Palmeiras e Cruzeiro se enfrentam neste domingo, 26, às 20h30 (de Brasília), no Allianz Parque, em São Paulo, pela 30ª rodada do Campeonato Brasileiro. Líder com 61 pontos, o Verdão recebe a Raposa, terceira colocada com 56 pontos — e um jogo a mais —, em partida importante na briga pelo título.
Apesar de rivais na luta por troféus atualmente, os times têm origens com pontos em comum. No entanto, a mais de 100 anos de suas fundações, o Alviverde e os Celestes sequer mantém relações amistosas entre torcedores, tendo em vista que as maiores torcidas organizadas dos clubes pertencem a “uniões” opostas.
Antigos Palestras
Palmeiras e Cruzeiro nasceram com a mesma identidade de Palestra Italia. Ambos foram fundados para representar a colônia italiana em suas cidades: São Paulo e Belo Horizonte.
Criados com sete anos de diferença — o paulista em 1914, o mineiro em 1921 — surgiram no Brasil ainda antes da era do profissionalismo do futebol, quando agremiações étnicas funcionavam como espaços de convivência comunitária.

Palestra Itália de SP e Palmeiras Itália de MG
Contudo, é importante dizer que a formação do Palestra em Minas Gerais não foi uma cópia institucional do paulista, mas uma reprodução social do mesmo modelo. Parte dos seus fundadores e jogadores, sendo muitos operários de origem italiana, foram dissisdentes do Yale FC, clube de Belo Horizonte do início dos anos 1920, época em que América e Atlético dominavam o futebol local.
Antes, o Palestra paulista ja havia nascido de uma iniciativa original da comunidade italiana de São Paulo, então numerosa e socialmente consolidada, reunindo trabalhadores industriais e mais classes da paulistânia. Tanto que, em poucos anos, passou a incomodar os já estáveis Corinthians e o Club Athletico Paulistano, um dos braços da fundação do São Paulo Futebol Clube.
Palmeiras e Cruzeiro substituem Palestras
Quando o Brasil, durante a Era Vargas, entra na Segunda Guerra Mundial, em 1942, e rompe diplomaticamente com o Eixo, as autoridades determinam a remoção de símbolos ligados a Itália, Alemanha e Japão. Os dois Palestras foram atingidos, mas reagiram de maneira oposta.
Em São Paulo, a italianidade já era popular, diluída no cotidiano, sustentada numericamente por imigração e, com alguns grupos, bem-sucedida financeiramente. Por isso, o clube muda apenas o nome e preserva cor, brasão e narrativa.

Sociedade Esportiva Palmeiras e Cruzeiro Esporte Clube
O novo nome, Palmeiras, mantém a letra “P”, o território do Parque Antártica e usa a palmeira como símbolo nacional para atender às exigências do Estado. O verde e o branco também seguiram.
Em Belo Horizonte, o efeito é inverso. A colônia italiana era menor, e o Palestra, segundo jornais da época, era visto como clube “estrangeiro”.
Assim, a diretoria mineira opta por transformações na identidade, não apenas pela renomeação. Ao adotar o nome Cruzeiro, altera também o brasão para um com as estrelas da constelação Cruzeiro do Sul, além de ter trocado o verde pelo azul, que pode também ser interpretado como velada referência às cores da seleção italiana, a Azzurra.

Último encontro entre Palmeiras e Cruzeiro, no Allianz Parque, foi em julho de 2024 – Gustavo Aleixo/Cruzeiro





