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Paulo Cezar Caju ícone blog Paulo Cezar Caju O papo reto do craque que joga contra o lugar-comum

Racismo no futebol: sofro preconceito desde que nasci, mas nunca abaixei a cabeça

Havia recintos proibidos para negros e fico feliz por ter aberto muitas dessas portas com minhas posições, determinação e muita coragem

A seleção brasileira entrou em campo no fim de semana e o jogo em si ficou em segundo plano. Não consigo acreditar que estamos na metade do ano e ainda não temos treinador. Além disso, vi muita repercussão em cima do caso de racismo do Vinicius Jr., com desdobramentos nessa partida. Completei 74 anos na última sexta-feira e posso afirmar, sem sombra de dúvidas, que sofro preconceito desde que nasci, mas a diferença é que eu nunca abaixei a cabeça para ninguém.

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Lembro, quando pequeno, minha mãe ia fazer serviço em Copacabana e eu me recusava a passar pela entrada de serviço dos prédios. Fui agredido pela minha pele preta dentro do meu próprio país, nunca fui negro ‘sim, senhor’. A partir do momento que comecei a fazer sucesso e ganhar dinheiro através do futebol, passei a frequentar os melhores restaurantes do Rio de Janeiro e do mundo, sempre com olhares tortos, já que eu era quase sempre o único negro.

Existiam vários recintos proibidos para negros no país inteiro e fico feliz por ter aberto muitas dessas portas. Sempre fui derrubando barreiras com meu jeito, com minhas posições, determinação e, sobretudo, muita coragem. Fazendo um balanço da minha trajetória, me considero um privilegiado, claro, mas, acima de tudo, um cara que teve perseverança e não desistiu em nenhum momento. Nunca deixei de falar o que penso e isso me fechou algumas portas, mas faria tudo de novo e me orgulho de tudo que conquistei: condecorado com a medalha de cavaleiro da Ordem Nacional da Legião de Honra pelo presidente da França, Nome do Ano na França-Brasil, Membro Honorário, entre outros.

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Jairzinho e Paulo Cezar Caju em capa de 1972
Jairzinho e Paulo Cezar Caju em capa de 1972

Neste fim de semana, recebi mais um prêmio e fiquei muito feliz. Dessa vez, recebi uma homenagem surpresa em Santa Catarina do grupo Bucica, bloco que desfila todo ano, liderado pela Patrícia, Geraldo e David, por conta do meu aniversário. Também fui convidado para participar de uma pelada do time Serenos e já estou ansioso para voltar a calçar as chuteiras. Isso não tem preço!

Antes de falar das tradicionais “Pérolas da Semana”, gostaria de agradecer ao escritor Helcio Herbert Neto, que fez uma coluna sobre esse linguajar terrível e dedicou a mim!

“Dedico essa coluna ao mestre Paulo César Caju, que iniciou a cruzada contra a imbecilidade há mais tempo e que percebeu rapidinho que esse linguajar era um jeito de camuflar ignorância!”.

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Linhas = setores do campo (defesa, meio e ataque)
Primeira linha = lateral-direito, beque central, quarto-zagueiro e lateral-esquerdo
Segunda linha = centro-médio, meia-armador e meia-esquerda.
Terceira linha = ponta-direita, ponta-esquerda e centroavante.
Jogador de beirinha/alas = pontas ou laterais
Leitura de jogo = visão de jogo
Zerar a bola = dar um chutão
Cara da bola = gomo da bola
Tapa na bola = toque na bola
Time encaixotado = time acuado
Chutar na orelha da bola = Pegar mal na bola
Intensidade alta = raça
X1 = ponta partindo pra cima do lateral
Falso 9 = meia-esquerda ou meia-direita, que acompanha o atacante.

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