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Vitor Pereira e os desafios para não repetir os erros de Passarella

Há 17 anos, argentino foi o último estrangeiro a treinar o Corinthians e saiu de maneira precoce; resultados ruins e problemas com o elenco minaram passagem

O Corinthians anunciou na quarta-feira, 23, o português Vitor Pereira (veja o perfil completo sobre ele) como o novo técnico para a temporada. Desse modo, um estrangeiro voltou a assumir o grupo após quase 17 anos da saída de Daniel Passarella, argentino que durou poucos jogos no comando corintiano e foi demitido após resultados ruins e problemas com medalhões do elenco.

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Em um contexto no qual era rara a aposta em estrangeiros, Passarella chegou ao Brasil badalado. Treinador da Argentina na Copa do Mundo de 1998, veio ao Brasil após passagens por Parma, da Itália, e Monterrey, do México. Já o português Vitor Pereira foi contratado em um período em que é bem mais comum treinadores de outras nacionalidades no país.

O Corinthians, à época, contava com investimentos da empresa MSI, representada pelo agente iraniano Kia Joorabchian, e por isso tinha um elenco recheado de estrelas como Fábio Costa, Sebá Domínguez, Carlos Alberto, Roger Flores, Nilmar e Carlos Tevez. Atualmente, o plantel corintiano também é repleto de nomes badalados: Paulinho, Renato Augusto, Giuliano, Willian e Róger Guedes.

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Tevez jogou no Corinthians em 2005 e 2006 -
Tevez jogou no Corinthians em 2005 e 2006 –

O grande problema para Passarella, porém, foi justamente o elenco que contava com grandes nomes, de forte personalidade. Intransigente, o treinador era conhecido por exigir autoridade e, por não saber controlar um grupo que também tinha ego nas alturas, viu explodir a bomba, mesmo com Alejandro Sabella, auxiliar no período, querido por atletas.

O fim da passagem desastrosa foi cravado em 10 de maio de 2005, após sofrer goleada por 5 a 1 para o São Paulo. A passagem durou cerca de dois meses e 15 jogos.

PLACAR relembrou episódios que fizeram ruir o trabalho de Daniel Passarella no Corinthians:

Bolada na cara

Tevez, do Corinthians, durante clássico contra o São Paulo -
Tevez, do Corinthians, durante clássico contra o São Paulo –

Explosivo, carrancudo e de personalidade extremamente forte, o treinador argentino vivia em pé de guerra com a maioria do elenco corintiano. Conhecido por barrar jogadores – independente da qualidade – durante sua carreira, Passarella até tentava realizar atividades leves ao fim dos treinos. Mas o próprio pesava as “brincadeiras”.

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Segundo o jornalista Tales Torraga, no blog Patadas y Gambetas, os jogos de futetênis ao fim dos treinamentos eram pesados, com rivalidade verdadeira. Até as disputas que tinham intuito de entreter viravam duelos, com requintes de ignorância. Passarella era fã de passar a bola próxima a rede e ao receber a devolução improvisada acertar forte chute na direção da cara do adversário, ou melhor, seu atleta.

Como conforto ao torcedor do Corinthians: não existem relatos parecidos de Vitor Pereira. Ao menos, por enquanto.

Idioma

Diferente de Pereira, novo treinador para a temporada 2022, Daniel Passarella não falava português. Argentino, passou a maioria de sua carreira (como jogador e treinador) no seu país natal e pouco teve contato com a língua falada no Brasil.

Apesar da presença de compatriotas no elenco, como Tevez e Sebá, isso não agradava a maioria brasileira. Com o clima já ruim, sem que Passarella fizesse questão de forçar para o melhor entendimento, o idioma foi um dos fatores que ruíram a passagem do estrangeiro pelo Corinthians.

Fábio Costa versus Passarella

Goleiro de nome pesado no início do século, Fábio Costa tinha passagens recentes pela seleção brasileira e havia chegado do Santos, onde foi campeão nacional. Porém, para o argentino que treinou o Corinthians em 2005, não era o nome ideal para a posição.

Dias antes de ser demitido, quando o time vivia uma má fase, Passarella pediu o afastamento do goleiro e justificou a Kia, um dos homens fortes do clube na época, que Fábio estava acima do peso. Pouco tempo depois, o ex-jogador se defendeu e instaurou o caos: “Ele foi mau-caráter, chegou de mansinho, em pele de cordeiro e foi mostrando aos poucos quem era.”

O problema com Roger e as tentativas de Sabella

Alejandro Sabella, quando técnico da seleção argentina, durante coletiva na véspera da estreia contra a Bósnia
Alejandro Sabella, quando técnico da seleção argentina, durante coletiva na véspera da estreia contra a Bósnia

Roger Flores, atual comentarista do Grupo Globo, foi um dos jogadores que mais bateram de frente com Passarella durante os anos de Corinthians. Quando trabalhou com o argentino, o meia já tinha “casca”, por uma passagem de destaque pelo Fluminense e experiências no Benfica, de Portugal, e por isso era uma das estrelas do elenco.

Até os dias de hoje, o ex-atleta nega qualquer briga com o treinador e diz que apenas o contestava: “Eu não brigava com ele, apenas questionava e tentava colocar outras ideias”, disse em 2017, no programa Bolívia Talk Show. As histórias, no entanto, são outras. Passarella barrou o meia, e o clima ficou ainda mais tenso. Assim, existem boatos que o jogador chegou a perder um pênalti de propósito para derrubar o técnico. Roger nega.

Em meio a esse caos, esteve Alejandro Sabella, auxiliar de Passarella por anos e treinador da Argentina na Copa do Mundo de 2014. Com personalidade leve, apaziguadora, o ex-técnico tentava amaciar a situação, mas esbarrava na “cabeça dura” da figura principal. Betão, zagueiro do período, relembrou a relação da comissão técnica com o elenco: “Todos adoravam o Sabella, não tínhamos uma resistência como com o Passarella”, disse a PLACAR.

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