‘Estamos no caminho certo’, diz o presidente do Palmeiras
Segundo Arnaldo Tirone, que nega ser o culpado, ‘tudo foi feito corretamente’
“A gente não pode ser conivente com algumas coisas, que vou falar internamente”, disse o técnico Gilson Kleina, cobrando mudanças como condição para permanecer
Com lágrimas nos olhos e o semblante assustado, o presidente do Palmeiras, Arnaldo Tirone, tentou explicar a queda para a série B do Campeonato Brasileiro, na noite de domingo. Na ânsia de tentar passar tranquilidade para os torcedores, mostrou um otimismo que pegou muita gente de surpresa – e passou a impressão de que o time não havia acabado de sofrer a humilhação do rebaixamento. “Estamos todos tristes pelo que aconteceu, claro, mas a verdade é que estamos no caminho certo”, disse o cartola. “Hoje o clube está mais tranquilo, as contas estão em dia e tudo o que era necessário fazer nós fizemos corretamente.” Depois dessa avaliação elogiosa, o dirigente apontou qual foi, na sua opinião, o fator determinante para a queda. E acabou indicando que, pelos seus critérios, o Palmeiras é vítima de seu próprio sucesso.
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“O nosso problema foi acomodação após o título da Copa do Brasil”, explicou. Tirone também citou o grande número de lesões e a perda dos mandos de campo na reta final da competição como fatores decisivos. “Com tudo isso, fica difícil.” O presidente voltou a dizer que não se sente culpado pelo que aconteceu. “Eu seria culpado se não tivesse dado o máximo de mim. Não me sinto culpado, apenas responsável pelas coisas, como todos do clube.” Ele também fez uma promessa para a torcida palmeirense. “Sei que a torcida está chorando, mas no futuro eles vão sorrir, porque o Palmeiras vai continuar sendo grande e voltaremos a dar alegrias para eles. Aos rivais, eu digo que quem está rindo ainda vai chorar ao ver o nosso sucesso.”
Apesar da intensa pressão dos torcedores, principalmente os integrantes das torcidas organizadas, Tirone repetiu que não teme reações exaltadas dos mais fanáticos. “Estou triste pela situação do Palmeiras, mas nem um pouco desconfortável com ameaças. Não estou falando que sou corajoso, sou uma pessoa normal. Mas estou preocupado mesmo é com o Palmeiras.” Em seguida, ele pediu o apoio dos torcedores à instituição, mesmo neste momento difícil. “Nós, que somos palmeirenses, temos de ser palmeirenses na alegria e na tristeza. Todos têm de entender que precisamos ajudar o Palmeiras. Não adianta depredar o clube, ir para lá para brigar.” Depois da partida em Volta Redonda, o policiamento na sede do clube foi reforçado. Frequente alvo de pichações e protestos, o local ficou a salvo na madrugada desta segunda por causa da presença dos policiais.
Mudanças – O técnico Gilson Kleina não cumpriu a missão de evitar o rebaixamento, mas sinalizou com a possibilidade de continuar no Palmeiras. Segundo ele, a análise de seu trabalho não deve levar em conta apenas a queda para a série B e os números da equipe sob seu comando (treze jogos, com cinco vitórias, seis derrotas e um empate). “A avaliação tem de ser minuciosa. É preciso ter atitude, e a atitude passa por nós. Ninguém é dono da verdade, mas a gente não pode ser conivente com algumas coisas, que vou falar internamente”, disse o treinador, cobrando mudanças para a temporada 2013. Apesar do tom crítico, Kleina fez elogios a Tirone, que, segundo o treinador, “está tentando fazer o que a torcida quer”.
O técnico gostaria de saber se os futuros candidatos à presidência na eleição de janeiro pensam em deixá-lo no cargo. Independentemente disso, promete entregar um plano de trabalho para o ano que vem. “Se nós pudéssemos antecipar alguma coisa com eles, é claro que eu gostaria, mas é política, não tem como. O que eu vou procurar fazer é um planejamento, dentro das minhas convicções. O futuro não pertence a mim.” Essas idéias, diz o técnico, vão muito além da Taça Libertadores. De olho na temporada completa, que será fechada com a disputa da série B, ele gostaria de trabalhar com um elenco mais forte, inclusive fisicamente. “Mudaram alguns conceitos no futebol. O jogo está mais rápido, mais físico. A gente tem que ser forte no início, no meio e no fim. Não adianta ser forte só no início”, opinou o treinador, em referência ao grande número de gols sofridos nos minutos finais de cada etapa de jogo.
(Com Estadão Conteúdo e agência Gazeta Press)