Anderson volta ao UFC renovado – e mais humilde, garante
Coletiva de imprensa realizada no Rio de Janeiro marca o retorno do brasileiro, dez meses depois de fraturar a perna. Dia 31 de janeiro, ele enfrenta Nick Diaz
Os últimos dez meses foram os piores da vida de Anderson Silva, segundo o próprio lutador. Além de se recuperar da fratura na perna esquerda que quase o aposentou do UFC, o brasileiro também passou por um período de avaliação interior. Agora, na confirmação de seu retorno ao octógono, Spider diz que está renovado e quer olhar só para frente – onde se vê, de imediato, a luta contra o americano Nick Diaz no UFC 183, no dia 31 de janeiro, em Las Vegas. “Depois da lesão, aprendi a dar valor a pequenas coisas, que tinha abandonado. Isso me mudou bastante, estou mais maduro e humilde. Sei que perdi muita coisa por conta da minha personalidade. O mais importante na vida é tentar ser melhor a cada dia, e eu tinha me distanciado disso. Estou buscando de novo”, disse, em coletiva de imprensa realizada nesta terça-feira no Rio de Janeiro.
Brincalhão e bastante sorridente, Anderson disse que não gosta de lembrar dos momentos logo após a luta contra Chris Weidman, em dezembro do ano passado, a não ser quando chegou em casa e encontrou toda a família à sua espera. “Meus filhos estavam na porta e o mais novo falou: ‘Papai, está tudo bem, a gente te ama’. Isso foi o mais marcante”, contou, avaliando a pressão que vinha impondo antes de se ver obrigado a parar. “Nas minhas duas últimas lutas, eu estava muito pressionado, o que me fez perder o foco. Não me sentia mais feliz lutando, perdi a vontade de fazer o que sempre fiz por amor. Esse start foi bom para me fazer voltar um pouco e repensar algumas coisas.” Agora, quando subir novamente no octógono, ele quer ouvir um hino que se tornou comum na torcida brasileira: “Podem gritar que o campeão voltou”.
Spider, que há exatos oito anos conquistava o cinturão dos médios, disse que ainda não almeja o título, mas garantiu que pretende se preparar para tentar retomá-lo no futuro. “Temos muitos atletas no nosso time que vêm treinando duro, como o (Ronaldo) Jacaré. Tenho que respeitar e me credenciar novamente para tentar. Nada mais justo do que eu, que já passei por isso, dar oportunidade a outros”, declarou o brasileiro, que evita falar em novo confronto contra Weidman. “Isso está parecendo ‘Vale a pena ver de novo’. Nunca fui de escolher adversário, aprendi isso na minha academia. Luta é luta.” Contra o adversário já certo, Nick Diaz, ele espera um confronto bom, já que os dois partem de condições semelhantes, depois de uma breve pausa: “Ele é especialista em jiu jitsu e tem uma boa trocação. Vou treinar para fazer uma luta bonita, e espero a vitória”.
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A perna machucada ainda preocupa. Não por condições físicas, mas sim pela confiança do brasileiro no chute – que sempre foi um grande diferencial. “Perdi a força, o que é normal, mas estou treinando muito e, a cada dia, conseguindo voltar à minha origem. Acredito que no dia da luta vou estar 100%”, projetou, em uma declaração amparada por toda a equipe presente na coletiva de imprensa. “Ele teve uma recuperação muito mais rápida do que esperávamos. A fratura se consolidou muito rápido. O reforço muscular é mais lento, e ele ainda precisa vencer o bloqueio mental, o medo, e isso só acontece com treinamento”, afirmou Márcio Tannure, médico e diretor da Confederação Atlética Brasileira de MMA. Até dezembro, de acordo com os treinadores, Anderson ficará voltado à preparação física. Só então, deve começar os treinos específicos para a luta. “Ninguém vai perdoar essa perna dele”, completou Rogério Camões, preparador físico e líder da equipe X-Gym.