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O Intransponível Caçapava (1954-2016)

Na grande equipe do Internacional, bicampeão brasileiro em 1975 e 1976, cabia a ele ‘fazer o trabalho sujo’, marcar de forma incansável, permitindo que Falcão, o craque da equipe, esbanjasse seu talento

Nasceu na cidade de Caçapava do Sul, no Rio Grande do Sul, distante cerca de 240 km da capital Porto Alegre, em 26 de dezembro de 1954, Luís Carlos Melo Lopes.

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Começou no futebol no time da cidade, o Gaúcho, e em 1972 foi levado para o Internacional, onde passou a ser chamado pelo nome de sua cidade de origem, Caçapava. Meio-campista vigoroso, de pouca técnica, mas com muita disciplina tática e poder incansável de marcação, fez parte de uma das maiores equipes da história do Internacional.

Foi campeão gaúcho em quatro oportunidades, 1974, 1975, 1976 e 1978 e bicampeão brasileiro em 1975 e 1976. Junto com Carpegiani, Batista e Falcão, contribuiu muito para que a equipe colorada tivesse, durante muitos anos, o melhor meio-campo do Brasil. O que sobrava em habilidade nos demais companheiros meio-campistas era pouco notado em Caçapava; por outro lado, difícil que alguém fosse mais raçudo que ele.

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Para muitos, era ele quem fazia o trabalha ‘sujo’ que permitia ao espetacular Falcão, um dos maiores jogadores da história do Colorado, ter a liberdade de avançar para o ataque.

Aliás, Falcão sempre foi um grande amigo e costumava dar dicas sobre como marcar alguns jogadores. Certa vez, passou horas orientando sobre como ele poderia evitar um espetacular drible, o elástico, que era a marca registrada de Roberto Rivelino. Para executá-lo, o meio-campista tricolor puxava a bola para um lado e saía para o outro. Na primeira oportunidade que teve, Caçapava aplicou um ‘carrinho’ no meio de Rivellino quase que dividindo o adversário em dois. Aborrecido, Falcão foi em sua direção questionando por que não tinha feito o que houvera sido combinado, e ouviu como resposta: “Esqueci para que lado ele ia sair, então resolvi ir no meio…”

A única coisa que metia medo no volante era a necessidade de fazer qualquer tipo de cirurgia. Certa vez, após ser informado pelo médico do Internacional que havia aparecido uma lesão em seu joelho direito no exame de artroscopia, e que por conta disso seria necessário uma operação, Caçapava retrucou: “Mas, doutor, não sinto nada, esse joelho do exame deve ser do Batista (seu companheiro de equipe)…”

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Entre os anos de 1976 e 1977 chegou a ser convocado para a Seleção Brasileira, atuando em quatro partidas. 

Em 1979, o presidente do Corinthians tentou contratar junto ao Internacional o meio-campista Batista, jogador tão combativo quanto Caçapava, mas com maior qualidade técnica. Não conseguiu. Como alternativa, fechou com os dirigentes colorados outro acordo, a troca do lateral Claudio Mineiro por Caçapava.

Seu estilo de jogo caiu no agrado do torcedor alvinegro, sobretudo por sua raça. Logo em seu primeiro ano conquistou o estadual paulista como titular, condição que manteve durante grande parte do período em que vestiu a camisa do Corinthians.

Em 1982 foi contratado pelo Palmeiras para disputar o Campeonato Paulista. Atuou em poucas partidas, sobretudo devido às inúmeras contusões que prejudicaram seu condicionamento físico, principalmente o controle de seu peso. A saída foi passar a peregrinar por várias equipes brasileiras.

No ano seguinte já estava no Vila Nova de Goiás, em 1984, no Ceará, onde, como titular, foi campeão estadual. Em 1985 voltou ao Rio Grande do Sul para atuar no Novo Hamburgo, onde ficou por mais de um ano. De volta ao futebol nordestino, encerrou a carreira atuando pelo Fortaleza em 1987.

Caçapava foi um dos precursores, no Brasil, de uma linha de atletas que não precisou demonstrar muito qualidade técnica para ganhar destaque e importância em sua equipe, mas sim atuar com muita vontade, como se a cada jogada um prato de comida estivesse em disputa.

Faleceu, ao sofrer um infarto, em 27 de junho de 2016.

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