Dirigente já ocupava a vaga de presidente interino desde a renúncia de Aidar. Leco deve investigar as denúncias de corrupção contra seu antecessor
Carlos Augusto de Barros e Silva, o Leco, ganhou, com ampla maioria, a eleição para a presidência do São Paulo nesta terça-feira. O dirigente, que ocupava o cargo interinamente após a renúncia de Carlos Miguel Aidar, derrotou Newton Ferreira por 138 a 36, com 19 votos em branco. A reunião extraordinária do Conselho Deliberativo teve presença de 193 dos 240 membros do órgão no Morumbi. O mandato de Leco vai até abril de 2017.
Leco é advogado, tem 77 anos e mais de 30 como conselheiro do São Paulo. Atuou na diretoria como superintendente de futebol e vice-presidente durante a gestão de Juvenal Juvêncio e, entre abril de 2014 e outubro deste ano, ocupou o cargo de presidente do Conselho Deliberativo enquanto Carlos Miguel Aidar esteve na presidência. Ao renunciar, o dirigente deixou o comando interino com Leco, que convocou as eleições e saiu como vencedor.
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Com um mandato até abril de 2017 e a possibilidade de concorrer à reeleição por duas vezes, Leco pode ficar sete anos e meio como presidente. No período inicial a tarefa do dirigente será reestruturar a diretoria, já que todos os membros pediram demissão coletiva no fim da gestão de Aidar. A tendência é o novo presidente compor a cúpula com antigos integrantes e chamar outros que haviam se desentendido com o antecessor.
O vice-presidente de futebol, Ataíde Gil Guerreiro, pivô da crise política de Aidar, já voltou ao cargo logo no primeiro dia da gestão interina de Leco. Outro a retornar foi o diretor executivo (CEO) Alex Bourgeois, demitido em setembro após uma briga durante reunião da cúpula são-paulina. A tendência é a volta também do gerente executivo de futebol Gustavo de Oliveira, sobrinho do ex-meia Raí, que saiu do clube em maio.
Na plataforma de campanha, Leco prometeu profissionalizar a gestão do São Paulo e deve ter como aliado para resolver a crise financeira o empresário Abílio Diniz, outro desafeto de Aidar. O clube tem uma dívida total de quase 300 milhões de reais e deve apostar na contratação de uma auditoria e montagem em grupos especiais de trabalho para conseguir melhorar o quadro.
Ataíde – Leco deve investigar as denúncias de corrupção que levaram a Aidar renunciar. O ex-presidente foi acusado por ex-membros da diretoria, especialmente por Ataíde Gil Guerreiro, de desviar dinheiro de contratações e elaborar contratos para favorecer a empresa de sua namorada, Cinira Maturana.
Ataíde, inclusive, revelou nesta terça que entregou ao Conselho Deliberativo do clube a gravação de uma conversa que teve com o ex-presidente Carlos Miguel Aidar. No áudio estão guardadas supostas informações do ex-dirigente sobre desvio de dinheiro de transferências e irregularidades durante seu um ano e meio de gestão.
“O áudio está entregue e vou até o fim no que eu comecei. Quero a apuração de tudo. Vou até o fim. Comigo não existe ‘acabar em pizza’. Se fosse para isso, não faria o que fiz até agora. Fiz um papel incomum no que faço normalmente. Quero levar até o fim”, avisou Ataíde, que brigou com Aidar em um hotel em São Paulo, conforme a coluna Radar On-line, do site de VEJA, informou com exclusividade.
(com Estadão Conteúdo)