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Kobe Bryant: o Michael Jordan de sua geração

A notícia correu mundo com comoção como fazia muito tempo não se via em se tratando de um esportista

“Quem é esse menino que pensa que é Michael Jordan?” Desde cedo, Kobe Bryant tinha claro quem seria sua referência e desdenhava dos muxoxos de quem o seguia nas quadras. Dizia ter um objetivo como jogador de basquete: alcançar o patamar do camisa 23 do Chicago Bulls, o maior de todos os tempos.

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Kobe quase chegou lá, talvez esteja para Jordan como Maradona para Pelé. E, contudo, ele conquistou feitos que nem mesmo o campeoníssimo que o puxava como exemplo atingiu. Marcou 81 pontos em um só jogo (o recordista é Wilt Chamberlain, que fez 100 pontos em 1962) e abandonou as quadras como o terceiro maior “cestinha” da liga (com 33 643 pontos), façanha superada um dia antes de sua morte pelo igualmente genial LeBron James, que hoje veste o amarelo e roxo do Lakers, as únicas cores que Kobe vestiu como atleta profissional (além do uniforme da seleção americana, pela qual ganhou dois ouros olímpicos). O cestinha número 1 foi Kareem Abdul-­Jabbar.

Nos três últimos anos, depois de encerrar a carreira, Kobe vinha se dedicando a compartilhar todo o conhecimento que acumulara ao longo de vinte temporadas na principal liga de basquete do planeta — em sete delas foi às finais e conquistou cinco vezes o título — com a segunda de suas quatro filhas, Gianna, de 13 anos. O plano foi tristemente interrompido em 26 de janeiro, com a queda do helicóptero que mataria ambos — além de sete pessoas que estavam a bordo —, a caminho de uma partida de Gigi, como era chamada carinhosamente, em um ginásio de propriedade dos Bryant na Califórnia. Embora fosse um pai amoroso e uma figura razoavelmente afável, em 2003 Kobe se envolveu em um ruidoso e inaceitável escândalo, acusado de estupro por uma camareira de um hotel no Estado do Colorado, nos Estados Unidos. A queixa foi retirada posteriormente, mas a mancha nunca se apagou. Para se afastar de situações delicadas como aquela, e dos problemas com os colegas e a imprensa, ele criou uma persona, Black Mamba, alusão a uma das serpentes mais ferozes do planeta. Quando a Mamba aparecia, dentro ou fora da quadra, seu objetivo era “destruir todos que pisassem nela”, nas palavras do próprio atleta.

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Dada a forma como morreu, trágica e inesperadamente, a notícia correu mundo com comoção como fazia muito tempo não se via em se tratando de um esportista — nos Estados Unidos, em especial, mas também em outros cantos do planeta, ecoou a tristeza daquele 1º de maio de 1994 da morte de Ayrton Senna. Kobe Bryant tinha apenas 41 anos.

Publicado em VEJA de 5 de fevereiro de 2020, edição nº 2672

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