É Dunga quem diz: ‘Temos que descobrir mais Dungas’
Em entrevista a VEJA, o novo técnico da seleção diz que talentos como Neymar não aparecem a toda hora e por isso é necessário formar um grupo ‘forte, compacto e guerreiro’. ‘O importante é ter organização.’
Reconduzido ao comando da seleção, o gaúcho Carlos Caetano Bledorn Verri, o Dunga, de 50 anos, diz que a derrota nesta Copa mostrou que é preciso mudar o futebol brasileiro, sim, mas “com calma”. Em seu modo sem sutilezas, estilo que a CBF está tentando suavizar, Dunga reconhece que a maré de craques anda baixa, ataca a Lei Pelé e fala que há muito jogador por aí mais preocupado com a imagem do que com a bola. “Organização” foi a palavra que mais repetiu nesta entrevista, dada já em sua nova sala, no Rio de Janeiro, onde não faltaram as usuais frases feitas e citações ao ídolo Nelson Mandela.
A VIDA SEM CRAQUES
Convocar um time todo formado por gente muito jovem não vai resolver o problema. Nosso futebol não é terra arrasada. Aquele 7 a 1 contra a Alemanha foi uma fatalidade. Não acho que seja o caso de começar tudo do zero. É no contato com jogadores mais experientes que os novos experimentam o gosto de vencer e vão crescendo. Hoje, temos bons atletas que podem até virar craques, mas o Neymar sobressai. Só que talentos como ele, Romário, Ronaldo não aparecem toda hora. Por isso, temos de descobrir mais Dungas, mais Jorginhos e Mauros Silva, para formar um grupo forte, compacto, guerreiro. O importante é ter organização.
MAIS ESFORÇO
Todo mundo fala dos grandes ídolos da Copa de 70 – Pelé, Jairzinho, Carlos Alberto – como se só o talento tivesse levado à conquista da taça. Foi muito mais do que isso: aquela era uma equipe bem organizada, que sabia se defender, sabia atacar e se preparou fisicamente. Em 1994, o time podia não ser tão técnico, mas era organizado, tinha laterais que cruzavam, diversificação de jogo. Para mim, está claro que precisamos nos esforçar mais. Não podemos botar na cabeça de um menino de 14 anos que ele é gênio, que vai ganhar todas sem marcar nem correr.
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