Coluna publicada no Guia PLACAR do Supermundial

A nossa chegada ao Japão para aquele Mundial já dava um pouco a dimensão do quão à vontade deveríamos ficar. A torcida esteve desde o começo do nosso lado. Lembro que ainda no hotel, uma jovem japonesa me trouxe uma camisa do Flamengo para autografar. Uma camisa do Flamengo! Do outro lado do mundo. Em 1981. Você não faz ideia o que é isso. Na minha cabeça, aquilo era impossível. O povo japonês é muito receptivo e adotou o nosso time contra o Liverpool. Sem falar nos torcedores que nos seguiram até o Japão, partindo de diversas partes do Brasil. No Estádio Nacional de Tóquio, não poderia ser diferente. Aquele Flamengo era praticamente perfeito e fez a partida ficar fácil no meio de uma gritaria, cornetas e, claro, bandeiras rubro-negras.
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Não deu outra. O “3 a 0 no Liverpool”, que virou até música da torcida, todo mundo já sabe. Mas o que pouca gente se dá conta é que a alegria com que entramos para aquele jogo foi fundamental para conseguir o título mundial. O time exalava confiança mesmo sabendo que iria encontrar do outro lado uma equipe preparada, com uma defesa boa, um meio-campo de estatura alta, com o Kenny Dalglish, meio-campo da seleção escocesa, jogando muita bola. Fomos tomando nossos cuidados, mas sabendo do nosso potencial. Não erámos os favoritos, mas a confiança em nós mesmos era enorme. Vínhamos jogando decisões de Carioca, de Libertadores e conhecíamos um pouco daquele Liverpool, tido como melhor time da década, bicampeão da Champions League (1977 e 1978, além de 1981).
O Flamengo tinha total posse de bola, entrosamento em todos os setores e os ingleses ficaram espantados com aquilo. “Botamos os ingleses na roda”, já que eles não estavam acostumados com aquela situação. A sorte deles é que o gramado era um pouco duro, seco, queimado pelo frio no fim do ano no Japão, por isso tinha aquele aspecto amarelado. A bola quicava muito. Se fosse em um gramado bom, com o nosso toque de bola, a pancada seria ainda maior.







