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Abel critica gramados do Brasil como um todo: ‘Se fiscalizar, passam um ou dois’

Em discurso de sete minutos, técnico do Palmeiras enalteceu protesto de atletas, mas ressaltou que sintéticos são apenas parte do problema

O técnico Abel Ferreira, do Palmeiras, fez um longo pronunciamento sobre a polêmica da semana, o protesto de atletas como Neymar, Lucas Moura, Thiago Silva e outros sobre o uso de gramados sintéticos. Logo após o triunfo por 3 a 1 do Verdão sobre o Botafogo-SP, no piso artificial do Allianz Parque, o português disse respeitar a manifestação dos jogadores, mas ressaltou que a qualidade dos gramados naturais do país é baixíssima.

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Segundo Abel, os jogadores deveriam se unir também para tratar de temas como fair play financeiro e profissionalização da arbitragem, e defendeu a criação de uma liga que regularizasse (e punisse) infrações deste tipo. O treinador palmeirense ainda disse que apenas um ou dois gramados no Brasil passariam em um teste de qualidade como o feito pela Uefa. Ele não citou quais, mas em entrevistas anteriores já havia elogiado diversas vezes a Neo Química Arena, do Corinthians.

Confira, abaixo, os principais trechos do depoimento de Abel sobre os gramados:

O que Abel disse sobre gramados sintéticos

“A pergunta que vocês têm que fazer é: por que o Atlético-MG fez uma arena nova, colocou gramado novo e vai trocar para o sintético? Não está escrito em lugar nenhum, cientificamente, que um gramado sintético provoca mais lesões em relação a um gramado natural ruim, que é o que acontece aqui. Entendo o Neymar. Estivemos no Mundial, vocês viram a qualidade da grama natural. É melhor que o carpete da minha casa. Desculpem, mas se a Uefa viesse aqui fiscalizar os gramados do Brasil, passaria um ou dois. Eu não tenho dúvidas: se me perguntam, eu gosto tudo natural. É o que mais gosto.”

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“Sabem quantas vezes já joguei no Maracanã, um dos estádios mais míticos do mundo? Umas quatro ou cinco. Sabem quantas vezes o gramado estava médio? Zero. Joguei lá uma vez com o gramado mais ou menos na final da Libertadores, quando a Conmebol falou que precisava de um mês para cuidar do gramado. O problema das lesões não é o sintético. O que acontece no sintético é que, em termos de articulação, o jogador sofre mais, mas ele é uniforme e sem buracos. Ninguém vai me levar a mal, mas quando vamos ao Castelão, só peço para meus jogadores não torcerem os pés. A questão não é sintético ou natural, é competência, qualidade ou rigor. Quando falamos de gramado europeu, é porque eles investem. Não estou defendendo nada, mas só quero que vocês me digam os gramados tops do Brasil. Tem um, que não vou dizer de quem é, mas já falei 500 vezes. Façam todos iguais, se fizerem, ok, mas é mentira, ninguém vai fazer. Por que os clubes estão trazendo o sintético? Não há condições de um gramado natural acompanhar a densidade de jogos do Brasil.”

Abel aprova protesto dos atletas

“É como ter uma Ferrari e andar em uma pista esburacada. É o que acontece no Brasil. Parabéns aos jogadores, concordo com eles, adoro quando eles se unem em torno de uma causa. Está tudo certo, falem dos gramados, dos salários atrasados, do fair play financeiro, da profissionalização dos árbitros… não há problema. Eu também estou no Brasil e já posso pedir passaporte. Vou falar dos cinco anos que estou aqui: aqui, todo mundo fala, mas fazer… quando é preciso fazer as coisas no futebol, zero.”

A polêmica contada por PLACAR

Em agosto de 2023, em matéria publicada na edição 1502, a PLACAR contou como a onda de campos artificiais que começava a invadir o país dividia opiniões. A reportagem assinada por Luiz Felipe Castro e Maria Fernanda Lemos, questionava: “Herói ou vilão?”. Lembrando que as principais ligas de futebol europeias proíbem o uso em suas primeiras divisões.

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Na ocasião, nomes como o dos técnicos Luís Castro, Abel Ferreira e Renato Gaúcho, além de cartolas como Ronaldo, então sócio-majoritário da SAF do Cruzeiro, Mário Bittencourt, presidente do Fluminense, e Marcos Braz, vice de futebol do Flamengo, opinaram sobre a polêmica – sem consenso.

A reportagem ainda visitou o gramado artificial do Bruno José Daniel, casa do Santo André, para entender na prática a grama instalada pelo clube do ABC Paulista, a mesma do Allianz, e com custo de R$ 3,7 milhões da prefeitura local e manutenção mensal de R$ 15.000

Reportagem sobre gramados artificiais na PLACAR de agosto / Reprodução
Reportagem sobre gramados artificiais na PLACAR de agosto de 2023 – Reprodução/Placar

 

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