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Rio 2016: Um atraso de risco

Com os Jogos do Rio se aproximando, uma etapa crucial do plano de segurança nem sequer saiu do papel. O desfecho dessa história pode significar cifras muito acima do previsto

Publicado por: Leslie Leitão em 30/10/2015 às 21:08 - Atualizado em 29/09/2021 às 16:11
Rio 2016: Um atraso de risco
DUAS MEDIDAS – O Parque Olímpico, no Rio: as obras estão dentro do cronograma; já o esquema de segurança corre contra o tempo, como aconteceu no Pan

Anunciado pelas autoridades como “o maior esquema jamais visto na história do país”, o plano de segurança para os Jogos Olímpicos no Rio de Janeiro, em 2016, terá 85 000 policiais e militares, colaboração entre ministérios e secretarias e até uma inédita central antiterrorismo. No papel, tudo parece bem costurado, adequado, mas nos bastidores sabe-se que esse é um roteiro permeado por arranjos de última hora e atrasos. Precisar, não precisava, já que a cidade teve sete anos para se preparar. Ainda assim, segundo a reportagem de VEJA apurou, iniciativas elementares só começaram a ser tomadas agora. Nesta semana, a apenas nove meses dos Jogos, uma empresa especializada começará (isso mesmo, começará) a definir o chamado Projeto Segurança Eletrônica das Instalações. Trata-se da colocação de câmeras, sensores e alarmes para monitorar a estrutura olímpica. O trabalho tem prazo de três meses para terminar. Aí então terão início a compra de equipamentos, testes operacionais e o treinamento de pessoal. Com o tempo pesando contra, prevê-se que os fornecedores serão escolhidos sem licitação e os custos subirão.

O cronograma apertado preocupa quem entende do assunto. “É no mínimo uma irresponsabilidade”, afirmou a VEJA um dos maiores especialistas em segurança de eventos de grande porte, integrante da alta cúpula na Olimpíada de Londres, em 2012. Para efeito comparativo, lembre-se que a capital inglesa tinha tudo instalado e já em fase de testes um ano antes dos Jogos – mais do dobro do tempo que o Rio terá. O desenho do plano carioca está nas mãos de uma empresa portuguesa, a Eace, que saiu vencedora, em outubro, da licitação aberta pela Secretaria Extraordinária de Segurança para Grandes Eventos (Sesge), um órgão do Ministério da Justiça. Sua tarefa é de alta complexidade: projetar a estrutura de câmeras e alarmes em 49 instalações, sendo 32 locais de competição, oito centros de treinamento e mais nove áreas. Só em fevereiro de 2016, caso não haja atraso, se terá uma ideia do custo da operação. “Quanto mais perto da Olimpíada, mais caro fica”, alerta um especialista em tecnologia de segurança.

O enredo é desanimador, porém não surpreende. Em 2007, nos Jogos Pan-­Americanos do Rio, havia tempo de sobra para montar e testar o sistema de inteligência, algo como cinco anos. Mas foi a apenas cinco meses da abertura que a Secretaria Nacional de Segurança Pública aprovou a compra dos equipamentos. Sem licitação, dispensada (adivinhe) por falta de tempo, eles custaram 174 milhões de reais aos cofres públicos. O contrato foi assinado pelo ex-­chefe da Polícia Federal e então secretário nacional de Segurança Pública do governo Lula, Luiz Fernando Corrêa. Posteriormente, uma perícia constatou superfaturamento de 18 milhões de reais na transação e o Ministério Público Federal instaurou uma ação civil pública contra Corrêa por improbidade administrativa. O processo chegou a ser arquivado, mas foi reaberto pelo MPF no fim de 2014 e continua tramitando na Justiça.

Luiz Fernando Corrêa, não percamos a narrativa, hoje é chefe da segurança da Rio 2016, entidade que organiza a Olimpíada. Foi ele um dos articuladores da nomeação de um antigo subordinado, o delegado federal Andrei Augusto Rodrigues (por sinal, chefe da segurança de Dilma Rousseff na campanha presidencial de 2010), à frente da Secretaria de Grandes Eventos. É justamente o órgão responsável pelo cronograma de última hora da colocação das câmeras e dos alarmes dos Jogos. Procurado, Rodrigues negou qualquer atraso e afirmou que o projeto está sincronizado com a entrega das instalações. A história de espetáculos de envergadura no Brasil tem mostrado que, mesmo com atropelos e cifras muito acima do previsto, o show acaba dando certo no final. No Rio de tiroteios e assaltos cotidianos, a Jornada Mundial da Juventude e a Copa, para ficar com dois exemplos recentes, transcorreram sem maiores sobressaltos. Há quem diga que foi milagre de São Sebastião.

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