Em que patamar estavam outros craques da bola na idade de Neymar
Aos 31 anos, o brasileiro está perto de acertar com o clube saudita Al-Hilal e deve dar mais um polêmico passo na carreira; compare sua trajetória à de outras estrelas
A qualidade técnica de Neymar é inquestionável e torna a pergunta é factível: seria ele o melhor brasileiro pós-Pelé? O atacante que deixou a Vila Belmiro com o sonho de conquistar o mundo brilhou no Barcelona de Lionel Messi, mas não conseguiu assumir protagonismo. Foi à capital francesa e tentou dar ao PSG a inédita Liga dos Campeões da Europa, sem sucesso. Agora, com o futuro incerto, Neymar está próximo de trocar o futebol europeu pelo árabe. Aos 31 anos de idade, o brasileiro tem conversas avançadas com o Al-Hilal, da Arábia Saudita.
Pelé, Maradona, Ronaldo, Messi, entre outros, já têm suas obras concluídas e consagradas, mas a comparação do brasileiro a essas lendas com base na idade reforça ainda mais o questionamento: Neymar foi tudo que o Brasil esperava?
Confira em que patamar e onde estavam outros craques aos 31 anos:
Pelé
Aos 31 anos, o Rei da Futebol vivia seus últimos anos de carreira no Santos e entrava em campo pela última vez com a camisa da seleção brasileira, além de já ter atingido a marca de 1000 gols. Não conquistou nenhum título em 1971, mas fez exatamente 30 gols ao longo da temporada. Pelé ainda conquistaria o Paulistão de 73 e jogaria até 1974 no Santos, já sem o mesmo brilho de outrora, e encerraria a carreira em 1977, pelo New York Cosmos.
Maradona
Principal rival de Messi na disputa pela idolatria do povo argentino, se destaca por seu carisma além das quatro linhas. O ano marcava o início da decadência daquele que levou a glória mundial ao seu país, em 1986, e se tornou um deus. Maradona foi flagrado em exames antidoping, em 1991, e recebeu sua primeira suspensão do futebol, por 15 meses, acusado de ligações com a máfia. Viveu seus últimos momentos pela equipe da Napoli, em que fez história, e terminou preso em Buenos Aires sob o efeito de drogas. Ainda voltou a jogar pelo Sevilla, claramente acima do peso, sem sucesso. Passou por Newell’s Old Boys e Boca Juniors e foi à Copa de 1994 (foi novamente pego no doping) antes de encerrar a carreira aos 37 anos como uma mera sombra do camisa 10 que encantou o mundo na década de 80.
Ronaldo
Em 2007, ano em que completou 31 anos, Ronaldo havia acabo de trocar o Real Madrid pelo então campeão europeu Milan. Pela equipe europeia, foram apenas 14 jogos e sete gols naquele ano. O brasileiro viria a se lesionar gravemente na temporada seguinte. Já havia muitas dúvidas em relação a seu futuro. No entanto, se não tinha mais condições físicas de atuar em alto nível na Europa, o “Fenômeno” mostrou que ainda ainda podia ser extremamente decisivo no futebol local. Jogando pelo Corinthians, entre 32 e 34 anos, brilhou nas conquistas de um Campeonato Paulista e uma Copa do Brasil e marcou 35 gols até sua aposentadoria em 2011. Sua última Bola de Ouro foi em 2002, aos 25 anos.
Garrincha
Aos 31, o “Anjo das Pernas Tortas” vivia seus últimos momentos de glória no Botafogo e, no ano seguinte, marcaria 12 temporadas no Rio de Janeiro e trocaria de alvinegro, rumando ao Corinthians. Na equipe paulista, que vivia um longo jejum de títulos, pouco fez: seus dribles já não surtiam efeito como antes e Garrincha marcou apenas dois gols em 13 partidas. Ainda assim, foi convocado para disputar sua última Copa do Mundo, na Inglaterra, e, já lutando contra sérias lesões no joelho, não brilhou. Ainda passaria por Flamengo e Olaria sem jamais passar perto dos feitos que o tornaram “a alegria do povo”.
Zico
Aos 31 anos, o Galinho se aventurava no futebol europeu e brilhava pela Udinese, após anos de Flamengo. A passagem pelo então competitivo Campeonato Italiano não renderia títulos, mas ainda assim muitos gols. No ano seguinte, retornaria ao rubro-negro a tempo de conquistar o Campeonato Carioca de 1986 e o Brasileirão de 1987. Aos 33 anos, disputou sua última Copa do Mundo. No México, Zico enfrentou dores e desperdiçou um pênalti na derrota para a França nas quartas de final.
Romário
O camisa 11 ainda vivia boa fase no futebol brasileiro brilhando pelo Flamengo, em empréstimo do Valencia, que tornava Romário o jogador mais bem pago da época. Entre idas e vindas da Espanha, acertou sua permanência definitiva no rubro-negro. Chegou a ser convocado para a Copa da França, mas acabou cortado por lesão. Nos anos seguintes, ainda conquistaria títulos importantes como a Mercosul e o Brasileirão pelo Vasco. Se aposentou apenas aos 42 anos, em 2008.
Adriano
O Imperador já havia governado e vivia a decadência do seu nome. Após fazer a festa na Itália e conquistar diversos títulos com a Inter de Milão, retornou ao futebol brasileiro para recuperar o prestígio. Foi contratado pelo Corinthians e ficou quase toda a temporada fora, mas apareceu em momentos crucias e participou do título brasileiro de 2011 do Timão. Em 2013, quando alcançou 31 anos de idade, estava sem clube, depois de tentar não conseguir engrenar no Flamengo. Nunca mais foi o Adriano que se tornou Imperador dentro de campo.
