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Trégua da Fifa durou pouco: a batalha de 2014 já começou

Depois de pressionar pela entrega dos estádios da Copa das Confederações, a entidade vinha elogiando o país. Preocupação com os prazos do Itaquerão, porém, retoma queda-de-braço – desta vez, com ameaça de exclusão de sedes

A Fifa tenta mostrar aos brasileiros que mudanças na tabela, com a possível exclusão de cidades-sede que não concluírem suas obras a tempo, não são apenas uma bravata, mas sim uma possibilidade real

No fim de semana, o site de VEJA mostrou como a Fifa foi forçada a tolerar os atrasos e improvisos dos brasileiros nos preparativos para a Copa das Confederações deste ano. A entidade já avisava há muito tempo, no entanto, que o “jeitinho” não seria mais aceito na contagem regressiva para a Copa do Mundo, no ano que vem. Mesmo com essas advertências, a Fifa vinha elogiando os brasileiros pelo esforço concentrado que possibilitou que os seis estádios do torneio do mês que vem fossem aprontados a tempo – ainda que no limite máximo de prazos que já tinham sido esticados mais de uma vez. A última visita do secretário-geral da Fifa antes do evento, no entanto, tem sido marcada não pela aprovação dos estádios inspecionados, mas sim pelas palavras duras em relação às arenas que precisam ficar prontas para o ano que vem. Ou melhor, para este ano mesmo: Jérôme Valcke reitera que o mês de dezembro é o prazo máximo – sem adiamentos nem exceções – para que todos os palcos do Mundial estejam entregues. No Brasil, porém, essas cobranças ainda não são bem aceitas. As declarações do francês sobre a arena do Corinthians em Itaquera, na terça-feira, abriram um novo capítulo na disputa entre a entidade e o país-sede.

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Em visita ao estádio de Brasília – que, apesar de ser palco de abertura da Copa das Confederações, ainda não foi entregue -, Valcke surpreendeu ao girar suas baterias na direção do Itaquerão. O estádio paulista na Copa teria o mesmo prazo que todos os outros, mas o Corinthians já avisou que precisará de mais dois meses para concluir todos os trabalhos. O francês não gostou. “Eles vão ter de acelerar. Isso não é uma ameaça, mas nós podemos mudar tudo até 1º de agosto, quando deve começar a venda dos ingressos. Portanto, ainda temos uma possibilidade de mudar o que for necessário. Os estádios têm de ser entregues a tempo”, reforçou o cartola. “Nós já dissemos que não é possível aceitar atrasos. É preciso muito tempo para preparar e testar tudo para a Copa. É um evento de uma dimensão diferente da Copa das Confederações.” O Corinthians se irritou com as declarações do dirigente e se defendeu numa nota oficial que termina com uma provocação explícita a Valcke. “Se entendem que devem mudar o local de abertura da Copa, fiquem à vontade”, diz o texto, zombando da cobrança do secretário-geral. O clube segue adotando o discurso de que está fazendo um grande favor à Fifa, já que planejava seu estádio para 48.000 pessoas e a ampliação temporária para 65.000 lugares tem como único propósito servir à Fifa.

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Faltou dizer, é claro, que o estádio dificilmente teria sido viabilizado do ponto de vista financeiro caso não houvesse a necessidade de achar um lugar para sediar o Mundial em São Paulo. “O clube não aceita nenhuma pressão”, diz a nota oficial. “O objetivo do Corinthians sempre foi, neste caso, servir a cidade, o estado e o país.” Ainda de acordo com a agremiação, o próprio Valcke já havia concordado, no ano passado, com a extensão do prazo aos corintianos, já que a obra tinha começado muito depois de todas as outras arenas. Em entrevista publicada nesta quarta-feira pelo jornal Lance!, Valcke dá outra versão, dizendo que “o problema de São Paulo é recente”, e diz que pretende se reunir com representantes do clube para resolver o problema. “Foi apenas há alguns dias que São Paulo anunciou que não ficaria pronta em dezembro de 2013, mas sim em março de 2014. Pedi ao Ricardo Trade, do Comitê Organizador Local, e ao Ron Delmond, que é o chefe do escritório da Fifa no Brasil, uma reunião para a gente entender qual o problema e para que eles também entendam que queremos manter o prazo até dezembro”, afirmou o francês. Ele nega que suas cobranças públicas devam ser entendidas como ameaças: “Por ora não há discussão para mudar a abertura”.

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Apesar dessa declaração do secretário-geral, já ficou claro que a Fifa tenta mostrar aos brasileiros que mudanças na tabela, com a possível exclusão de cidades-sede que não concluírem suas obras a tempo, não são apenas uma bravata, mas sim uma possibilidade real. Dos seis estádios que ainda precisam ficar prontos para o Mundial, nenhum está em situação completamente confortável. Enquanto as seis arenas da Copa das Confederações estiverem recebendo as partidas do torneio, todos os outros palcos para 2014 estarão igualmente movimentados – mas com engenheiros e operários encarregados de concluir os trabalhos em apenas mais um semestre. O caso de São Paulo é o mais complicado não apenas pela complexidade da obra, de grandes dimensões e dificultada pela necessidade de adaptação com as arquibancadas temporárias. As confusões na engenharia financeira que deu origem ao empreendimento também foram um obstáculo ao Corinthians – que agora, finalmente, se diz confiante na liberação dos recursos necessários para a conclusão. Valcke iniciou sua visita ao país por Natal, onde se disse convicto de que o estádio local ficará pronto a tempo. Os casos de Cuiabá e principalmente Manaus são monitorados com apreensão pelos representantes da Fifa – que já temem novas quedas-de-braço com os brasileiros até dezembro.

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