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Arena do Grêmio: novo caldeirão ferve já na primeira noite

Festa, fanatismo, falhas e briga marcam abertura do estádio em Porto Alegre

Se a experiência do torcedor até chegar ao seu assento não foi a que se prometia quando o Grêmio trocou o velho Olímpico pela nova casa, na hora de vibrar com o time a diferença foi muito sentida – a arena foi aprovada com louvor no quesito emoção

O torcedor do Grêmio tem a fama de ser um dos mais passionais e fanáticos entre todos os seguidores dos grandes clubes do país – e essa reputação foi confirmada já na primeira noite da nova arena do clube, neste sábado, em Porto Alegre. Uma multidão de pouco menos de 60.000 pessoas (havia setores com algumas fileiras de cadeiras vazias, impedindo que a festa tivesse lotação máxima) fez a peregrinação à nova casa gremista. Enfrentou dificuldades no acesso ao local, já que as obras viárias nos arredores, no bairro Humaitá, na Zona Norte da capital gaúcha, ainda estão incompletas. Encarou também problemas no próprio estádio, que viveu seu primeiro teste e, portanto, ainda tem muitas falhas a consertar. Ainda assim, deu uma grande demonstração de paixão por seu clube, vibrando e torcendo até mesmo durante o espetáculo de cerca de uma hora que antecedeu o amistoso entre Grêmio e Hamburgo, da Alemanha. A partida inaugural terminou com vitória gremista – 2 a 1, assim como na final do Mundial de Clubes de 1983, a maior conquista da galeria de títulos da equipe (e lembrança que motivou o convite à equipe alemã para a festa deste sábado).

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O primeiro gol da história da Arena do Grêmio foi marcado por André Lima, de cabeça, depois de cruzamento de Elano, logo aos 9 minutos do primeiro tempo. O Hamburgo empatou no segundo tempo, com Westermann, mas Marcelo Moreno garantiu a primeira vitória gremista em seu novo estádio marcando de perna esquerda a apenas três minutos do fim. Foi o desfecho de uma noite marcante para o clube, que projeta um futuro de sucesso na arena – afinal, acredita-se que ela será capaz de aumentar as receitas da agremiação e empurrar ainda mais o time em campo, até pela arquitetura do estádio, que coloca o torcedor mais perto da partida e aumenta a pressão sobre o oponente. A bela estrutura da cobertura, que se estende sobre todos os assentos da arena, parece ter a capacidade de amplificar ainda mais o forte ruído provocado pelos gremistas, transformando o estádio numa espécie de panela de pressão. As primeiras amostras disso foram sentidas já na cerimônia de inauguração, com fogos, luzes e coreografias para festejar a nova casa.

Logo no início, a torcida cantou o hino do clube com enorme empolgação. O público também se animou com apresentações da trupe Blue Man Group, de artistas que dançaram ao som de músicas regionais e de acrobatas que escorregaram por grandes faixas azuis penduradas na cobertura. Ídolos do passado, com Danrlei, Carlos Miguel e Jardel, foram ao gramado para receber os aplausos dos torcedores. Por fim, os dirigentes responsáveis pelo projeto da arena subiram numa plataforma montada no centro do campo, fizeram discursos emocionados – em especial o presidente Paulo Odone, derrotado recentemente em sua tentativa de reeleição – e cortaram uma faixa simbólica para marcar oficialmente a inauguração. A euforia com a estreia do novo palco foi tão grande que muitos torcedores levaram na esportiva alguns apertos que poucos esperavam numa arena tão moderna. Os banheiros, por exemplo, foram insuficientes e falhos – vários trechos de corredores internos ficaram cobertos por uma lama formada da água que vazava dos encanamentos e da terra que restava da construção.

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Os acessos também não foram tão fáceis e confortáveis como o previsto – e o mesmo pode ser dito dos serviços oferecidos aos visitantes, ainda incompletos. Ficou claro que os responsáveis pela obra precisavam de mais algum tempo – poucas semanas talvez fossem o bastante – para fazer os últimos ajustes na parte interna e limpar todo o entulho deixado pela construção. Em sua maioria, porém, as falhas eram de acabamento, decorrentes do desejo gremista de se antecipar aos rivais e ser o primeiro clube a abrir uma arena multiuso de padrão europeu no país. Se a experiência do torcedor até chegar ao seu assento não foi a que se prometia quando o Grêmio trocou o velho Estádio Olímpico pela nova casa, na hora de vibrar com o time a diferença foi muito sentida. Com excepcional visão do campo em todos os setores, maior proximidade do gramado e uma atmosfera vibrante, o estádio foi aprovado com louvor no quesito que mais importava para o gremista, o da emoção sentida durante o jogo. A má notícia veio no fim do primeiro tempo, com um fato que pode acabar roubando muito da personalidade da nova arena.

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O setor sem cadeiras atrás de um dos gols, reservado aos fanáticos que praticam a “avalanche” sempre que o Grêmio marca, foi palco de uma briga generalizada entre integrantes de diferentes facções organizadas que tiveram de dividir o novo espaço. Alvo de uma tentativa de proibição a poucos dias da inauguração – polícia e bombeiros queriam a instalação de cadeiras, o que impediria que o costume surgido no Olímpico fosse mantido no estádio novo -, a geral gremista começou a noite coberta de dezenas de faixas e bandeiras e lotação completa. Depois da pancadaria, o setor iniciou o segundo tempo esvaziado e sem os adereços, que foram retirados pelos policiais. Os ocupantes dos outros setores vaiaram muito a confusão. É possível que a briga reacenda a tentativa de alterar desde já o setor sem assentos – o que certamente tiraria boa parte da graça de ver o Grêmio jogando em seu novo lar. Se conseguir convencer o comando da polícia e dos bombeiros a manter a geral como está, o Grêmio também terá de descobrir como fazer essa parte da torcida se comportar – afinal, confusão e insegurança não têm lugar nas arenas de última geração que inspiraram a empreitada gremista.

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