobra, Fred mandou por cima. O Chile ficou com mais um pendurado em campo quando Silva recebeu o cartão amarelo por mais uma falta dura.

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Aos 41, Daniel Alves testou o goleiro Bravo soltando uma bomba da intermediária. O arqueiro, seu futuro colega de Barcelona, espalmou por cima do travessão. Numa blitz do Brasil nos minutos finais da primeira etapa, Fred e Hulk também tiveram chances, mas Bravo apareceu bem. Aos 44, Neymar fez grande jogada pela direita e cruzou, mas Fred trombou com a zaga e não conseguiu cabecear. Depois de um primeiro tempo muito brigado e equilibrado, o Brasil voltava ao vestiário sabendo que teria de melhorar, principalmente no setor de criação, para superar o duríssimo adversário. A equipe voltou sem alterações para o segundo tempo (com exceção das chuteiras de Neymar, que trocou o modelo dourado que estreou na partida por um par laranja). A primeira oportunidade brasileira veio num chute de Fernandinho, da entrada da área, para fora. Os chilenos seguiam mostrando um futebol extremamente competitivo, com boa organização no campo e trocas de passes envolventes. Aos 9, o Brasil comemorou um gol de Hulk, mas Howard Webb anulou o lance: o brasileiro ajeitou o lançamento com o braço antes de marcar. O técnico Jorge Sampaoli colocou o meia Gutierrez no lugar de Vargas. Os torcedores mineiros, que passaram boa parte do primeiro tempo tentando empurrar o time, sentiam o momento difícil e cantavam sem muita empolgação. Aos 15, Luiz Gustavo parou Vidal com violência e levou o amarelo – ele era um dos quatro brasileiros suspensos. Felipão decidiu trocar Fred, revelado pelo Cruzeiro, por Jô, do Atlético-MG.

Drama – O Chile pressionava a saída de bola brasileira e forçava os erros dos zagueiros, laterais e volantes de Felipão. Enquanto isso, os meias e atacantes ficavam isolados e sem participar da partida. Aos 19, Júlio César fez uma defesa extraordinária num chute de Aránguiz, à queima-roupa. Depois de passar metade do segundo tempo quase sem incomodar o goleiro Bravo, o Brasil mexeu de novo, colocando Ramires no lugar de Fernandinho. Desorganizado em campo, o time de Felipão distribuía balões e muitos passes errados. Aos 28, Hulk criou uma rara jogada de perigo para o Brasil, mas Jô não alcançou o cruzamento. O camisa 7 era o integrante do setor ofensivo que mais participava do jogo: aos 31, ele tentou de novo, batendo firme, mas para longe. Aos 35, Neymar, que estava sumido, quase decidiu de novo, subindo bem de cabeça, mas Bravo agarrou. Aos 38, na melhor chance do Brasil na segunda etapa, Hulk controlou bem a bola e bateu firme, na entrada da área, fazendo Bravo se esticar para afastar. O Chile parecia querer levar o duelo para a prorrogação. Para alívio brasileiro, Vidal, extenuado, deu lugar a Pinilla. Com a seleção brasileira hesitante e sem confiança, os chilenos ainda deflagraram uma pressão derradeira, transformando os minutos finais da partida num pesadelo para o torcedor. O apito final de Howard Webb, longe de ser lamentado pelos brasileiros, deu tempo para a seleção tentar recolocar a cabeça no lugar antes da prorrogação.

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Antes do início do tempo adicional, Júlio César apontou para o setor onde estavam concentrados os chilenos – que gritavam alto, apesar de em pequeno número -, e cobrou o apoio da torcida, que respondeu cantando o hino nacional. O apoio vindo das arquibancadas se intensificou, mas o futebol do time de Felipão não melhorou: o jogo era feio, catimbado e com raras jogadas bem executadas. Na raça, o Brasil começou a encurralar o oponente, contando principalmente com a força e a vontade de Hulk – a melhor chance da prorrogação foi criada por ele, aos 13 minutos, num chute potente da entrada da área. Bravo espalmou. No minuto derradeiro da primeira metade do tempo extra, Sanchez fez a única tentativa chilena, cobrando falta para fora. Willian voltou para os 15 minutos finais, substituindo Oscar. No primeiro minuto, Neymar bateu escanteio e Jô desviou de cabeça por cima do gol. Medel, que assim como Vidal também jogou no sacrifício, saiu de maca para a entrada de Rojas. A catimba chilena sinalizava um interesse crescente por levar a disputa para os pênaltis. O Brasil martelava, buscava o gol salvador, mas sempre com mais garra do que qualidade. Sem consguir criar, a seleção tentava os chutes longos, com Daniel Alves e Hulk, mas sempre pelo alto. Na única tentativa chilena, Pinilla soltou o tiro da meia-lua e carimbou o travessão. Ramires ainda tentou, batendo rasteiro, mas pelo lado esquerdo do gol defendido por Bravo. A decisão seria nos pênaltis, com todos os olhares voltados para Júlio César e sua chance de se redimir dos erros que provocaram a queda do Brasil na Copa passada. O desfecho, para o camisa 12, não poderia ter sido mais perfeito.

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