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Cuca: o técnico pé-frio agora é o campeão da Libertadores

Ele tinha a fama de azarado e descontrolado, mas soube lidar com a pressão dentro e fora de campo – e conseguiu conquistar o seu primeiro grande título

Curiosamente, o auge da carreira de Cuca antes da campanha vitoriosa deste ano aconteceu num time que brigava para não cair – o Fluminense de 2009. E foi pela reputação de salvador da pátria que ele chegou ao Atlético, em 2011

De azarado a campeão. Cuca há muito tempo carrega a fama de conseguir montar grandes times, mas sempre acabar como derrotado. Pé-frio? Apesar de dizer que acredita em sorte (mas só para quem trabalha duro), o técnico fazia cara de poucos amigos e desconversava quando era questionado sobre essa reputação negativa. Com a histórica vitória desta quarta-feira, no Mineirão, Cuca transformou-se no 13º técnico brasileiro a se consagrar como campeão da Libertadores – e o título, inédito também para o Atlético-MG, é a primeira grande conquista de sua carreira. Apostando no talento de Ronaldinho Gaúcho, Diego Tardelli, Bernard e Jô, a equipe de Cuca fez uma primeira fase arrasadora, garantindo a primeira colocação do Grupo 3, o mesmo do São Paulo, com duas rodadas de antecipação. Apontado como um dos favoritos ao título desde o começo da competição, Cuca calou os críticos que ainda o enxergavam como um “cavalo paraguaio”, aquele que sempre parece que vai vencer mas invariavelmente fica pelo caminho. A indesejável fama cresceu no Campeonato Brasileiro do ano passado, onde o Atlético de Cuca fez um excelente primeiro turno, mas caiu de produção e foi superado pelo Fluminense. Nesta Libertadores, porém, o técnico conduziu seu grupo sem hesitação, dando sinais de que era um time campeão em todas as etapas do torneio.

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Cuca é o apelido futebolístico de Alexi Stival, de 50 anos, natural de Curitiba e ex-atleta de equipes como Juventude, Grêmio, Valladolid, Internacional, Palmeiras e Remo. Era um meio-campista habilidoso e chegou a disputar uma partida pela seleção brasileira, em 1991. No currículo de treinador de Cuca há nada menos que vinte equipes, mas apenas quatro títulos conquistados antes desta quarta-feira: um Campeonato Carioca, em 2009, pelo Flamengo, e três Campeonatos Mineiros, em 2011 pelo Cruzeiro e 2012 e 2013 pelo Atlético. Em sua primeira chance em um grande clube, no São Paulo, em 2004, o técnico que tinha se destacado pelo Goiás, trouxe Danilo, Grafite e Fabão e esboçou a base do time que seria campeão da Libertadores e do Mundial, com Paulo Autuori, no ano seguinte. Com o Cruzeiro, em 2010, fez uma primeira fase impecável na Libertadores, mas acabou caindo diante do Once Caldas, da Colômbia, nas oitavas. A eliminação foi marcada por um episódio constrangedor: uma cotovelada de Cuca no atacante Rentería, nos minutos finais. A cena reforçou a imagem de técnico intempestivo, que se deixava levar pelas emoções. No ano seguinte, Cuca ainda amargou mais uma derrota doída ao ser eliminado pelo Goiás, na Copa Sul-Americana.

Fé e família – Curiosamente, o auge da carreira de Cuca antes da campanha vitoriosa deste ano aconteceu num time que brigava para não cair. Em 2009, o treinador assumiu o Fluminense afundado na zona do rebaixamento, sem moral e com enorme risco de cair para a segunda divisão. Conseguiu unir o grupo, motivar os atletas e dar a volta por cima. Além de escapar da queda, Cuca ainda chegou ao vice-campeonato da Sul-Americana com o Flu. Além de azarado, passou a ter a fama de salvador da pátria. E foi justamente por isso que ele chegou ao Atlético, em 2011. Cuca não apenas livrou o time da zona do rebaixamento no Brasileirão como também ganhou o respaldo da diretoria para seguir no clube. O resultado da aposta veio na noite desta quarta. A fase mais explosiva do técnico – que deu um soco na mesa ao ser entrevistado após uma derrota do Cruzeiro para o Corinthians graças a um pênalti polêmico – também parece ter ficado no passado. Agarrado à fé, Cuca não larga dos terços e santinhos durante os jogos importantes, quando também costuma vestir uma camiseta com a imagem de Nossa Senhora. Sempre acompanhado do irmão e auxiliar Avlamir Stival, mais conhecido como Cuquinha, que esteve com ele em dezenove equipes diferentes, o técnico campeão da América agora quer prolongar a boa campanha em Minas Gerais e conquistar uma fama diferente: a de vencedor de grandes títulos.

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