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Cielo não repete Pequim e fica só com bronze nos 50 livre

Nadador era favorito ao bi olímpico – mas teve de se contentar com um terceiro lugar. Bruno Fratus foi quarto colocado na prova, vencida por francês Manadou

O brasileiro admitiu ter ficado “sem pernas” para alcançar o francês. Abatido, confessou que o cansaço acumulado em quatro dias consecutivos de provas, entre eliminatórias, semifinais e finais, foi seu maior inimigo em Londres

César Cielo Filho, o maior nadador brasileiro, não confirmou seu favoritismo e não repetiu Pequim-2008 – mas conseguiu o seu terceiro pódio olímpico nesta sexta-feira, em Londres, ao ficar com o bronze nos 50 metros nado livre, marcando 21s59. Campeão olímpico e bicampeão mundial da prova, Cielo é também o recordista mundial da distância, mas ficou atrás de Florent Manaudou, da França (21s34), e Cullen Jones, dos Estados Unidos (21s54), na disputa desta sexta. Com a conquista da medalha de Cielo, o Brasil soma seis pódios em Londres-2012 – são quatro do judô e dois da natação. O outro brasileiro na final dos 50 livre, Bruno Fratus, foi o quarto colocado. Cielo carregava a ingrata responsabilidade de ser favorito numa prova decidida por décimos de segundo. Mas a expectativa de vitória do brasileiro era inevitável, pois Cielo fez mais do que o suficiente para justificar essa reputação. A começar pelo retrospecto na prova: desde que foi campeão olímpico, há quatro anos, Cielo não tinha sido derrotado nos 50 metros livre em nenhuma competição importante. Ele defendia essa invencibilidade nadando na raia 4 (fez o melhor tempo das semifinais). Fratus estava na raia 6. Mas foi Manaudou, estreante na prova em Olimpíadas, na raia 7, quem faturou o ouro.

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Cielo saiu da piscina elogiando o desempenho do francês, mas se dizendo insatisfeito com sua própria performance. O brasileiro disse que se arrepende de ter participado da disputa dos 100 metros nado livre, em que ficou em sexto lugar. O nadador de 25 anos falou também em “repensar tudo” e “recomeçar do zero” para reencontrar o caminho das vitórias. No pódio, sorriu levemente ao exibir sua medalha, mas não conseguiu esconder a decepção – parecia tentar convencer a si mesmo que a conquista justificava, sim, uma comemoração, mas ao mesmo tempo aparentava ainda não ter absorvido a derrota. Com o bronze desta sexta, Cielo fica bem abaixo do patamar conquistado na última Olimpíada, quando terminou a competição com duas medalhas – além do ouro nos 50 livre, foi bronze nos 100. Em Londres, já tinha dado sinais de uma queda de desempenho na final de quarta, quando ficou distante do pódio. Mas ainda dizia acreditar no bicampeonato olímpico nos 50 metros, sua especialidade, por ter uma extraordinária largada, o que costuma colocá-lo em vantagem logo no início, e uma fortíssima explosão muscular. “Velocidade eu tenho”, dizia ele na saída da piscina depois dos 100 metros. Nesta sexta, no entanto, o brasileiro admitiu ter ficado “sem pernas” para alcançar o francês de 21 anos, irmão da também campeã olímpica da natação Laure Manaudou.

Abatido, Cielo confessou que o cansaço acumulado em quatro dias consecutivos de provas, entre eliminatórias, semifinais e finais, foi seu maior inimigo em Londres. Foi justamente por causa desse desgaste que o nadador revelou sua dúvida em relação à disputa dos 100 livre no futuro – o que pode abrir caminho para que ele abandone essa prova e se concentre apenas nos 50 metros. Em Pequim, Cielo marcou o recorde olímpico na distãncia, com 21s30. Ainda com o uso dos supermaiôs, hoje proibidos, fez 20s91 em São Paulo, a melhor marca da história. Em 2012, já tinha marcado 21s38 – ninguém havia nadado abaixo dele até a prova de Manadou nesta sexta. No decorrer da caminhada até Londres, seu treinador, Alberto Silva, disse a VEJA que ele chegaria à Olimpíada pronto para fazer um tempo entre 20s90 e 21s03. Confiantes em relação ao detalhado trabalho de aprimoramento realizado com Cielo desde o veto aos supermaiôs, seus preparadores não esperavam uma marca tão discreta quanto a desta sexta. Depois da comemoração contida no pódio, o brasileiro precisou percorrer de novo os 50 metros da piscina – desta vez, caminhando lentamente ao lado dela – para dar os primeiros sinais de que já tinha absorvido a perda da prova. Recebeu uma bandeira brasileira de torcedores que se concentravam no lado oposto da piscina, e a beijou antes de acenar com ela para o público, de novo sem grande empolgação, mas agora um pouco mais solto.

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