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A dura vida de ser filho de craque do futebol

Conviver com comparações e pressões externas muitas vezes atrapalham o futuro dos descendentes de pais multi-campeões

Ser filho de jogador não garante uma carreira de sucesso. Pelo contrário, a fama do pai muitas vezes pode interferir no desempenho do filho. Pelo menos por enquanto, isso não acontece com Adrianinho, de 11 anos, que já faz seus primeiros gols com a camisa 10 do Barcelona do Rio – ele lembra muito, pelo toque de bola, o pai, Adriano Imperador. E mostra aos poucos que se acostuma com o assédio, apesar de muito novo, e certa desenvoltura ao dar entrevistas. Aliás, Adrianinho fica até à vontade ao se defrontar com microfones – como mostra o video, postado pelo orgulhoso pai, avesso a entrevistas, em seu perfil no Instagram.

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Mas é preciso ter calma e preparar os jovens para a pressão que vão receber, proporcional ao tamanho do sucesso do pai em questão. Na Europa, quatro filhos de Zidane tentam sucesso em campo e iniciaram nas bases do Real Madrid. Enzo, mais velho, jogará a atual temporada como atacante no Alavés. Luca (goleiro), Theo (meia) e Élyaz (meia) ainda estão na base.

Nem ser filho de Pelé facilita. Edinho até teve certo sucesso na carreira como goleiro do Santos, jogou futebol profissional por nove anos, até se aposentar. Recentemente, após ser preso por lavagem de dinheiro do tráfico de drogas, começou sua carreira como técnico, que constantemente é interrompida por problemas com a Justiça. O outro filho de Pelé, Joshua, treinou até pouco tempo atrás nos times de base do Santos, mas não deu sequência na carreira.

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Quase sempre a pressão atrapalha esses jovens, que acabam tomando outros rumos ou jogando em times pequenos.  “Sempre houve  muita comparação, e acho que isso atrapalhou. O São Paulo foi o clube onde mais sofri, mas superei”, afirmou Ronaldo Rosan de Jesus, filho de Ronaldão, tetracampeão mundial com a seleção brasileira. “Nunca vou deixar de ser filho dele, e sabia que em campo as comparações iriam parar. Com o tempo veriam que ele foi o Ronaldão e eu era o Ronaldo”. Experiência parecida viveu Rivaldinho, filho do melhor do mundo em 1999, Rivaldo. “Quando era criança, todo mundo queria me comparar a meu pai e colocar pressão. Meu pai ganhou a Bola de Ouro e foi um dos maiores na história. Não tenho 1% de sua classe. Disseram que eu jogava porque era filho dele, mas ele me convenceu de que jogo pelo meu mérito”, afirmou Rivaldinho ao site Fanatik, da Romênia, um dia antes de marcar um golaço na estreia do clube nas fases Eliminatórias da Liga Europa.

São raros os casos de sucesso, mas eles existem. PLACAR fez uma lista de alguns filhos de jogadores que tentam e tentaram a mesma carreira dos pais.

Adrianinho – Filho de Adriano

Adriano Carvalho Ribeiro tem 11 anos e vem treinando em uma escolinha do Barcelona no Rio de Janeiro. Chamou atenção de treinadores por também ser canhoto e ter características muito semelhantes às do pai.

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Meu filho amo

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Gabriel – Filho de Wladimir

Ao contrário do pai, Wladimir, que jogava pela esquerda, Gabriel tornou-se lateral-direito, e iniciou a carreira no São Paulo. Jogou por Fluminense, Cruzeiro, Grêmio, Internacional, Málaga e Panathinaikos. Teve uma carreira vitoriosa e até realizou um jogo pela seleção brasileira, na despedida de Romário, no Pacaembu, em 2005. Joga desde 2015  no Fort Lauderdale Strikers, numa liga menor dos EUA.

