A volta de Cuca ao Palmeiras: sem sorrisos, nem promessas
Treinador tentou tirar a pressão da equipe por títulos e disse que carinho pelo clube e conhecimento da casa foram decisivos para seu retorno
O técnico Cuca retornou ao Palmeiras nesta terça-feira, pouco mais de cinco meses depois de conquistar o título brasileiro pela equipe. Sua apresentação foi digna de um ídolo, com a sala lotada de jornalistas, mas seu semblante de preocupação contrastava com a animação de torcedores e dirigentes com seu retorno. O treinador se esforçou para conter a pressão em relação a conquistas importantes, sobretudo a Libertadores. “Temos necessidade de buscar o título, mas não obrigação.”
Cuca posou com o novo uniforme do clube e recebeu as boas-vindas do presidente Maurício Galiotte e de Leila Pereira, dona dos patrocinadores do clube, e admitiu ter tido dúvidas para aceitar o convite da diretoria após a demissão de Eduardo Baptista.
“Estava com alguma dúvida, sinceramente, em voltar, porque é muito precoce, muito em cima. (…) Um dos motivos principais que me fez vir foi o conhecimento de casa que tenho. É um trabalho muito difícil, uma responsabilidade ainda maior, mas com conhecimento de casa bom, o que abrevia o trabalho. Todos sabem o carinho que tenho pelo clube”, disse o técnico, que dirigiu o Palmeiras na conquista do Brasileirão de 2016, quebrando um jejum de 22 anos.
O treinador, que no ano passado “prometeu” a conquista do Brasileirão logo no início do torneio, desta vez acredita que o time precisa de mais tranquilidade. “Hoje, se o Palmeiras ganhar de 1 x 0 será questionado, porque não convenceu. (…) Vendo de fora, acho que é algo desnecessário puxar isso. A responsabilidade existe, não precisa falar nela todo dia.”
Um raro momento em que Cuca se permitiu esboçar um sorriso foi quando perguntado sobre sua calça vinho, um sucesso entre os palmeirenses. “Eu deixei essa calça com o Palmeiras, o pessoal me pediu e eu deixei, 350 reais”, comentou, sem dizer se comprará um novo amuleto ou pedirá a roupa de volta.
Abaixo, outros trechos da entrevista:
Eduardo Baptista – “O Eduardo passou uma sensação muito boa para quem assistia aos jogos, sobre ficar com a posse de bola, controlar o jogo. Infelizmente, não chegou à final paulista. Em diversas ocasiões, a gente viu o Palmeiras jogando bem, buscando o resultado, com alma. Particularmente, acho que ele fez um trabalho bom (…) Com certeza em breve ele estará trabalhando em um grande clube de novo.
Pressão desnecessária – O Palmeiras se autopressionou por achar que vai ganhar tudo. Acho que foi prejudicial até para o Eduardo, porque no primeiro campeonato que ele não ganhou teve cobrança muito grande. E ele tinha campanha muito boa em percentual de pontos. Isso atinge o treinador, o jogador, que fica pressionado. O Palmeiras investiu muito, mas o futebol não é assim”
Sequência no trabalho – “Aquela equipe está aí, foi a melhor do Paulista em pontos. Teve um dia ruim em Campinas e acabou ficando fora. É uma continuação do Eduardo. Uma ou outra coisa minha, que eu vou pôr. O jogador tem de entender que em competição de mata-mata, não tem direito de ter dia ruim, senão fica fora.”
Relacionamento com o elenco – “Mas sempre tive ambiente bom. Nunca briguei com Alexandre Mattos ou jogador. Tem situações que você tem que pôr o dedo, e eu faço isso, como posso voltar a fazer, sempre no afã de melhorar o time, o jogador ou a pessoa.”