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Itaquerão: afundamento de solo fez o guindaste despencar

Um estudo da UFRJ investigou a tragédia na arena do Corinthians e descartou uma falha de operação. Proteção de solo feita pela Odebrecht não era adequada

O acidente que resultou na morte de dois operários no Itaquerão, em novembro do ano passado, foi causado pelo afundamento do solo onde o guindaste estava parado, e não por falha humana dos operadores ou problemas mecânicos do equipamento. A conclusão é de um estudo realizado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). O laudo indica que a proteção do solo feita pela Odebrecht não era adequada para suportar uma máquina que ergue até 1.500 toneladas (a peça envolvida no acidente tinha 420 toneladas). Logo depois do acidente, para evitar ser responsabilizada, a empresa argumentou que a proteção feita com base de brita com chapas de aço era procedimento padrão e não poderia ser apontada como o ponto vulnerável que causou a queda do guindaste. Em nota, a Odebrecht Infraestrutura reafirma que o solo que sustentava o guindaste acidentado possuía todas as condições técnicas para suportar o peso da máquina, não havendo relação entre a condição do solo e o acidente, e alega “não ter conhecimento sobre o laudo contratado pela empresa fabricante do equipamento acidentado – que jamais apresentou os dados da caixa preta do equipamento-, e esclarece novamente que dispõe de estudos que confirmam a adequação do solo às operações de deslocamento e içamento realizadas pelo guindaste”.

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O laudo assinado pelo engenheiro civil Antônio Carlos Guimarães, da UFRJ, contesta essa alegação. As conclusões do estudo foram mostradas em reportagem publicada na edição desta sexta-feira pelo jornal Folha de S. Paulo. “A inadequada compactação do aterro de suporte ao guindaste fica evidente através dos estudos realizados”, diz o documento, que analisou os seis pontos onde as esteiras do guindaste estavam apoiadas e detectou que o solo era menos resistente do que deveria. A medida ideal de firmeza do terreno no local é de pelo menos 80%, mas o estudo identificou índice de 13%. A instabilidade do solo era uma das três hipóteses com as quais a polícia trabalhava logo depois do acidente (o operador e a empresa responsável pelo veículo também poderiam ser responsabilizados).

O estudo da UFRJ afirma claramente que não houve nenhuma falha de procedimento por parte do operador e atribui à Odebrecht, responsável pela construção do estádio, o erro que desencadeou a tragédia. O engenheiro Guimarães diz que a parte traseira do guindaste teria afundado primeiro. Em seguida, a máquina teria empinado e perdido o ponto de equilíbrio. A lança principal sofreu um rompimento na base, derrubando a última peça do módulo de cobertura sobre o estádio. O laudo da universidade carioca é apenas um dos estudos que estão sendo elaborados para explicar o acidente. Além da investigação criminal, existe um laudo técnico oficial que está sendo feito pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) para embasar os processos jurídicos relativos ao caso.

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(Com agência Gazeta Press)

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