O que atletas e técnicos disseram sobre Operação Penalidade Máxima
Treinadores de Santos, Sport e Cruzeiro falaram sobre denúncias contra seus atletas no esquema de apostas investigado pelo MP-GO
A bola rolou normalmente na quinta rodada do Campeonato Brasileiro, mas os desdobramentos da Operação Penalidade Máxima foram assunto obrigatório nas entrevistas pós-jogo. As principais declaração vieram de colegas de atletas citados na investigação do Ministério Público de Goiás envolvendo manipulação de resultados e apostas esportivas.
O técnico Pepa, do Cruzeiro, disse que o afastamento do volante Richard, um dos citados, é um caso tratado pela diretoria. “ Não vou alongar, nem posso. A partir do momento que o clube emite um comunicado, está falado”.
Enderson Moreira, do Sport, por sua vez, justificou a presença em campo do lateral Igor Cariús, um dos réus da operação, em duelo válido pela Série B. “A gente não pode de maneira nenhuma se precipitar, já condenar. Que vai ter um julgamento, vai ter uma série de coisas. Ele tem sido muito positivo com a gente, sempre foi muito positivo nesse aspecto.”
Renato Gaúcho, do Grêmio, disse que escalou o meia Nathan depois de tê-lo ouvido e acreditado em sua inocência. O jogador foi citado em conversa entre apostadores, que diziam que lhe pagariam 70.000 reais para levar cartão em um jogo do Fluminense, seu ex-clube. Nathan acabou nem entrando em campo e não há registros de mensagens entre ele e os criminosos. “Conversamos bastante com o Nathan, eles nos falou a história que aconteceu, é inocente. Estava de cabeça tranquila”, disse Renato.
As declarações mais fortes vieram de Odair Hellmann, técnico do Santos, que lamentou a participação do zagueiro Eduardo Bauermann, cujas conversas com apostadores foram reveladas. “Todos ficamos tristes. Conheço o Eduardo Bauermann desde os 10 anos de idade. Mas, como com qualquer ser humano que cometeu um erro, que primeiro sendo julgado, comprovado, que pague a sua pena, que tenha a responsabilidade, serve para nós todos”, disse.
Abel Ferreira, do Palmeiras, e atletas do Verdão e do Flamengo também comentaram o tema e cobraram punição. Confira, abaixo, as principais declarações sobre o tema, em entrevistas coletivas e zonas mistas dos estádios:
Pepa (técnico do Cruzeiro)
“Em relação ao Richard, não vou alongar, nem posso. A partir do momento que o clube emite um comunicado, está falado. Todos nós cometemos erros, não estou aqui para julgar ninguém. Temos que olhar para os jogadores que temos disponíveis”.
Abel Ferreira (técnico do Palmeiras)
“O futebol é maior que todas as polêmicas. O futebol sobreviveu a tudo e vai continuar a sobreviver. O que posso dizer, e não quero me alargar muito, é lamentável. Mas o futebol é isso que vocês assistiram aqui hoje. O resto acredito que as entidades competentes vão fazer o seu trabalho e apurar o que tem que ser apurado.”
Enderson Moreira (técnico do Sport)
“Eu acho que cada um toma a atitude que deve tomar. A questão do Igor, a gente não pode de maneira nenhuma se precipitar, já condenar. Que vai ter um julgamento, vai ter uma série de coisas. Ele tem sido muito positivo com a gente, sempre foi muito positivo nesse aspecto (….) É uma coisa do departamento jurídico do clube. A partir do momento que alguém falar: não podemos utilizar, não devemos utilizar, que sair alguma punição, alguma coisa nesse sentido, é o que a gente vai fazer.”
Pepa (técnico do Cruzeiro)
“Em relação ao Richard, não vou alongar, nem posso. A partir do momento que o clube emite um comunicado, está falado. Todos nós cometemos erros, não estou aqui para julgar ninguém. Temos que olhar para os jogadores que temos disponíveis”.
