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Fagner, o lateral que virou cantor, já lotou o Castelão

O músico escreve sobre futebol, Fortaleza e o estádio que será palco do segundo jogo do Brasil na Copa das Confederações, nesta quarta, contra o México

“Fortaleza tem muitas dificuldades – mobilidade urbana, saúde, violência -, mas essa Copa chega em um momento especial, para que nossas necessidades venham a ser resolvidas”

Apesar de um forte laço com Orós, nasci em Fortaleza. Minha ligação com o futebol sempre existiu, desde garoto. Estudei em um colégio em Fortaleza que tinha muita atividade esportiva e também muita música. Os padres do colégio fabricavam guitarras. Foi lá que ganhei minha primeira guitarra. Éramos muito incentivados a fazer arte. Eu me criei nesse ambiente, com muito esporte e muita música ao redor. De qualquer forma, sempre fui muito ligado ao futebol, tinha time de futebol no bairro, jogava bastante. E ao mesmo tempo eu participava bastante de programas de calouros no rádio e sempre me envolvi muito com o universo da música. Ficava dividido entre uma coisa e outra – mas acabei pendendo para o lado da música. Aí acabei compondo, participando de festivais e conhecendo meus parceiros de composição. Em Brasília, ganhei um festival que me motivou a morar no Rio.

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Eu fui descoberto pela Elis (Regina) e um tempo depois, no Rio de Janeiro, fui morar com o jogador Afonsinho, o precursor dos direitos dos jogadores de futebol, o cara que motivou a Lei do Passe. O Afonsinho formou à época um time chamado “Trem da Alegria”, que misturava artistas e jogadores. Aí ele começou a me pôr para jogar… Comecei jogando pelas laterais, depois foram me colocando para jogar na frente. Com o convívio de muitos jogadores, acabei me aproximando bastante do Zico, de quem sou muito amigo até hoje.

Em 1981, para comemorar seis discos de ouro e dois de platina que eu havia recebido, juntei, em um jogo amistoso no Castelão, jogadores das gerações de 1970 e 1982. Foi a primeira vez que o Castelão foi usado como “arena”: fizemos uma festa que contou com Sócrates, Zico, Rivellino, Toninho Cerezo… O público foi de 20.000 pessoas.

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Sobre a Copa das Confederações, primeiro preciso lamentar que nós não tenhamos em Fortaleza um clube na primeira divisão. Temos grandes públicos, o cearense gosta muito de futebol. Fortaleza tem muito a ganhar com o evento, é um dos maiores destinos turísticos do Brasil, é uma cidade que cresceu demais. Hoje ela tem muitas dificuldades – mobilidade urbana, saúde, violência -, mas essa Copa chega em um momento especial, para que nossas necessidades venham a ser resolvidas. Não tenho dúvida de que, graças à hospitalidade do cearense, depois dessa Copa Fortaleza vai se firmar como o maior destino do Norte/Nordeste. Um evento como esse fará com que as pessoas conheçam a tradição de um povo muito moleque, que sabe receber muito bem.

Já sobre a seleção, acredito que quem joga em casa é o favorito. Mesmo com todo esse desacerto que mostra a seleção – ninguém sabe qual é o time -, ainda somos os favoritos. Temos os melhores jogadores, mesmo entre os times que atuam fora do país. Há tudo para fazer uma grande seleção na Copa das Confederações. Se não ganharmos, podemos já nos credenciar para a vitória em 2014. Ainda alimentados o trauma de 1950, mas a gente percebe que, apesar de não termos time já formado por causa do desacerto de calendário e das diferenças do futebol brasileiro para o europeu, o favoritismo é real. O Felipão está agora procurando jogadores que exerçam uma liderança em campo. Nós temos condição de montar um time que, com a ajuda do povo brasileiro, no país do futebol, venha a fazer uma tremenda exibição na Copa das Confederações.

Copa das Confederações
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