Jérôme Valcke teria movimentado 10 milhões de dólares em propina
O FBI suspeita que o secretário-geral da Fifa tenha depositado o dinheiro em contas bancárias mantidas por Jack Warner, ex-presidente da Concacaf

O secretário-geral da Fifa, Jérôme Valcke, é suspeito de ter depositado propinas no valor de 10 milhões de dólares nas contas de Jack Warner, ex-presidente da Concacaf. A informação, divulgada ao jornal The New York Times por fontes familiarizadas com as investigações do FBI, aproxima o escândalo de corrupção de Joseph Blatter, reeleito na sexta-feira para o quinto mandato como presidente da Fifa. Valcke, o número dois da entidade, seria o “funcionário de alto escalão” que, segundo a promotoria, teria feito os depósitos de subornos para que Warner respaldasse a indicação da África do Sul como sede da Copa do Mundo de 2010. Não há, no entanto, menções específicas ao nome do secretário-geral no inquérito – os suspeitos tiveram a identificação ocultada no processo para não prejudicar as investigações.
A movimentação financeira envolvendo Valcke não indica necessariamente que ele tinha conhecimento de que o dinheiro era propina. Ao contrário de outros dirigentes investigados, o francês não é citado pela promotoria como co-conspirador. No último domingo, o chefe-executivo da Copa do Mundo de 2010 e atual presidente da federação de futebol sul-africana, Danny Jordan, disse que os 10 milhões enviados à Concacaf não eram suborno, mas um pagamento legítimo para um fundo de desenvolvimento do futebol no Caribe. Valcke, que em um breve e-mail disse que não autorizou esse pagamento e nem tinha o poder de fazê-lo, não foi indiciado nem acusado pelas autoridades americanas até o momento. O comunicado não especifica se ele estava ou não envolvido na transação financeira.
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A procuradoria afirma que o pagamento dos 10 milhões ocorreu através de três transferências bancárias realizadas entre janeiro e março de 2008. As investigações do FBI apontam que em 2004, quando o comitê executivo da Fifa considerava sediar a Copa do Mundo de 2010 na África do Sul, o governo do país concordou em pagar subornos a Warner e a outros dirigentes em troca de votos. Warner cumpriu o acordo e votou a favor da África do Sul, mas, nos meses e anos seguintes ao pleito, o governo local não pôde realizar os pagamentos. A Fifa, então, teria utilizado um montante destinado a investimentos no país sede para quitar as propinas pendentes com Warner.
Nesta segunda-feira, a Fifa informou que, “devido à atual situação”, Valcke não poderia comparecer à abertura da Copa do Mundo de futebol feminino, que será realizada no Canadá, na próxima semana. “É importante que ele atenda às questões pertinentes na sede da Fifa, em Zurique”, comunicou a entidade, por meio de uma nota. Esta também não é a primeira vez em que Valcke se envolve em um escândalo financeiro. Em 2003, ele foi contratado como diretor de marketing da Fifa, mas acabou demitido em dezembro de 2006 após um juiz de Nova York decidir que ele e outros dirigentes haviam mentido repetidas vezes ao negociar patrocínios com a Visa e a MasterCard. Uma apelação federal derrubou a ordem judicial em maio de 2007 e, no mês seguinte, dias após um acordo com a MasterCard ser anunciado, Blatter escolheu Valcke para assumir o posto de secretário-geral. Ele nunca foi acusado criminalmente neste caso.
(Da redação)