Partida da Copa Sul-Americana foi suspensa no estádio Libertadores de América com inúmeros feridos em confrontos entre torcedores; confira imagens (fortes)
O futebol sul-americano viveu um dos episódios mais tristes e violentos de sua história nesta última quarta-feira, 20, na Argentina. O jogo decisivo entre Independiente e Universidad de Chile precisou ser interrompido e suspenso no estádio Libertadores de América por uma selvageria que tomou conta das arquibancadas. PLACAR te explica o que aconteceu e mostra imagens (algumas fortes) do confronto entre torcedores argentinos e chilenos.
Números parciais da imprensa argentina indicam 19 feridos, dois em estado grave, e 90 torcedores presos. A classificação será definida pelos órgãos de justiça da Conmebol.
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Torcedores da La U na Alta Popular Norte, anel superior da arquibancada do estádio Libertadores de América – Alejandro PAGNI / AFP
As duas equipes empatavam em 1 a 1, resultado que classificava a equipe chilena, quando o jogo precisou ser interrompido. Isso porque torcedores de La U começaram a hostilizar e arremessar objetos em torcedores do Independiente. Foram arremessadas pedras, objetos de madeira, cerâmica, cadeiras e há relatos até de um vaso sanitário. Os banheiros do estádio Libertadores – Ricardo Bochini teria sido destruído e os torcedores chilenos utilizaram parte da cerâmica para ferir os rivais.
Há vídeos que mostram torcedores de La U arremessando bombas em direção a outra arquibancada.
O episódio aconteceu na chamada Alta Popular Norte, no anel superior das arquibancada em que estavam presentes a torcida chilena.
Em meio ao episódio, as vozes do estádio solicitaram inúmeras vezes que os torcedores chilenos parassem com a violência, destacando inclusive possíveis punições a La U. O episódio escalou tanto que alguns torcedores do Independiente começaram a retribuir a violência, arremessando objetos também ao anel superior.
Em certa altura, foi solicitado que a torcida chilena saísse do estádio. Sem policiamento na arquibancada visitante, os torcedores de La U se dividiram – alguns saíram e outros grupos permaneceram. Quem saiu, sofreu com a repressão policial nas ruas de Avellaneda, e quem permaneceu foi castigado pela própria torcida do Independiente, que invadiu o setor e praticamente linchou os chilenos – deixando alguns inconscientes e outros sem roupas.
Um torcedor que permaneceu na arquibancada, ao ver a torcida do Independiente, se jogou para fora do estádio.
¡EL FÚTBOL QUEDÓ MANCHADO! ❌⚽😨
La #CopaSudamericana se vio afectada cuando aficionados en el encuentro de la U de Chile e Independiente protagonizaran en el Estadio Libertadores uno de los peores escenarios de violencia que se han visto
🚨 SE RECOMIENDA DISCRECIÓN EN LOS… pic.twitter.com/PTppn5htTj
— Claro Sports (@ClaroSports) August 21, 2025
O estádio Libertadores de América/Ricardo Bochini é formado por dois anéis como arquibancada, superior e inferior. Existe uma rixa entre as torcidas organizadas do Rojo, as chamadas Barras Bravas, e cada uma ocupa uma arquibancada diferente, entre setores norte e sul.
O episódio aconteceu no setor norte, entre a Alta e a Baixa Popular. A torcida visitante de La U ocupou o anel superior e, sem nenhuma grande de proteção, foi assim que os chilenos arremessaram objetos ao anel inferior, onde estava a torcida do Independiente.
Isso posto, soma-se também a rivalidade entre Barras Bravas, já que a torcida de La U – chamada Los de Abajo – tem alguma simpatia com a torcida do Racing, rival do Independiente, e também com San Lorenzo.
E para complicar ainda mais, na Argentina, não há costume de ter policiais dentro do estádio. A segurança dos jogos, em geral, é realizada por empresas privadas. Assim, não havia polícia na arquibancada visitante para conter a torcida chilena no início do episódio.
Torcedor do Independiente mostra pedra arremessada por Los de Abajo, torcida da La U – Alejandro PAGNI / AFP
“Independiente não teve nada que ver com a violência. Está muito claro que o problema foi com um só público. São 90 torcedores de La U detidos, está muito claro. Vamos a defender o nosso interesse”, disse o presidente do Independiente, Néstor Grindetti, após o episódio de selvageria.
O secretário geral do clube também seguiu um posicionamento semelhante ao do presidente, culpando os visitantes e se ausentando de qualquer autocrítica: “Independiente não tem nenhum antecedente criminal jogando como local ou visitante. Nunca vivemos algo assim. Não somos desajustados como eles”.
Y no, nada justifica un linchamiento. Nada.
— Gabriel Boric Font (@GabrielBoric) August 21, 2025
O assunto chegou ao presidente do Chile, Gabriel Boric, que se manifestou nas redes sociais culpando a própria Conmebol pelo episódio: “O que aconteceu está errado em muitos sentidos, desde a violência entre as organizadas até a irresponsabilidade da organização. A justiça deve determinar os responsáveis”.
“Nossa prioridade como governo é entender o estado de nossos compatriotas que foram agredidos, garantir atendimento médico imediato, e os que estão detidos que se respeitem seus direitos”.
Na manhã desta quinta-feira, 21, através de uma nota oficial, a CBF se manifestou pedindo “rigor total na apuração dos fatos ocorridos, com investigação célere e transparente, e que os responsáveis sejam identificados e punidos com severidade”.
“É inadmissível que episódios como esse se repitam em competições que deveriam celebrar o talento, a emoção e o espírito esportivo. Manifestamos nossa total solidariedade às vítimas da violência e às suas famílias”.
A Conmebol se manifestou em nota dizendo que os órgãos judiciais da entidade irão decidir o classificado. Quem avançar pega o Alianza Lima, do Peru, nas quartas de final da Sul-Americana.
Torcedores de La U arremessam pedras – Alejandro PAGNI / AFP
Torcedor do Independiente deixa estádio Libertadores de América ferido – Alejandro PAGNI / AFP
Torcedores do Independiente com barras de metal – Alejandro PAGNI / AFP
Torcedores do Independiente deixam chileno sangrando na arquibancada – EFE/ Juan Ignacio Roncoroni
Torcedor da La U é linchado por torcedores do Independiente – EFE/ Juan Ignacio Roncoroni
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