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O retorno de um grande: Brasil reestreia bem no basquete

A vitória por 75 a 71 contra a Austrália marcou o retorno da seleção aos Jogos depois de ausência de dezesseis anos. Brasil sonha em avançar na competição

Além da experiência internacional de seus integrantes, a outra cartada decisiva para fazer a seleção evoluir foi a importação de know how – o Brasil reestreou na Olimpíada com técnico argentino e um reserva americano

Na última Olimpíada realizada em Londres, em 1948, o Brasil foi medalha de bronze no basquete masculino. Nas décadas seguintes, a seleção foi duas vezes campeã mundial (em 1959 e 1963) e conquistou mais dois bronzes olímpicos (Roma-1960 e Tóquio-1964). Apesar de tamanha tradição, a equipe brasileira que começou sua participação nos Jogos de 2012, neste domingo, derrotando a competente Austrália por 75 a 71, é uma novata no ambiente olímpico. Depois de dezesseis anos de ausência (a participação anterior, ainda com Oscar como líder, ocorreu em Atlanta-1996), o Brasil voltou a entrar em quadra nos Jogos com um time inteiro de estreantes em Olimpíadas. Até por isso, o começo foi difícil: sem o entrosamento ideal, já que o time foi montado há apenas algumas semanas, a seleção demorou a engrenar, fazendo um primeiro quarto instável. Quando finalmente entrou no jogo, porém, o Brasil demonstrou que está em Londres para reconquistar seu espaço na modalidade – conforme astros de outras seleções, como Pau Gasol, pivô da forte seleção espanhola, o país está na lista de candidatos a uma das duas medalhas ainda em jogo (o ouro, quase todos admitem, deve ficar com os favoritíssimos americanos).

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VEJA nas Olimpíadas: A beleza da racionalidade na arena de basquete de Londres

No longo período em que ficou longe da Olimpíada, o basquete brasileiro amargou uma profunda crise, mas se reinventou. Ganhou certo espaço na NBA, a melhor liga do planeta – e, hoje, tem três atletas em atividade nos EUA no seu quinteto titular. A experiência dos brasileiros da NBA foi fundamental nesta reestreia olímpica: Leandrinho, Nenê, Tiago Splitter e Anderson Varejão mostraram que o convívio prolongado com os melhores jogadores do planeta é essencial para formar uma seleção competitiva nos torneios internacionais. Nenê e Leandrinho, em especial, justificaram suas discutidíssimas convocações aos Jogos (eles não participaram do Pré-Olímpico, e cogitou-se mantê-los fora do time), mostrando que são capazes de elevar o patamar de qualidade do time (ainda que Leandrinho tenha cometido erros inesperados na reta final do jogo). Splitter e Varejão, raçudos e eficazes no garrafão, também tiveram papeis destacados. A divisão de pontos entre os pilares da equipe, aliás, é uma importante característica desta seleção, construída para não depender de apenas um ou dois craques, mas sim de um conjunto consistente. Leandrinho foi o cestinha brasileiro, com 16 pontos; Marcelinho Huertas anotou 15, Varejão conseguiu 12 e Nenê fez 10. Splitter, Varejão e Nenê obtiveram sete rebotes cada um.

Além da experiência internacional de seus integrantes, a outra cartada decisiva para fazer a seleção evoluir foi a importação de know how – o Brasil reestreou na Olimpíada com técnico argentino (o campeão olímpico Rubén Magnano, comandante do último time a tirar o ouro dos EUA nos Jogos) e com um armador americano (Larry Taylor, que joga no país há anos mas só recentemente concluiu sua naturalização para poder ser convocado). Magnano mostrou sua capacidade principalmente no rodízio do quinteto que estava em quadra. A equipe não teve grandes quedas de rendimento no decorrer do jogo – depois de perder o período inicial (19 a 20), encerrou a primeira metade do jogo com a vantagem no placar (36 a 35), abriu boa vantagem no início do terceiro período e manteve-se à frente no placar até o quarto derradeiro – quando ainda levou um sufoco, mas teve tranquilidade suficiente para segurar a vitória. Com um grupo tão qualificado, o Brasil não se limitou a cavar um lugar nos Jogos para ser coadjuvante. A equipe sabe que não pode se iludir – o torneio olímpico é extremamente equilibrado, e um cruzamento precoce com os EUA na fase eliminatória pode enterrar qualquer esperança. Mas a volta à Olimpíada foi, pelo menos neste domingo, digna da história do país na modalidade.

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