Robinho
Aos 31 anos, a cria da Vila largava o futebol italiano e voltava para casa. A saída do Milan e acerto com o Santos ainda renderia algumas boas atuações do brasileiro, que seria condenado por estupro no país europeu e mancharia sua carreira para sempre. Sem retorno ao futebol europeu, Robinho passou pela Turquia nos anos seguintes e, mais uma vez, acertaria seu retorno ao alvinegro praiano. No entanto, o episódio de violência e condenação faria com que a opinião pública pressionasse o Santos a rescindir com o atleta antes mesmo de Robinho entrar em campo.
Kaká
Depois de ser o grande nome do Milan, artilheiro e vencedor da Champions League, Kaká trocou a equipe italiana pelo Real Madrid. Em 2013, ao completar 31 anos, o brasileiro teve uma passagem discreta pela equipe espanhola e retornava ao Milan para uma despedida. Em seguida, desbravou o futebol dos Estados Unidos pelo Orlando City e ainda voltou para casa e jogou no São Paulo. O último título conquistado por Kaká foi justamente na temporada 2012-13, a Supertaça da Espanha, pelo Real Madrid.
Ronaldinho Gaúcho
Em 2011, o meia vivia seus últimos momentos no futebol europeu e trocava o Milan pelo Flamengo. A passagem sem títulos pelo Rio de Janeiro renderia uma transferência ao Atlético Mineiro mais tarde. Pelo Galo, Ronaldinho Gaúcho faria história ao conquistar o título da Libertadores em 2013, no último grande momento de sua carreira. Depois ainda passou por Querétaro, do México, e Fluminense. O brasileiro venceu a Bola de Ouro duas vezes, em 2004 e 2005, na faixa dos 25 anos.
Lionel Messi
Lionel Messi envelheceu bem e em 2018, quando acabara de completar 31 anos, seguia no seu mais alto nível. Atuando pelo Barcelona, foi campeão espanhol e somou 45 gols e 20 assistências em 54 partidas na temporada. O argentino já se aproximava da marca de 700 gols na carreira, em plena forma técnica, e ainda conquistaria duas vezes a Bola de Ouro (em 2019 e 2021). Depois de uma saída traumática da equipe catalã, passou pelo PSG e trocou o futebol europeu pelo Inter Miami, nos Estados Unidos. Em meio a isso, entrou para a história ao tirar o jejum da seleção argentina e ser campeão do mundo em 2022, na Copa do Catar. Pelé, Ronaldo, Maradona, entre outros, já têm suas obras concluídas e consagradas, mas a comparação a essas lendas com base na idade reforça ainda mais os feitos de Messi.
Cristiano Ronaldo
O português vivia seus últimos momentos de Real Madrid em 2016, quando completou 31 anos. Ainda assim, estava em alta e conquistava a segunda Champions League pela equipe merengue, sua terceira na carreira. Mais a frente, o gajo emendaria mais dois títulos da Orelhuda. Ainda seria eleito o melhor do mundo na temporada então atual e seguinte. Em 2015-16, foram 51 gols e 15 assistências de CR7 em 48 partidas. Cinco anos mais tarde, seria protagonista da Juventus, mas crises de bastidores tumultuaram a carreira do português em seguida, tanto pela seleção lusitana quanto pelo Manchester United, onde ficou pouco tempo. Em 2023, abriu as portas ao futebol árabe e se aventurou no Al-Nassr, da Arábia Saudita.
Zinedine Zidane
Em 2003, o francês esbanjava classe e elegância pelos gramados europeus. Seria campeão espanhol pelo Real Madrid, e responsável por 12 gols e 19 assistências na temporada merengue. O alto desempenho rendeu a Zidane a Bola de Ouro daquele ano, premiado como o melhor atleta da temporada. Nos anos seguintes viveria os últimos momentos da carreira. No ano seguinte, parou nas quartas de final da Eurocopa diante da Grécia e não conquistou títulos pela equipe galática. Ainda assim, seguiu com um dos melhores atletas do planeta até sua aposentadoria na Copa de 2006, ao perder a final para a Itália, sendo expulso na decisão.
Johan Cruyff
A temporada de 1978 marcou a aposentadoria da lenda holandesa, que não quis participar da Copa do Mundo na Argentina. Atuando pelo Barcelona, Cruyff conquistou a Copa do Rey. Mais tarde, voltando atrás na aposentadoria, decidiu se aventurar na liga americana, atuando pelo Los Angeles Aztecs, onde reencontrou seu mestre, o técnico Rinus Michels, e foi eleito o craque do campeonato. Em seguida, o craque holandês passou pelo Washington Diplomats antes de retornar a seu país, pelo qual conquistou títulos pelo Ajax e pelo Feyenoord até se aposentar aos 37 anos.
Di Stéfano
O compatriota de Messi e Maradona vivia o auge de sua popularidade em 1957, ano em que conquistaria a segunda de suas cinco taças da Liga dos Campeões consecutivas jogando pelo Real Madrid. Foi nessa mesma temporada que o argentino passaria a defender a seleção da Espanha. O ex-atacante, já tratado por Maradona como o maior jogador de todos tempos, fez 41 gols em 41 jogos na temporada 1956/1957, na qual completou 31 anos. Di Stéfano foi duas vezes eleito o Bola de Ouro oferecido pela revista France Football, a última em 1959, com 33 anos. Ele encerrou a carreira aos 40 anos, jogando pelo Espanyol, e morreu em 2014, aos 88.
