‘Não estamos totalmente prontos’, diz Valcke sobre a Copa
Mas o secretário-geral da Fifa diz que não há mais tempo para mudar os planos
“É triste porque um trabalhador morreu há poucos dias e o resultado é que o trabalho foi interrompido no estádio, onde muitas coisas precisam ser feitas”, disse Valcke sobre o Itaquerão
Faltando pouco mais de dois meses para o início da Copa do Mundo, a Fifa afirma publicamente que o Brasil “não está totalmente pronto” para o evento. Em viagem à África do Sul, na quarta-feira, o secretário-geral da entidade, Jérôme Valcke, citou dois estádios que descumpriram os prazos: o Beira-Rio, em Porto Alegre, e o Itaquerão, em São Paulo. Além deles, há a corrida para terminar as obras na Arena da Baixada, em Curitiba, e na Arena Pantanal, em Cuiabá – que abriu as portas ao público pela primeira vez na noite de quarta, mas ainda tem muitas pendências que precisam ser resolvidas até o Mundial. “Se você quer que eu resuma, não estamos prontos. Temos dois estádios onde precisamos trabalhar”, disse Valcke, em referência à instalação das estruturas provisórias nos estádios da Copa, um assunto que se transformou na principal preocupação do cartola francês.
Leia também:
Governo admite que ‘finge que não vê’ falhas no Itaquerão
De olho no voto, governo tenta esvaziar protestos na Copa
No 1º de abril, relembre as grandes mentiras sobre a Copa
Fifa teme que erros do Brasil prejudiquem próximas Copas
Com ‘agenda positiva’, Fifa e COL tentam minimizar tensão
Valcke voltou a comemorar a aprovação de uma medida que resolveu o impasse em torno do custo das instalações provisórias. “Em Porto Alegre, um acordo foi feito entre as diferentes partes para garantir que as instalações sejam financiadas, então agora falta apenas a implementação dessas decisões.” Ao comentar a situação de São Paulo, Valcke lamentou mais uma morte no canteiro de obras do Itaquerão. Fábio Hamilton da Cruz, de 23 anos, morreu no sábado, ao cair de cerca de oito metros de altura enquanto trabalhava na montagem das arquibancadas móveis do estádio. “É triste porque um trabalhador morreu há poucos dias e o resultado é que o trabalho foi interrompido no estádio, onde muitas coisas precisam ser feitas”, disse ele. Em Zurique, a Fifa se esquiva de marcar uma data para a inauguração – só diz que os primeiros testes acontecerão em “meados de maio”.
O ministro do Esporte, Aldo Rebelo, deu outra avaliação. “O Itaquerão está pronto. Falta apenas concluir algumas coisas de acabamento”, disse. Apesar do otimismo de Rebelo, o Ministério do Trabalho enxerga problemas de segurança na reta final da obra – e o Ministério Público de São Paulo divulgou nota oficial na quarta-feira prometendo pedir a interdição do estádio – até mesmo durante a Copa – caso as falhas não sejam resolvidas. Segundo ele, não há qualquer possibilidade de retirar a abertura da Copa de São Paulo. Nisso, ele e Valcke concordam. “Não há como adiar o jogo de abertura”, disse o francês. “Temos um calendário e ele vai até 13 de julho. Portanto, não há como ter atrasos. Talvez teremos coisas que não estarão totalmente prontas no começo da Copa. Mas o mais importante para os 32 times são os campos de jogo e centros de treinamento, e isso estará lá para garantir que teremos futebol.”
(Com Estadão Conteúdo)