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Marinho Peres, o zagueiro que nos ensinou a linha de impedimento

Craque de Portuguesa, Santos, Internacional e Palmeiras, importou do Barcelona as lições aprendidas com Rinus Michels

Texto publicado edição 1504, de outubro de 2023 – garanta a sua PLACAR no Mercado Livre

A frase é do genial escritor e jornalista Ivan Lessa: “De quinze em quinze anos o Brasil esquece o que aconteceu nos últimos quinze anos”. Verdade verdadeira, mas não deveria ser assim – e em poucos campos essa máxima cruel é tão verdadeira quanto no futebol. Não podíamos, de modo algum, ter relegado ao anonimato a trajetória de uma das carreiras mais interessantes no injusto mundo da bola: a do zagueiro Marinho Peres, sorocabano que viu e viveu de tudo e trouxe ao país um ineditismo, a inteligente linha de impedimento, que lá atrás era chamada de “linha burra”.

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Ele a aprendeu na temporada de 1974 e 1975 no Barcelona, treinado pelo holandês Rinus Michels, que tinha comandado a Laranja Mecânica de Cruyff e companhia na Copa do Mundo da Alemanha. “Rinus era um espetáculo”, disse o craque. “Sabia que fui o único brasileiro a ser treinado por ele? Na estreia oficiosa pelo Barcelona, ele não para va de me fazer sinais para subir no campo. Poxa, nunca tinha jogado assim, e disse isso mesmo nos vestiários, durante o intervalo. Mas o Rinus queria uma defesa ofensiva e eu tive de aprender essa marcação em zona com pressão. Mais tarde, quando saí do Barça para voltar ao Brasil, difundi esse esquema entre os brasileiros. O Scolari, por exemplo. Ele jogava no Caxias, eu no Internacional, e ficávamos horas falando sobre táticas do presente e do futuro.”

Depois de iniciar a carreira no São Bento de Sorocaba, Marinho cresceu e apareceu com a camisa da Portuguesa. Jogou também pelo Santos, Internacional, Palmeiras e América-RJ, onde encerrou a carreira. Por onde passou, atento e afeito a bons relacionamentos, construiu laços e conhecimento, que acumulava para a etapa seguinte da carreira. Pelé, em fim de carreira, na temporada de 1973, não se cansava de ouvi-lo.

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Na seleção de 1974 – que foi lamentavelmente atropelada pela Holanda, lembre-se – ele vestia a braçadeira de capitão, escolhido por Zagallo pelas evidentes qualidades, mas também por falar espanhol e inglês. No Internacional campeoníssimo de 1976, era a voz da organização e calma ao lado de um outro cracaço, o chileno Figueroa. No Palmeiras de 1978 e 1979, era a garantia lá atrás, ao lado de Alfredo Mostarda.

Ele morreu em 18 de setembro, aos 76 anos. Estava internado havia mais de um mês depois de uma pneumonia, além de sofrer com complicações nos rins e no coração.

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