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Quem é Pepa e como gosta de jogar o novo técnico do Cruzeiro

Profissional português de 42 anos é adepto de forte pressão após perda de posse e defende adaptação do modelo às características do elenco

Por Guilherme Azevedo |
Pepa é o novo treinador do Cruzeiro -

Pepa é o novo treinador do Cruzeiro -

O Cruzeiro anunciou o português Pedro Miguel Marques da Costa Filipe, mais conhecido como Pepa, como seu treinador para o restante da temporada, nesta segunda-feira, 20. Após a saída de Paulo Pezzolano com a eliminação do Campeonato Mineiro, o novo técnico chega a Belo Horizonte dois meses depois de deixar o Al Tai, da Arábia Saudita.

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Aos 42 anos, Pepa começou cedo sua carreira à beira do campo. Atacante com passagem pelo Benfica e futebol belga nos anos 90 e 2000, encerrou a carreira de jogador aos 26 anos, devido a muitos problemas físicos. Após experiências no futebol amador, recebeu chance em categorias de base portuguesas e ligas de acesso, até assumir o Moreirense, em 2016, pela primeira vez em um campeonato de elite.

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Mais maduro na profissão, assumiu o Paços de Ferreira em 2019, onde terminou a Liga Portuguesa da temporada 2020/21 na 5ª colocação, o que o levou para o Vitória de Guimarães. Na temporada 2021/22, ficou em 6º do campeonato nacional, sendo contratado para o saudita Al Tai, clube pelo qual não brilhou – terminou sua passagem com seis vitórias, um empate e nove derrotas.

Em entrevista ao podcast The Picht Invaders, do Footure, publicada em setembro de 2022, o português conversou sobre suas percepções do jogo. Adepto de um futebol intenso, o novo técnico do Cruzeiro afirma que é preciso se adaptar ao contexto do elenco ao invés de impor um estilo de jogo pouco flexível às características.

“Quando comecei minha carreira, tive um primeiro dilema. Porque nos acostumamos a ouvir ‘prefiro morrer com as minhas ideias’. E eu compreendo essa frase, mas prefiro viver do que morrer. Portanto, gosto muito das minhas ideias, vou defender, mas tenho que respeitar os jogadores, para tirar o melhor deles. Se não, vou limitar e não extrair todo o potencial, em determinado sistema, contexto e país. Tudo conta”, disse Pepa na entrevista ao portal brasileiro.

Perdeu, Reage!

Enquanto treinador do Vitória de Guimarães, um vídeo de Pepa instruindo seus jogadores durante um treino viralizou. No corte, o treinador orienta sobre a importância de tomar uma iniciativa logo após a perda da posse de bola.

No podcast, o português explicou o conceito “Perdeu, Reage. A magia vem depois”, que é um dos seus princípios de jogo. “Eu não quero colocar o sem bola à frente do com bola. Mas nós temos que perceber que o futebol está intenso, o metro quadrado está caro. E nós precisamos conseguir ter um espírito coletivo, unir todos com o mesmo objetivo, porque hoje em dia, grande parte dos gols são de bola parada e transição ofensiva. Então, quando nós estivermos fortes na reação à perda, estaremos mais próximos de voltar a ficar com a bola, voltar a atacar o adversário.”

Como gosta de defender?

Mais um português com evidência mundial e tratado como promessa, Pepa não escondeu seus conceitos. Questionado pela entrevista sobre a forma que defende, citou duas organizações e suas vantagens. Adepto de termos bastante específicos, com o acréscimo do “português de portugal”, o treinador explicou sobre o momento defensivo de suas equipes e a reportagem de PLACAR adaptou a linguagem.

“Eu gosto de defender de duas formas, depende das características. 4-3-3, com um volante atrás dos meio-campistas interiores, com os dois pontas e o centroavante na frente, o que permite os meias cobrirem o espaço de uma pressão mais alta do ponta, se ele for batido. A outra forma é com duas linhas de quatro, as de meio e defesa. Mas essa depende muito da capacidade física e da inteligência dos dois homens da frente, importantes para pressionar e atrapalhar a construção do adversário. São as duas organizações que me sinto mais confortável. Com linhas de quatro não ficamos tão fortes no centro, mas temos dois homens povoando e pressionando na frente.”

Como gosta de construir?

Sobre a construção, Pepa também foi enfático e detalhou suas ideias, adiantando que prefere armar o time sem o clássico camisa 10: “Para construir, uma linha de três quando estamos muito recuados não faz sentido. Podemos utilizar o goleiro e abaixar mais o volante. E também soltar mais os laterais, para abrir espaço no adversário, porque quanto mais largo fica nosso ataque, mais damos dificuldade ao adversário para fechar os corredores.”

“Quando estamos em uma fase de construção mais avançada, gosto muito de, ao invés de ter um 10 clássico, jogar com dois meias por dentro. Prefiro dessa forma, porque confunde mais o adversário, às vezes entrando até com os dois entre as linhas de meio e defesa, mas sempre impedindo que os dois voltem para buscar a bola, o que os deixaria no campo de visão dos marcadores. E ter uma estrutura móvel, quando o lateral, o ponta e o meia mesmo lado podem rodar, com esses triângulos ganhando vida própria”, contou.

Para isso, entende o primeiro volante como essencial para o modelo. O treinador cita a importância desse jogador ser uma opção de retorno de passe, para mudar o lado da jogada, mas também por “atacar defendendo”, cobrindo possíveis saídas muito “empolgadas” do triângulo móvel (lateral, meia e ponta), com a ajuda do lateral do lado oposto da jogada, que também centraliza.

Como gosta de concluir o ataque?

Para concluir sua explicação sobre as fases de seu jogo, Pepa chega à parte da entrada na área adversária, onde diz dar muita liberdade aos atletas. “Na hora de atacar a área adversária, a prioridade é o jogo por dentro sempre que possível, porque o gol está no meio. Mas quando não dá para entrar, porque as equipes se defendem muito bem no interior, há o jogo pelos lados, onde muitos gols saem de cruzamentos.”

“Uma das coisas que trabalho muito são as zonas da primeira trave, marca do pênalti, segunda trave e da entrada da área. Elas são fundamentais, mas quem as ocupa? Depende do desenrolar do jogo. Eu gosto sempre, por exemplo, do centroavante fazendo movimentos nas costas do zagueiro que estava mais longe da bola. Também gosto de ter os pontas chegando na marca do pênalti, porque fica mais difícil o lateral acompanhar, e um meia aparecer na segunda trave, local muito cego da marcação. E até o lateral do lado oposto da bola pode aparecer na ponta da área, para finalizar de frente. Mas o mais importante é ter as zonas predefinidas e atacar.”

Sobre as características dos pontas, Pepa ressalta no podcast que gosta de dar liberdade e encaixar os atletas de acordo com todo o contextos: “Não gosto de castrar ninguém, muito menos jogadores com asas para voar. Se contarmos as asas, não voam. Então, não posso obrigar um ponta a utilizar somente o jogo por dentro ou correr na linha lateral. Gosto de muita liberdade para eles. Que joguem por dentro, por fora, que ataquem espaço, que fiquem entre as linhas ou em uma zona morta.”

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