A história dos técnicos platinos no Recife
Dante Bianchi e Ricardo Diez foram os que mais tempo permaneceram no estado
Teve um tempo em que, no futebol de Pernambuco, era bom ter à frente do time um treinador de origem platina, uruguaio ou argentino.
Foi assim na transição do amadorismo para o futebol profissional. E logo depois, nos primeiros anos de profissionalismo, e de modo ainda mais acentuado na década de 50. Em 1952, chegou a ter três: Dante Bianchi, argentino, no América, e os uruguaios Felix Magno, no Santa Cruz e Ricardo Diez, no Sport.
Foi quando o Náutico, dono da hegemonia do futebol do estado − era bicampeão e seria tricampeão invicto − tinha no comando o técnico José Mariano Carneiro Pessoa, recifense do bairro da Encruzilhada. Palmeira – era esse o seu apelido, compatível com sua personalidade forte, um tipo difícil de dobrar, alto e espigado como uma palmeira imperial – foi um papa-título. Bicampeão em 46-47 com o Santa Cruz, seria tri naquele ano com o Náutico, e bi com o Sport, em 61-62. Autoritário e de não levar desaforo para casa, naquele ano teve de suar a camisa para suplantar os técnicos da região do Rio da Prata.
Antes, bem antes, já estiveram trabalhando no Recife dois uruguaios, esses bem-sucedidos, Carlos Viola e Umberto Cabelli. Viola, campeão pelo Sport em 1928; Cabelli, vencedor com o Náutico em 39. Bianchi e Ricardo Diez, dois dos três derrotados por Palmeira, chegaram a ser campeões no estado. Ambos como no Sport. Diez, um pouco antes em 1941, com um time que tinha no comando do ataque Ademir, futuro artilheiro da Copa de 50; Bianchi, mais adiante, nos anos 50, dirigindo um time que revelava outro recém-saído da base, o goleiro Manga.
Depois, no correr dos tempos, o que não faltou foi gringo nascido às margens do Prata dirigindo time em Pernambuco: Valentin Navamuel, Alfredo González, Filpo Nuñez, José Poy, Armando Reganneschi, Raúl Betancor, Berrascochéa, a lista é grande. Dante Bianchi e Ricardo Diez foram os que mais tempo permaneceram no estado.
Dante, o mais pernambucano dos platinos; Diez, o que mais soube tirar proveito da língua estrangeira. Costumava dizer, mesmo depois de tantos anos, que era bom manter o sotaque enrolado, o portunhol. Impressionava os repórteres e cercava de mistério a sua fala, fazendo não só o torcedor mas também seu jogador acreditar mais, mesmo sem entender bem, no queestava dizendo.