Everton Ribeiro (meia do Flamengo)
“Muito triste, a gente luta tanto para chegar nessa posição, sonhos de muitas crianças, somos exemplos. Eu sei que é errado, cada um sabe onde aperta o calo, mas tem que ser punido, tem que ser investigado, ser rígido para que não aconteça isso. É um esporte muito inclusivo, com responsabilidade. Precisamos cuidar do nosso futebol, ter responsabilidade do que a gente faz. Triste. Espero que a gente possa sair daqui com ensinamentos e ver o caminho certo a seguir”.
Bruno Henrique (atacante do Flamengo)
“Não cabe a gente ficar debatendo isso. Autoridades são para isso. A gente deixa o que está lá fora não vir para dentro. A gente está super seguro no Flamengo quanto a isso que está acontecendo lá fora. Somos um time muito experiente, temos de nos preocupar com o Flamengo e cada vez mais trilhar nosso caminho da vitória e esquecer o que está lá fora”
Odair Hellmann (técnico do Santos)
“Todos ficamos tristes. Conheço o Eduardo Bauermann desde os 10 anos de idade. É um companheiro, atleta que vocês conhecem. Mas, como com qualquer ser humano que cometeu o erro, que primeiro sendo julgado, comprovado, que pague a sua pena, que tenha a responsabilidade, serve para nós todos. Temos que seguir adiante, somos profissionais e a resposta foi hoje. Claro que deixa triste, não há tristeza minha maior, de vocês, do torcedor. É uma tristeza geral pelo processo todo, tomara que esse passo sirva de exemplo para corrigir o rumo. Mas que a gente possa pegar para nós todos do futebol e sirva de exemplo para trilhar um caminho que o esporte nos traz. Tristeza ficou lá, parte jurídica ficou lá… Temos que trabalhar, treinar, concentrar e entregar o melhor dentro do campo. Foi o que a gente fez”.
“Como eu disse, é triste para todos nós. O que acaba acontecendo com uma situação dessa, todos vão para o mesmo pacote. Daqui a pouco começa a surgir situações nas redes sociais, que aquele fez, não fez. Cria um desconforto, um ambiente que se desconfia de todo mundo. Precisa punir os culpados, pegar como exemplo e dar um passo adiante. Ver formas, as casas de apostas, as pessoas, o que pode ser feito para que isso não aconteça mais, além de uma punição severa no final de julgamento. Não podemos criar ilações porque aí a gente não dá o passo seguinte. Punição para quem tem que ser punido, mas precisamos dar o passo seguinte. Nós, como profissionais, as leis, os mecanismos, os métodos, o que pode ser feito. Não podemos ficar na busca desenfreada, senão ficamos no mesmo processo. Como tem gente séria, tem gente ruim em todas as profissões e na humanidade. A maioria da sociedade é mais séria do que o mal. O mal está aí, não só no futebol, e a gente tem que se descobrir, punir e dar exemplo para dar passos no esporte e na sociedade”.
Renato Gaúcho (técnico do Grêmio)
“Nós não temos jogadores nesse escândalo. Conversamos bastante com o Nathan, eles nos falou a história que aconteceu, então é inocente. Estava de cabeça tranquila, tanto é que eu falei com ele, o presidente falou com ele, o vice-presidente, ele falou que gostaria de ir para o jogo porque estava com consciência tranquila. Se ele não tivesse com a cabeça boa, jamais teríamos colocado ele no jogo. A notícia no geral com esses acontecimentos, nada está provado ainda, mas digamos que é mais um escândalo no futebol brasileiro. A gente sente, mas do Grêmio pode ficar tranquilo que não tem nenhum jogador envolvido”.
Luan (zagueiro do Palmeiras)
“Nunca vou fazer. Só isso que tenho para falar. Esse é meu caráter, foi isso que aprendi. Futebol é o sonho da minha vida, a paixão da minha vida. Eu não me trairia a esse ponto, entende? Não julgo ninguém, cada um tem a sua realidade, suas escolhas. Mas como falei antes: nunca fiz, nunca farei e não concordo também”, disse Luan.
Raphael Veiga (meia do Palmeiras)
“Nós, jogadores, conversamos. É uma situação delicada. Tenho princípios, valores e coisas que não negocio. É uma parada que eu não gosto, não faço, não curto. Não vou ficar aqui apontando o dedo, não vou julgar ninguém, mas eu, Raphael, naquilo que acredito, não gosto e não faço”, afirmou Veiga.