PLACAR lança o guia da Champions League 2025/26; garanta o seu

No começo da edição, há um tabelão com todos os jogos da competição para ser preenchido, além de um página de almanaque, com recordes e marcas importantes da competição.

No fim, PLACAR apresenta também a Liga Europa e a Conference League, com os grupos de cada uma das competições.

Confira a carta ao leitor da edição 1527:

A BOLA SEMPRE NO 10

La pelota siempre al diez. A expressão popularizada na Argentina de Maradona, Riquelme, Messi e companhia resume bem a estratégia mais antiga e efetiva do futebol: levar a redonda ao craque para que ele possa resolver. Desde que um tal Edson Arantes do Nascimento se transformou em Rei Pelé, aos 17 anos, envergando por acaso a camisa 10 do Brasil campeão do mundo na Suécia em 1958, o número adquiriu um novo significado. É uma honraria que deveria ser concedida apenas ao jogador distinto, aquele capaz de enxergar o que ninguém mais viu e decidir as partidas com passes ou gols que desmontam defesas.

Como se sabe – e foi debatido por PLACAR em diversas reportagens nos últimos anos – o papel do clássico maestro teve de se adaptar à fisicalidade cada vez maior do jogo, e talvez o Brasil seja a potência da modalidade que mais tem sofrido nesse aspecto. A temporada 2025/26 da Liga dos Campeões, no entanto, tende a nos brindar com uma nova geração de atletas extraclasse. De bate-pronto, o nome mais empolgante é o de Lamine Yamal, o prodígio espanhol de 18 anos que já se exibiu pela Espanha na conquista da Eurocopa de 2024 e por pouco não conduziu com o brasileiro Raphinha o Barça à última final. Canhoto, habilidoso e goleador, Yamal trocou nesta temporada a camisa 19 pela 10 e não se intimidou com a condição de herdeiro natural de Messi no Camp Nou.

“Lamine é um ET. Não digo que seja como Messi, mas é quem mais se parece com ele nessa idade, é uma loucura”, definiu Ander Herrera, veterano meia espanhol, atualmente no Boca Juniors, em recente entrevista exclusiva disponível na PLACAR
TV. “O camisa 10 desapareceu um pouco porque cada vez mais os jogadores são atletas. O camisa 10 que flutua-va pelo meio-campo não tem mais espaço, ele pega a bola e a marcação já chega. É preciso pensar muito rápido e ser quase perfeito para jogar aí”, complementou Herrera, que apostou em Neymar, amigo dos tempos de PSG, como o 10 mais clássico em atividade.

Outros jovens cheios de talento e ousadia assumiram o número dos craques nesta temporada. O meia-atacante francês Rayan Cherki, vindo do Lyon, é a nova aposta do Manchester City, enquanto o inglês Eberechi Eze, ex-Crystal Palace, foi disputado a tapa no mercado até assumir a 10 do Arsenal. Herói do vizinho Chelsea no Mundial de Clubes, Cole Palmer também recebeu a numeração mais nobre. Uma coincidência une os quatro citados. São jogadores nascidos na Europa, mas com ascendência em outros continentes: Yamal (Marrocos e Guiné Equatorial), Cherki (Argélia), Eze (Nigéria) e Palmer (São Cristóvão e Névis). É mistura que dá samba no velho continente.

Esta edição também marca a mudança de ares de dois autênticos maestros. O belga Kevin de Bruyne, um 10que eternizou a 17 no City, agora enverga outro azul-celeste, o do campeão italiano Napoli – e só não assumiu a numeração de Maradona porque ela está aposentada. Já o croata Luka Modric deixou o Real Madrid após 13 anos e 28 títulos conquistados, cedendo a 10 merengue a Kylian Mbappé, cada vez mais dono do time. Em respeito a Rafael Leão, que já era o dono do número no Milan, Modric ficou com a 14 rossonera, fazendo jus ao apelido de Johan Cruyff dos Bálcãs.

Há outros casos de potenciais 10 envergando outras camisas, como o alemão Florian Wirtz, novo 7 do Liverpool e jogador mais caro da janela, e, por que não, o brasileiro Estêvão, em busca de espaço com a 41 do Chelsea. Enquanto a seleção brasileira ainda procura novos herdeiros – e a última convocação de Carlo Ancelotti, sem Neymar e Rodrygo e com apenas Lucas Paquetá como um meia de origem, deixa isso claro –, resta-nos desfrutar dos novos e velhos craques na competição de clubes mais badalada do planeta. Aos brucutus, vale o lembrete: a bola sempre no 10.