Por que Rodri venceu a Bola de Ouro de 2024?
Volante do Manchester City não figurou em seleção da Champions League, mas ganhou força após título da Eurocopa e venceu a concorrência de Vinicius Jr.
A Bola de Ouro de 2024 é de Rodri. O volante do Manchester City e da seleção da Espanha foi eleito o melhor jogador do mundo da temporada 2023/24, em cerimônia realizada pela France Football e pela Uefa, no Théâtre du Châtelet, em Paris.
O atleta de 28 anos venceu a disputa que contou com a votação de jornalistas especializados dos países que ocupam as 100 primeiras posições do Ranking da Fifa. Assim, o meio-campista superou concorrentes como Vinicius Júnior, Jude Bellingham e Daniel Carvajal, todos eles do Real Madrid.
O principal candidato para disputar a premiação com Rodri era Vini Jr. No entanto, o espanhol superou o brasileiro, em decisão que conta com grande peso da última Eurocopa, competição na qual terminou com o título e o troféu de melhor jogador.
Além disso, o volante contou com uma temporada vitoriosa pelo seu clube. Com a camisa do Manchester City, venceu mais um Campeonato Inglês, sendo titular em 34 dos 38 jogos da campanha.
Superando as expectativas
Ao fim da temporada de clubes, porém, Rodri não estava entre os nomes mais badalados. Essa realidade fica mais clara ao considerar que atleta sequer no time-ideal da última Champions League, torneio que costuma impactar positivamente nas votações da Bola de Ouro.
Da mesma forma, o brilho de Vinicius Júnior na final da Liga dos Campeões, com direito a gol, parecia tirar o espanhol do páreo. À época, Bellingham, um dos concorrentes ao posto de melhor do mundo, chegou a puxar coro enaltecendo o camisa 7 madridista.
Por outro lado, a disputa da Euro ainda reservava surpresas. A competição de seleções teve valor ainda mais especial pela realização simultânea da Copa América, onde o brasileiro não brilhou e viu a seleção brasileira cair nas quartas de final, justamente em jogo que esteve ausente por suspensão.
O volante aproveitou, foi titular em seis dos sete jogos na campanha, e entrou na briga. A taça, que entrou no período de avaliação, foi um fator a ser considerado, da mesma forma que uma antipatia geral contra o seu principal candidato, que tem como um dos frutos o seu ativismo antirracista.
Esse ponto foi considerado na edição de agosto de PLACAR, que ouviu 60 jornalistas de 21 países. Na matéria da revista, a perda do favoritismo ficou ainda mais clara, especialmente com a “vitória” de Rodri na votação, que seguiu os mesmos moldes de pontuação da Bola de Ouro.
Queridinho de Guardiola
É impossível desassociar a Bola de Ouro de Rodri e Pep Guardiola, seu treinador no Manchester City. Foi sob comando do catalão que o volante foi contratado pelo clube inglês, na temporada 2019/20, junto ao Atlético de Madrid.
O meio-campista, desde que desembarcou na Inglaterra, assumiu papel de protagonismo no modelo tático. De consistência defensiva, bom passe e capacidade de finalização de média/longa distância, é um pilar da ideia de Guardiola, que presa pelo controle da partida mediante a posse da bola.
Logo, ao todo, somou 260 jogos pelos citizens, com 191 vitórias, 40 empates e apenas 29 derrotas. Esses números representam um aproveitamento de 78,6% dos pontos. Enquanto isso, nas 52 partidas que Rodri não pôde atuar, o rendimento cai para 71%.
Para acima das estatísticas, o jogador do Manchester City já recebeu rasgados elogios do técnico. “Ele sempre tem a habilidade de aparecer em momentos importantes e fazer gols. É um jogador incrível. É o melhor volante do mundo de longe, porque é capaz de fazer tudo”, disse em uma das vezes que levantou voz a favor de seu jogador.
O extracampo pesou?
Em outro momento, ainda no início da passagem de Rodri pelo City, Guardiola falou de aspectos que vão além do desempenho e chegou a polemizar ao falar do volante. “Não tem brincos nem tatuagens, e o cabelo é de um meio-campo. Um volante deve ser assim e não pensar no resto”, comentou.
Essa fala de 2019, no entanto, casa com um discurso que cresceu entre defensores da Bola de Ouro para o espanhol. Nesta segunda-feira, 28, a linha de “bom-moço” chegou até à imprensa, quando o jornalista Luis Miguel Sanz opinou no Diário Sport, da Espanha, justificando-sw o extracampo.
“A conquista de títulos e o desempenho no futebol são importantes, mas também a pessoa e os valores que ele (Rodri) representa. E aqui, Vinicius tem muito que aprender. Porque os seus contínuos protestos e provocações, os seus atos repreensíveis em campo e a sensação de que não está a aprender certamente lhe tiraram os votos”, escreveu, fazendo referência à luta antirracista do brasileiro.