Disputas entre os cartolas esfriam maior clássico de Minas
Brigas em torno dos preços dos ingressos e cargas disponíveis aos visitantes podem fazer com que segundo jogo entre Cruzeiro e Atlético também não lote
“É a maior covardia que fizeram em toda a história do clássico”, protesta o advogado Leonardo Tito, que costuma acompanhar o Atlético até em outros países
Os cartolas de Minas Gerais conseguiram o que parecia impossível: diminuir a empolgação que cerca o maior clássico da história do Estado. A final inédita da Copa do Brasil entre Atlético-MG e Cruzeiro, às 22 horas (de Brasília) desta quarta-feira, no Mineirão, já tem lugar garantido na história do futebol nacional. Mas a disputa travada pelos dirigentes dos dois clubes fora dos gramados, envolvendo os locais das partidas, os setores para visitantes e principalmente os preços dos ingressos, acabou esfriando a partida. Diante dos preços extorsivos dos bilhetes, o torcedor demonstra pouca motivação. O entusiasmo pela partida não causa a mesma mobilização de outros confrontos válidos até pelo corriqueiro e deficitário Campeonato Mineiro – pelo menos entre o torcedor de arquibancada, acostumado a acompanhar seu time de perto durante o ano todo.
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Para o segundo e decisivo jogo, a Polícia Militar de Minas Gerais definiu que os atleticanos terão à sua disposição apenas 1.854 ingressos – menos dos 10% que prevê o regulamento das competições no país. A diretoria atleticana cobra 6.271 bilhetes, conforme determinação do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD). Apenas no final da tarde desta terça os ingressos para os torcedores visitantes começaram a ser vendidos. Mesmo assim, a diretoria alvinegra alega que só recebeu 1.813 ingressos, ou seja, número inferior até ao que tinha sido determinado pela PM. O movimento nas bilheterias da sede do clube nem de longe lembra a véspera dos grandes clássicos.
Além de contar com muito menos de 10% da carga total de ingressos, porcentual estipulado no Regulamento Geral de Competições da CBF, o torcedor atleticano, acostumado a ter lugar cativo no Mineirão – palco histórico de grandes conquistas do clube, inclusive a recente Libertadores – será tratado pela PM como qualquer outra torcida de fora do Estado. Os atleticanos ficarão num pequeno setor, no alto do estádio, e o acesso só acontecerá depois de uma concentração no Ginásio do Mineirinho. A medida de segurança costuma ser adotada para isolar torcidas organizadas vindas de outras partes do país. “É a maior covardia que fizeram em toda a história do clássico”, protesta o advogado Leonardo Tito, que costuma acompanhar o Atlético até em outros países.
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A situação também não chega a ser empolgante para o torcedor comum do Cruzeiro. Ainda na esteira da conquista do título brasileiro, o cruzeirense não demonstra tanta motivação para incentivar o time na final da Copa do Brasil. Além de precisar reverter um quadro difícil em campo, o preço dos ingressos desanima o público. Na terça, quase não havia torcedores nas bilheterias do Mineirão. Cerca de 35.000 ingressos foram vendidos pela internet para os participantes do programa de sócio-torcedor. Ainda há cerca de 10.000 ingressos à disposição do cruzeirense nas bilheterias. Com os bilhetes mais baratos custando 400 reais (ou 200 reais para quem puder pagar meia-entrada) e os mais caros custando nada menos de 1.000 reais, há o risco de que a torcida não lote o Mineirão na final.
Foi assim também no jogo de ida, no acanhado Estádio Independência, quando apenas 18.578 pagantes assistiram ao jogo numa arena em que há capacidade para 23.000 pessoas, O Atlético cobrou entre 200 e 700 reais de seu torcedor. Não houve torcida visitante – a diretoria do Cruzeiro abriu mão dos bilhetes depois de uma queda-de-braço com os cartolas rivais. “Infelizmente, o torcedor, mais uma vez, ficou refém dos dirigentes”, reclama o torcedor cruzeirense Diego Souza, assíduo frequentador do Mineirão. Cerca de 3.100 policiais farão a segurança da decisão, no mesmo padrão adotado na Copa do Mundo. O Atlético tem grande vantagem depois de vencer por 2 a 0 na primeira partida. O time alvinegro pode perder até por dois gols de diferença, desde que marque um. O Cruzeiro precisa vencer por três gols de vantagem. Vitória cruzeirense por 2 a 0 leva o jogo para os pênaltis.
(Com Estadão Conteúdo)