Argentina x Alemanha: a muralha e a máquina de gols
Alemanha e Argentina fizeram no sábado seus últimos treinamentos antes da finalíssima da Copa do Mundo (por causa das fortes chuvas dos últimos dias no Rio de Janeiro, as atividades foram transferidas do Maracanã para São Januário, preservando o gramado do palco da decisão). Nesse ajuste final para o tira-teima entre alemães e argentinos (que […]
Alemanha e Argentina fizeram no sábado seus últimos treinamentos antes da finalíssima da Copa do Mundo (por causa das fortes chuvas dos últimos dias no Rio de Janeiro, as atividades foram transferidas do Maracanã para São Januário, preservando o gramado do palco da decisão). Nesse ajuste final para o tira-teima entre alemães e argentinos (que já decidiram outros dois Mundiais, com uma vitória para cada lado), os dois técnicos, Alejandro Sabella e Joachim Löw, tiveram desafios bem diferentes. O representante sul-americano na final encarava a missão de preparar seu sistema defensivo para lidar com uma seleção que marcou dezessete gols em seis jogos, incluindo sete no Brasil e quatro em Portugal. Já os europeus tentavam achar brechas numa defesa que só foi furada em três ocasiões durante a campanha toda – e nenhuma delas desde o início da fase eliminatória. A Argentina passou por Suíça e Bélgica com vitórias por 1 a 0 e despachou a Holanda nos pênaltis, depois de um morno 0 a 0. Com quatro jogos sem ser vazada na Copa, a Argentina permitiu apenas dezoito finalizações dos adversários (a Alemanha foi alvo de 27), desarmou 102 vezes (contra 93 dos rivais na final) e ganhou 387 divididas (contra as 319 acumuladas pelos alemães). Ainda assim, é uma seleção menos faltosa que a alemã: cometeu 61 infrações contra 71 dos europeus.
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Nas estatísticas ofensivas, porém, a Alemanha mostra por que foi capaz de atropelar o Brasil sem piedade na semi. Com 43 finalizações no torneio, dez a mais que a Argentina, a seleção de Joachim Löw acerta o alvo em 62% de suas tentativas (contra 45% dos sul-americanos). A cada quatro arremates, a Alemanha fez um gol (o aproveitamento dos argentinos é de um gol a cada dez finalizações). Não é só o ataque alemão que impressiona: o meio formado por Khedira, Schweinsteiger e Toni Kroos tem sido o setor que decide os jogos para os tricampeões mundiais. A equipe soma 3.113 passes na Copa, com 86% de acerto (a Argentina passou 2.642 vezes, acertando 85%). Para tentar dificultar o trabalho dos alemães, Sabella deverá manter duas novidades que deram certo na segunda fase da Copa: o volante Biglia, que acertou a marcação no meio fazendo dupla com Mascherano, e o meia Pérez, que substituiu Ángel Dí María, machucado, fazendo um bom trabalho coletivo. Mas que ninguém espere um jogo de ataque contra defesa neste domingo: apesar de sua postura cautelosa e do sistema de marcação fortíssimo, a Argentina sabe que não deve se encolher diante dos alemães, sob pena de reeditar o massacre sofrido pelo Brasil em Belo Horizonte. A aposta, evidentemente, é em Lionel Messi, que deverá cair pelo lado direito, explorando a lentidão e as limitações técnicas do atleta menos brilhante da poderosa Alemanha: o discreto lateral esquerdo Benedikt Höwedes, zagueiro improvisado que tem feito apresentações apenas modestas neste Mundial. São confrontos que deverão decidir o título – e que serão analisados e discutidos nas concentrações e nos vestiários, nas horas que antecedem o encerramento da vigésima Copa do Mundo.