Nunca foi tão ‘fácil’ ganhar uma medalha. A Holanda que o diga
O número de provas nos Jogos aumentou muito nos últimos anos, e países especialistas em uma só modalidade se transformaram em potências olímpicas
Não teve pódio em prova de patinação de velocidade na Olimpíada de 2014 que não tivesse pelo menos um atleta vestido na cor laranja. A Holanda conquistou todas as suas 22 medalhas em provas de patinação, e em quatro disputas na arena Adler faturou todas as posições do pódio – foi ouro, prata e bronze nos 500m, 5.000m e 10.000m masculino e nos 1.500m feminino. Com todas as vitórias, os holandeses só ficam atrás no quadro geral de medalhas dos Estados Unidos e da Rússia, pelo menos até esta quinta-feira.
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As explicações para esse desempenho assombroso da Holanda são diversas, e passam pela tradição do país na modalidade e também pelo fracasso de rivais fortes, como os Estados Unidos. Mas um fator que contribuiu (e muito) para a multiplicação das medalhas holandesas foi o aumento significativo de provas e de novas modalidades nos Jogos de Inverno. Em 2014, serão distribuídas ao todo 294 medalhas. Na primeira edição dos Jogos, em 1924, na cidade de Chamonix, na França, foram distribuídas apenas 49. Se isolarmos apenas a patinação de velocidade, em Sochi teremos 60 medalhas (pista normal e curta). Há 90 anos, eram apenas 15 medalhas na patinação.
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O aumento de competições veio, entre outras razões, para contemplar as emissoras de televisão, que necessitam de mais eventos, mais heróis e mais verba publicitária. Por isso, tornar-se um campeão olímpico hoje pode ser considerado mais fácil que no passado. Outro efeito provocado pelo número elevado de premiações é que não há mais uma única potência no quadro geral de medalhas – por isso a surpresa com a completa dominância dos holandeses na patinação de velocidade. Nos Jogos de 1924, por exemplo, a Noruega conquistou 17 das 49 medalhas em disputa, ou 35% do total. Em Sochi, o país escandinavo continua um dos maiores vencedores, mas em proporções bem mais modestas: conquistaram 22 medalhas, de 236 já distribuídas até esta quarta-feira – menos de 10%. Por essa razão, uma nação especialista em apenas uma prova, como a Holanda, pode figurar entre as superpotências olímpicas.