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Bruno Lage: o português desejado pelo Atlético-MG que já venceu o United

Treinador esteve à frente de Benfica e Wolverhampton recentemente; PLACAR procurou referências na imprensa portuguesa sobre seu trabalho e carreira

Depois de anunciar a saída de Eduardo Coudet, o Atlético Mineiro segue em busca de um novo treinador. O nome da vez procurado pela diretoria atleticana é de Bruno Lage. Enquanto busca resolver a questão da assinatura da rescisão contratual com o argentino, o Galo fez proposta pelo português de 47 anos.

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Desempregado desde outubro de 2022, quando deixou o Wolverhampton, o técnico tem pouca experiência no futebol profissional. Além da passagem pelo clube inglês, treinou o Benfica, onde venceu o Campeonato Português da temporada 2018/19. Pelo time de Lisboa, viveu grande parte de sua carreira, tendo comandado também as categorias de base e o time B.

Apesar da existência de mercado na Europa e a desconfiança da imprensa portuguesa sobre o acerto entre Lage e Galo, o staff do treinador diz o contrário. Will Dantas, empresário responsável por representar o português no país, nega que o profissional veja com maus olhos uma vinda ao Brasil.

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Para melhor entendimento do perfil de Bruno Lage, PLACAR pesquisou momentos marcantes da carreira, aspectos do modelo de jogo e procurou referências na imprensa portuguesa. Confira:

Início

Bruno Lage treinou Bernardo Silva desde os 10 anos
Bruno Lage treinou Bernardo Silva desde os 10 anos

Diferente de grande parte dos seus companheiros de profissão, Lage não foi jogador. Filho de um técnico de ligas menores, Fernando Lage, ele iniciou a carreira no futebol ainda cedo, aos 21 anos.

A oportunidade chegou enquanto cursava em Educação Física em uma universidade de Setúbal, sua cidade natal. Na ocasião, recebeu a chance de ser preparador físico do juvenil do time e se destacou. No entanto, o grande momento ainda demorou sete anos para acontecer.

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Depois de passagens por clubes menores, assumiu o Benfica em 2004. Pelo time sub-11 da equipe de Lisboa, treinou Bernardo Silva, atual campeão europeu pelo Manchester City, e alternou entre as equipes infantil, sub-17 e sub-19. Nesse período, treinou também o goleiro brasileiro Ederson e o lateral português João Cancelo.

Recrutado para trabalhar como assistente de Carlos Carvalhal, treinador também cogitado no Brasil, Bruno Lage passou por Al Ahli, dos Emirados Árabes Unidos, Sheffield Wednesday, da Inglaterra, e Swansea City, do País de Gales.

Benfica e Wolves

Bruno Lage foi campeão português
Bruno Lage foi campeão português

Quando decidiu andar com as próprias pernas e assumir projetos mais ambiciosos, chegou ao time B do Benfica em 2018, enquanto a equipe principal derrapava com Rui Vitória. Assim, acabou conquistando a oportunidade de ser treinador de um dos clubes mais tradicionais da Europa.

Com impacto imediato e dando espaço para jogadores jovens, como João Félix, conduziu os Encarnados para o título português da temporada 2018/19. No ano seguinte, não conseguiu imprimir o mesmo sucesso e teve seu contrato encerrado.

Em seu novo destino, o Wolverhampton, da Inglaterra, teve um novo desafio. Acostumado com um 4-4-2, passou a usar o esquema com três zagueiros e levou os Lobos à 10ª posição da Premier League 2021/22, perto de uma vaga nas ligas da Europa. Mais uma vez, sem sucesso na temporada seguinte, deixou o clube. Durante seu período na Inglaterra, Lage levou perigo aos grandes: venceu o Manchester United e o Tottenham.

O que se fala em Portugal

Aos 47 anos, ainda é promissor na Europa

Para maior entendimento e uma visão local do trabalho, PLACAR foi atrás de referências portuguesas sobre o atleta. Entre os procurados, o jornalista Humberto Ferreira, do ZeroZero, apontou alguns pontos dos trabalhos de Lage e considerou o que precisaria ser mudado em uma possível vinda ao Brasil.

