Mano comemora a evolução, mas avisa: ainda falta muito
‘Precisamos percorrer outra parte do caminho para alcançar quem ainda está na nossa frente’, admite o técnico depois da boa vitória sobre o Japão, por 4 a 0
“Agora a seleção chegará a uma fase em que a saída de um jogador não vai mudar muito o rendimento” “Já convivemos bem com as críticas. Vamos conviver da mesma forma com os elogios”
Satisfeito com o desempenho da seleção brasileira e aliviado com o resultado das mudanças que promoveu na equipe titular, o técnico Mano Menezes comemorou a goleada por 4 a 0 diante do Japão, nesta terça-feira, na cidade polonesa de Wroclaw – e deu pistas de que manterá essa mesma formação nos próximos compromissos do time (amistosos contra a Colômbia, no fim deste ano, e Inglaterra, no início do próximo). “Estamos trabalhando com essa ideia de deixar a seleção sem uma referência há tempos”, disse o treinador sobre a escalação do meia Kaká no lugar de um centroavante fixo. “Não havia encaixado até agora, mas enfim achamos jogadores de meio que permitem isso. Isso requer mais entendimento de jogo. Mas agora a seleção chegará a uma fase em que a saída de um jogador não vai mudar muito o rendimento”, aposta.
Kaká retornou à seleção depois de dois anos afastado. A entrada do meia contra Iraque e Japão deixou a equipe sem uma referência na frente, mas deu a criatividade que vinha faltando à equipe. Outra mudança que surtiu efeito foi a entrada de Paulinho. Ao lado de Ramires, o jogador do Corinthians compõe uma dupla de volantes capaz de marcar firme e também chegar ao ataque. “Contra o Japão estava até um pouco mais propício para usar dois volantes que atacam, já que tínhamos um zagueiro, Leandro Castán, improvisado na lateral. Acredito muito em uma equipe equilibrada. Não é possível jogar com dois volantes assim se os meias não ajudam na marcação. A ausência de um atacante de referência também ajuda nisso”, comentou Mano.
Técnica e força – O treinador ainda explicou a opção por manter Hulk, mesmo com o atacante apresentando um desempenho inferior ao trio Kaká, Oscar e Neymar. “Temos nas outras três funções do ataque atletas técnicos. Não se faz uma equipe com jogadores só dessa característica. O Hulk tem força física, pode fazer uma jogada diferente dos demais e complementa a característica dos outros, que são muito habilidosos”, justificou. “A gente vem trabalhando na busca de uma seleção ideal. Tivemos alguns percalços no meio do caminho, mas estamos nos aproximando do que imaginávamos. É óbvio que fazer dez gols em dois jogos é fora da normalidade. Mas o mais importante é que a seleção produziu para fazer esses dez gols. E isso é mérito de uma formação que vai se encaixando.”
Apesar do otimismo, Mano Menezes promete combater qualquer sinal de euforia – até porque o Brasil ainda precisa ser testado contra seleções mais fortes. “Já convivemos bem com as críticas. Vamos conviver da mesma forma com os elogios. Sabemos que precisamos percorrer a outra parte do caminho para alcançar as seleções que estão à nossa frente”, reconheceu, em referência principalmente à Espanha, ainda apontada pela maioria como melhor seleção do planeta na atualidade. O técnico prevê um 2013 melhor do que a temporada que está terminando. “E minha satisfação pessoal é com a seleção inteira, não só com esse novo quarteto de frente. Não é possível separar uma equipe por compartimentos. Futebol é conjunto. O Brasil vem crescendo como time, e isso é visível.”
(Com Agência Estado e agência Gazeta Press)