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Ferj rompe acordo com Flow para exibir Carioca por apologia ao nazismo

Entidade que cuida da competição optou por finalizar o vínculo após fala nazista e antissemita do podcaster Monark, um dos apresentadores do Flow Podcast

A Federação de Futebol do Rio de Janeiro (Ferj) anunciou na tarde desta terça-feira, 8, que decidiu encerrar o contrato com o canal Flow Sport Club, responsável pela transmissão de parte dos jogos do Campeonato Carioca. O motivo foi uma fala do podcaster do Flow Podcast, Bruno Aiub, conhecido como Monark, que defendeu a existência de um partido nazista no Brasil que fosse reconhecido por lei durante entrevista com os deputados federais Kim Kataguiri (Podemos) e Tabata Amaral (PSB).

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A Ferj, defensora da igualdade, do respeito e contrária a qualquer tipo de preconceito, anuncia o rompimento do contrato com o Estúdios Flow, responsável pelo podcast Flow Sport Club que transmitia jogos do Campeonato Carioca de 2022, por apologia ao nazismo, regime cujos crimes contra a humanidade até os dias de hoje causam horror a qualquer um que preze pela vida”, afirmou a entidade.

No acordo, estavam previstos 16 jogos transmitidos ao longo do campeonato, incluindo os jogos da Taça Guanabara e da Taça Rio, os mesmos que serão exibidos em TV aberta pela Record Rio, dona dos direitos de transmissão do Estadual. As transmissões aconteciam no canal Flow Sport Club no Youtube e na plataforma Twitch.

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O primeiro jogo exibido foi a partida entre Flamengo e Portuguesa, no último dia 26, válido pela primeira rodada da Taça Guanabara. A novidade da transmissão era uma parceria dos Estúdios Flow com a federação carioca e com a Sportsview, detentora dos direitos de transmissão do torneio.

O caso também repercutiu entre marcas importantes e ex-jogadores. A Puma, fornecedora alemã de material esportivo, esclareceu não ser patrocinadora do canal. “Discordamos e repudiamos veementemente as declarações e ideias expressadas durante o último Flow Podcast, transmitido nesta segunda-feira. Elucidamos ainda que não somos patrocinadores do podcast, tendo feito no passado somente uma ação pontual e isolada”, disse a empresa.

O filho de Zico, atualmente diretor técnico do Kashima Antlers, também afirmou que o pai cancelou a presença no programa que participaria também nesta terça assim que tomou conhecimento do conteúdo viralizado.

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O caso

Monark argumentou que os simpatizantes das ideias de Adolf Hitler, que matou cerca de 6 milhões de judeus na Segunda Guerra Mundial, deveriam poder se organizar em um partido político. “Eu acho que tinha que ter partido nazista reconhecido pela lei”, disse Monark. “Se um cara quisesse ser anti-judeu, eu acho que ele tinha o direito de ser”, concluiu após ser alertado pela deputada Tabata Amaral que o nazismo coloca em risco a existência de todos os judeus.

Após os comentários, entidades judaicas repudiaram a fala de um dos apresentadores e iniciaram uma campanha pela desmonetização do canal. O Instituto Brasil-Israel e o coletivo Judeus Pela Democracia cobram dos patrocinadores do programa a suspensão dos anúncios. “Ideologias que visam a eliminação de outros têm que ser proibidas. Racismo e perseguições a quaisquer identidades não são liberdade de expressão, afirmou o coletivo pelo Twitter.

Monark e Flow foram alvejados nas redes sociais - Divulgação/Flow
Monark e Flow foram alvejados nas redes sociais – Divulgação/Flow

“É sério que vocês vão continuar patrocinando quem diz que “tinha que ter o partido nazista, reconhecido pela lei” e que “se o cara quiser ser um anti-judeu, eu acho que ele tinha direito de ser”?”, questiona o instituto.

A existência do partido nazista é proibida na Alemanha e a apologia e este regime é um crime tanto lá, quanto cá. No Brasil, a Lei de Crimes Raciais prevê prisão de dois a cinco anos a quem “fabricar, comercializar, distribuir ou veicular símbolos, emblemas, ornamentos, distintivos ou propaganda que utilizem a cruz suástica ou gamada, para fins de divulgação do nazismo”.

Diante do risco de perder patrocinadores do Flow Podcast e uma enxurrada de reações negativas, o apresentador Monark afirmou que errou atribuindo a fala ao fato de estar alcoolizado: “Queria pedir desculpas porque eu errei. Eu estava muito bêbado. Falei de uma forma muito insensível com a comunidade judaica e peço perdão. Mas peço também um pouco de compreensão: são quatro horas de conversa e eu estava bêbado”.

Horas depois, em pronunciamento, os Estúdios Flow comunicaram que o episódio 545 havia sido retirado do ar e que Bruno Aiub, o Monark, foi desligado do grupo. “Esta decisão foi tomada em conformidade com o que determinam todos os preceitos de boa prática, nossa visão e missão, as quais o Estúdios Flow compactua e segue, lamentando profundamente o episódio ocorrido”.

“Pedimos desculpas à comunidade judaica em especial e a todas as pessoas, bem como repudiamos todo e qualquer tipo de posicionamento que possa ferir, ignorar ou questionar a existência de alguém ou de uma sociedade”, completou em outro trecho.

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