“Bruno Lage é um treinador com ideias muito fixas. A forma dele de jogar é baseada na posse de bola, gosta de construir o jogo com a bola nos pés desde a defesa até o ataque. É um treinador muito metódico, puxa muitos jogadores, gosta de potencializar as qualidades de cada jogador, mas é simultaneamente muito rígido. Ele tem pouca flexibilidade para alterar sua dinâmica de jogo mediante o que podem fazer os adversários, esse foi um dos problemas que teve em Portugal e na Inglaterra, assim como a forma de reagir a críticas pela imprensa. Nunca foi um treinador que gostasse muito das críticas ao seu trabalho. No Brasil cobram muito isso e vai ser importante perceber como Bruno Lage vai reagir a essas situações. Me recordo quando saiu do Wolves criticou o fato de não ter centroavantes disponíveis, que se tivesse essa possibilidade a equipe seria mais agressiva ofensivamente. Isso foi uma crítica que ele indiretamente cobrou a imprensa que dizia que a equipe marcava poucos gols. Ele tem pouco essa flexibilidade, mas no Brasil precisará de muito para ter sucesso. É um treinador muito capacitado, que trabalha muito bem, mas que tem que entender o local onde vai trabalhar”, analisou Ferreira.

Do mesmo site, Pedro Cunha relembrou o bom trabalho com as categorias de base e considerou o Atlético um bom passo. “Se for no Brasil, no Atlético Mineiro, me parece um bom passo para a carreira dele, embora que eu acredite que o Lage ainda tem coisas a provar aqui na Europa, mais concretamente em Portugal”.

Pascoal Sousa, jornalista do A Bola, considerou a boa relação de Bruno Lage com a imprensa, apesar de ressaltar que se trata de um personagem metódico. Sobre a escolha, ressaltou que os melhores trabalhos foram de impacto inicial: “Diria que é um excelente treinador de primeiro ano, mas uma excelente escolha para o Atlético. Acho que é um treinador que cai bem nesta estrutura de clube grande, exigente… aqui estamos na expectativa pois já temos sete portugueses na Série A, e ter o Bruno Lage seria interessante”.

Também procurado, Bruno Andrade, da CNN de Portugal, foi na contramão e citou que Lage tem aversão à comunicação. O jornalista, porém, não aposta em uma contratação do Galo, tendo em vista que enxerga o perfil mais voltado à Europa ou propostas astronômicas no Oriente Médio.

Andrade também lembrou de uma passagem de Bruno Lage, exaltando a capacidade de recuperar atletas: “Se for contratado, é um treinador que pode inovar, tirar proveito do Galo e recuperar alguns jogadores sem confiança, entre eles o Patrick. Ele foi o responsável por recuperar o Taarabt no Benfica, era um dos maiores salários do Benfica, teve alguns problemas extracampo, foi afastado pelo presidente Luís Filipe Vieira, que é decidido no que faz e chegou a anunciar publicamente que ele nunca mais jogaria no Benfica, relegou ele ao time B. Quando o Lage sobe, resolve dar uma chance a ele novamente, quase contra o presidente. E funcionou. Não foi espetacular, mas foi importante no esquema. Ele não desiste dos jogadores que estão em baixa”.

Modelo de jogo

Lage treinou o Wolves entre 2021 e 2022
Lage treinou o Wolves entre 2021 e 2022

Bruno Lage é adepto da formação 4-4-2, mas tem facilidade de se adaptar bem a um contexto, como foi no Wolves, quando usou um 3-4-2-1.

Na construção ofensiva, inicia de trás com o primeiro volante formando uma linha de três junto aos zagueiros. Nesse modelo, o segundo volante é o responsável por encontrar espaço nas costas da primeira linha de pressão, enquanto os laterais abrem o campo e dois homens tentam se posicionar como armadores.

Os meias abertos são bastante ofensivos e chegam com força na área. Essas peças não costumam se posicionar colados nas linhas laterais, mas sim entre as linhas adversárias. Quando atuou com dois atacantes, um foi mais centralizado, fixo, e outro mais leve, para flutuar.

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