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Seleção foi um desastre, mas futebol na Globo às 21h pode ser bom…

Novo horário antecipou e ‘achatou’ o JN e a novela Babilônia, mas rendeu ótima audiência

Certamente não foi pela qualidade do espetáculo, mas a derrota da seleção brasileira para a Colômbia na segunda rodada da Copa América, apresentou ótimos índices de audiência para a Rede Globo, mesmo tendo começado em um horário pouco habitual: o jogo marcou 28 pontos de audiência em São Paulo e 32 no Rio de Janeiro, segundo nota do Radar, do colunista Lauro Jardim. Para iniciar a transmissão pouco antes das 21h, horário marcado pela Conmebol, a emissora antecipou e encurtou duas de suas mais tradicionais atrações – o Jornal Nacional e a novela Babilônia. A novidade e os números da audiência serviram como esperança para torcedores, dirigentes e clubes que há anos reivindicam mudanças na grade esportiva da maior emissora do país – muitos defendem que jogos mais cedo atrairiam maior público aos estádios e não atrapalhariam os interesses da TV. O primeiro teste foi bom (com a ressalva de que a Globo não teve a concorrência da Band desta vez), mas resta saber se a direção da Globo terá interesse em modificar uma das bases históricas de sua programação. E, sobretudo, convencer seus anunciantes e o público de que isso é viável também em jogos de clubes.

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O JN começou e terminou conforme o prometido na programação: das 20h às 20h26. Não deve ter sido fácil para o âncora e editor-chefe William Bonner espremer as principais notícias do dia (bem agitado, por sinal, com temas importantes como as discussões no Congresso da redução da maioridade penal, cobranças do TCU das contas da presidente Dilma Rousseff, mudanças no cálculo da aposentaoria, entre outros) e ainda incluir previsão do tempo e intervalos comerciais. O telejornal ainda destacou quatro notícias esportivas (corrupção na Fifa, processos contra Neymar e Barcelona, Mundial Sub-20 e o acidente de trânsito do chileno Arturo Vidal) e chamou Galvão Bueno e sua trupe para um link ao vivo de Santiago. Tudo corrido, sem grandes reflexões e aprofundamentos, mas passado de forma satisfatória em pouco mais de vinte minutos (descontando os comercias).

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Em seguida, Babilônia entrou no ar em versão relâmpago, o que, seguramente, chocou os noveleiros do país. A atração durou cerca de 25 minutos, menos que a metade do habitual. Mas, como a atração não vem apresentando índices de audiência exigidos para os padrões da Globo, seu encurtamento em apenas um dia da semana não deve ter sido um problema para a emissora. Com dois minutos de atraso, às 20h52, Galvão iniciou a transmissão de Brasil x Colômbia. A novidade na passagem de uma atração à outra foi a ausência de intervalos comerciais (normalmente, com os jogos às 22h, as propagandas tomam vários e caros minutos antes do início das partidas). Essa, naturalmente, deve ser a maior preocupação da Globo. É possível, porém, que a emissora tenha feito algum acordo de “compensação” com seus parceiros comerciais nesta quarta. E que, com maior prática, consiga encaixar a publicidade mesmo em uma grade mais “achatada”.

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A transmissão transcorreu como habitual: Galvão Bueno brindou o público com alguns escorregões – como quando disse que o colombiano Juan Cuadrado, destaque do jogo, atuava no futebol italiano, quando, na verdade, já trocou a Fiorentina pelo Chelsea, da Inglaterra, há vários meses – e discordâncias com Arnaldo César Coelho, como no lance do primeiro cartão de Neymar. Ronaldo, mais uma vez, não brilhou como comentarista e defendeu Neymar, cliente de sua empresa de gerenciamento de imagem, até mesmo em uma noite desastrosa do craque. No fim do jogo, houve maior tempo para que os repórteres entrevistassem os atletas em campo (durante o Brasileirão, as transmissões são encerradas quase que imediatamente ao apito final). A cobertura foi encerrada às 23h19 (19 minutos depois que o previsto na programação) e os torcedores puderam dormir mais cedo – mas de cabeça inchada, é verdade.

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Pressão – Há vários anos, torcedores e dirigentes de clubes defendem uma antecipação das partidas em tevê aberta. Eles argumentam que se os principais jogos acontecessem às 21h, como nesta quarta, certamente haveria maior público nos estádios e, possivelmente, também na tevê. Ter de acordar cedo para trabalhar é impedimento para ficar diante da telinha ou em uma arquibancada até perto da meia-noite. E nas grandes cidades, com os jogos terminando quase de madrugada, o transporte público se torna um grande problema.

A pressão cresceu tanto que até mesmo a CBF se manifestou: na semana passada, o presidente Marco Polo Del Nero afirmou na Câmara dos Deputados, em Brasília, que pretende antecipar as partidas em 20 minutos, para as 21h40. A Globo já se mostrou contrária à mudança em outras ocasiões, por considerar o JN e a novela como instituições que jamais poderiam ser alteradas. A experiência de Brasil x Colômbia, porém, provou que a mudança é possível.

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Enfrentando uma crise de audiência não apenas em sua grade esportiva, a Globo já vem realizando algumas mudanças. Recentemente, a emissora transmitiu um jogo do Corinthians num sábado, às 22h. A emissora também mudou sua política em relação a MMA e automobilismo e, às vésperas da Olimpíada do Rio, tenta dar espaço a outras modalidades em sua programação.

A CBF também vem mostrando que quer se tornar menos refém da Globo e, neste Brasileirão, apresentou uma inovação: marcou jogos de grandes clubes para o horário das 11h no fim de semana. Até o momento, a experiência é um sucesso, com direito a arquibancadas cheias e boa procura de pay-per-view. O crescimento dos canais a cabo e o surgimento de novas mídias também vêm afetando a participação da Globo no cenário esportivo e pode haver em breve mudanças em relação ao horário nobre do futebol no meio de semana.

(Da redação)

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