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Bia Ferreira, campeã mundial de boxe: ‘Sem essa de preconceito’

A baiana de 26 anos é o novo fenômeno brasileiro do esporte e forte candidata ao pódio na Olimpíada de Tóquio-2020

A baiana Beatriz Ferreira nasceu no meio do boxe. A atleta de 26 anos, que luta na categoria até 60 quilos, é filha de pugilista e aprendeu tudo o que sabe com o pai. A experiência fez a diferença. Bia, como é conhecida, ganhou 24 medalhas nas últimas 25 competições que disputou, incluindo o ouro no Campeonato Mundial no último domingo 13. O caminho foi trilhado com dificuldades, mas livre dos preconceitos usuais pelos quais a maioria das atletas mulheres passam no esporte. “Meu mundo gira em torno do boxe. Dentro do meio todos sabem que não tem essa de preconceito”, explica.

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A jornada não foi fácil. Bia Ferreira conta que não almejava ser uma atleta de alto rendimento do boxe. Por isso, acabou caindo em uma armadilha. A lutadora ficou dois anos suspensa porque praticava muay thai em uma academia e isso era proibido pela Associação Internacional de Boxe Amador (AIBA). Mesmo assim, não se sente injustiçada. “Era regra. Não dei sorte”. 

Pelos resultados recentes, Bia é uma das grandes esperanças do país para conquistar uma medalha olímpica em Tóquio-2020. Atualmente, está na décima posição do ranking mundial e se prepara para a disputa dos torneios classificatórios para os Jogos a partir de março do ano que vem. A boxeadora está na China para a disputa dos Jogos Mundiais Militares e conversou com VEJA por telefone. A baiana espera continuar com a boa fase e adicionar mais uma medalha para a coleção. Abaixo, a íntegra da entrevista:

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Como o boxe surgiu na sua vida? Não tive dificuldade de entrar na modalidade. Minha família já estava no meio da luta. Meu pai, Raimundo Oliveira Ferreira, conhecido como Sergipe, já era pugilista. Ele tinha esse contato permanente com o esporte então foi bem fácil de me apaixonar. Foi vendo o amor do meu pai pelo boxe, principalmente nas competições, que também me encantei pelo esporte e comecei a fazer. Mas minha mãe também me incentivou a acreditar no meu sonho. Hoje fico feliz em poder retribuir dando resultado dentro do ringue.

Já sofreu algum tipo de preconceito por ser boxeadora? Nunca. Até porque não dou confiança para ninguém vir falar qualquer coisa desse tipo para mim. Meu mundo gira em torno do boxe, então a maioria das pessoas com as quais convivo entende do assunto. Dentro do meio, todos sabem que não tem essa de preconceito. Felizmente, estou livre disso aí.

Você chegou a ser suspensa por dois anos por praticar uma outra luta, o muay thai, algo então proibido pela AIBA. Se sentiu injustiçada? Antes do Campeonato Brasileiro de 2014, saiu uma regra que dizia que não podia fazer outra arte marcial. Não acredito que tenha sido injustiça, porque estava estabelecida. Não dei sorte, por ter feito as aulas e logo depois ter competido. Fiz sem saber. Se soubesse talvez não teria feito. Mas eu não almejava ser uma atleta de alto rendimento no boxe. Praticava por causa do meu pai e gostava, mas não pensava em Jogos Olímpicos. Acho que tinha que acontecer.

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O que significa ter sido apenas a segunda mulher brasileira a conquistar o ouro em um Mundial de boxe? Treinei muito para o torneio e a vitória foi só a retribuição de todos os sacrifícios que fiz para chegar ali, no topo do pódio. Fiquei muito feliz, com a sensação de missão cumprida. Mas agora é bola para frente. Temos sempre que pensar no próximo campeonato.

Você ganhou 24 medalhas nas últimas 25 competições que disputou. Qual é a próxima conquista em vista? Estou na China para a disputa dos Jogos Mundiais Miltares. Estou muito animada, e espero sair daqui com mais uma medalha.

Podemos esperar um lugar no pódio da Olimpíada de Tóquio? Primeiro espero que consiga me classificar (o primeiro torneio classificatório acontece em março do ano que vem). Vai ser mais um sonho a se realizar na minha carreira. Tenho que treinar muito e sei disso. Estou muito focada para isso acontecer. Se depender de mim estarei lá e vou ter um bom resultado.

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