Gabriel
Gabriel começou a carreira no São Paulo Renato Pizzutto/Placar

Gustavo Vieira – Filho de Sócrates

Filho de Sócrates e sobrinho de Raí, Gustavo Vieira de Oliveira trocou os gramados para trabalhar nos bastidores do futebol. Tentou espaço nas categorias de base de Botafogo de Ribeirão Preto, Portuguesa e São Paulo, mas ficou fora dos holofotes. Formado em direito, ajudou o São Paulo em contratos com jogadores de 2006 a 2013, quando virou gerente e depois diretor executivo de futebol no clube. Deixou o clube em 2016.

Mattheus – Filho de Bebeto

Quem não se lembra da comemoração de Bebeto, como se embalasse uma criança no colo, durante a conquista da Copa do Mundo de 1994? Aquela criança, às vésperas de nascer, tem 23 anos, é Mattheus Oliveira, naturalizado português e joga como meia e atacante. Após passar pelas categorias de base do Flamengo, em que o pai foi ídolo, teve chance nos profissionais entre 2012 e 2016. Saiu sem marcar gols e foi emprestado ao Estoril na temporada 2015/2016. Foi bem na Europa e, com passagem nas seleções de base do Brasil, foi contratado pelo Sporting por cerca de 2 milhões de euros nesta temporada.

Ricardinho Rocha – Filho de Ricardo Rocha

Ricardo Roberto Barreto da Rocha Filho, como o pai, jogava de zagueiro. Iniciou sua carreira no Náutico, do Recife, cidade natal da família. Passou por Rio Claro, Red Bull Brasil, CFZ Rio e Juventude, quando teve sua primeira oportunidade na Europa, no Valletta, de Malta. Jogou até em fases classificatórias da Liga dos Campeões. Em 2014, foi apresentado pelo time do Fluminense de futebol society, encerrando carreira profissional nos gramados. Hoje é correspondente jurídico no Recife.

https://www.instagram.com/p/5k7ZnClwPH/?taken-by=ricardobass_

Rivaldinho – Filho de Rivaldo

Rivaldo Vítor Borba Ferreira Júnior, o Rivaldinho, começou a carreira do lado do pai, realizando o sonho de Rivaldo. Em 2014 e 2015 jogaram juntos no Mogi Mirim, clube gerido pelo pai. Em seguida, jogou por Boavista, XV de Piracicaba e time B do Internacional, até ser emprestado ao Paysandu, para jogar a série B de 2016. Em 7 de fevereiro de 2017, acertou sua transferência para o Dínamo Bucareste, com contrato de três anos e meio. Já marcou quatro gols pelo clube. Aos 22 anos, vive a experiência europeia sem nunca ter jogado uma partida por um clube grande no Brasil.

Romarinho – Filho de Romário

Aos 23 anos, Romário de Souza Faria Júnior, o Romarinho, já tem cinco clubes no currículo, sem conseguir se firmar em nenhum. Com 1,76 metro, pouco mais alto que o pai, começou nas categorias de base do Vasco, inclusive disputando a Copa São Paulo, mas se profissionalizou no Brasiliense. Jogou em 2013 e 2014 no clube da capital e marcou um gol na decisão do título brasiliense de 2013. Foram 26 jogos e 2 gols na equipe. Retornou ao Vasco em 2015, participando da pré-temporada do clube, mas foi negociado em novembro com o Zweigen Kanazawa, da segunda divisão japonesa. Ficou no oriente até 2017, quando retornou ao Brasil. Jogou o Campeonato Carioca no Macaé e disputa a série C do Campeonato Brasileiro pelo Tupi. Romarinho não marca gols oficiais desde 2013.

Ronald – Filho de Ronaldo

Não mostrou interesse algum em ser jogador futebol, preferindo pilotar as picapes em baladas pelo mundo. Recentemente, no entanto, foi convocado para representar a seleção brasileira nas Macabíadas, por treinar futebol society com sua mãe na Hebraica, de São Paulo. O Brasil ficou na sexta colocação e, ao contrário do pai, Ronald não marcou gols.

Ronaldo – Filho de Ronaldão

Assim como o pai, Ronaldo Rosan de Jesus tentou a carreira de zagueiro no futebol profissional. Jogou nas bases de São Paulo, Ponte Preta e Valencia, da Espanha. Em 2012, foi bem na base do Guaratinguetá, se profissionalizou e chegou a trocar a defesa pelo ataque, por sua facilidade de marcar gols. Voltou a ser zagueiro e passou por Ituano e Rio Preto entre 2013 e 2014. Desde 2016 atua no futebol universitário dos EUA, pela Lincoln Memorial University, no Estado do Tennessee

Thiago e Junior Coimbra – Filhos de Zico

Dois dos três filhos de Zico tentaram repetir a carreira do pai, nos gramados. Junior, mais velho, foi o primeiro a tentar. Com o mesmo nome do pai e torcedor do Guarani de Campinas, o meia jogou um tempo na base do time. Passou por Fluminense, CFZ (clube do pai) e futebol dos EUA e Japão, mas não vingou. Thiago, mais novo, iniciou a carreira no CFZ e chegou a passar por Coritiba e Flamengo. Além de uma passagem pelo futebol português, ainda defendeu diversos times menores do futebol brasileiro. Em 2017 jogou a série D e disputa a Copa Rio no Boavista. Foi campeão da Copa do Brasil com o Flamengo em 2006.

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In diretta da Roma!

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Thiago e Rafinha Alcántara – Filhos de Mazinho

Esses são dois casos de filhos de jogadores que deram muito certo. Ambos começaram na base do Barcelona e foram ganhando espaço no time e nas respectivas seleções que resolveram defender. Mais velho, Thiago jogou no time principal do Barcelona entre 2009 e 2013, até se transferir para o Bayern de Munique, junto com o treinador Pep Guardiola. Conquistou muitos títulos e ainda é constantemente convocado a defender a seleção espanhola. Rafinha, mais novo, é jogador do time principal do Barcelona desde 2011. Esteve no Celta de Vigo na temporada de 2013/2014, mas voltou a jogar no time principal do Barcelona, clube que defende até hoje. Também chegou à seleção, mas a brasileira. Jogou nas seleções de base da Espanha, mas como profissional, escolheu defender o Brasil, conquistando inclusive a medalha de ouro nos Jogos Olímpicos de 2016.

Thiago Alcântara na seleção da Espanha
Thiago Alcântara na seleção da Espanha Ian Walton/Getty Images/VEJA
O jogador Neymar retorna ao Barcelona
Rafinha Alcântara ao lado de Neymar no treino do Barcelona Reprodução/

Ugo Leonardo e Symon Casagrande – Filhos de Casagrande

Revelado na base do Palmeiras e centroavante como o pai, Ugo chegou a disputar a Copa São Paulo e até participar do time B do alviverde paulista, mas foi relacionado em um time profissional apenas em 2008, quando esteve emprestado ao Juventude, no sub-20 e foi aproveitado na disputa da série B do Campeonato Brasileiro. Estreou no profissional somente em 2010, na série A2 do Paulista, pelo Grêmio Osasco. Jogou ainda por Luverdense, Corinthians B, Botafogo de Ribeirão Preto, Mirassol e Caldense, onde jogaria o Campeonato Mineiro de 2015, mas se lesionou. Hoje disputa torneios amadores. Symon virou goleiro e, após passagem na base do Barueri, tornou-se reserva na Caldense em 2017.

https://www.instagram.com/p/BW5g-UDDxol/?taken-by=symoncasagrande

Wellington Feliciano – Filho de Cafu

Jogou como lateral-esquerdo na base do Milan, onde o pai brilhou, e no profissional, já como atacante, no Grêmio Osasco, em 2011. Uma grave lesão no joelho o deixou de fora dos gramados entre 2011 e 2014, quando voltou após tratamento no Atlético-PR, mas não defendeu o clube. Em 2016, foi contratado pelo Miami United, junto com Adriano Imperador. Desde então, joga com a camisa 23 do clube.

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