Publicidade
Paulo Cezar Caju ícone blog Paulo Cezar Caju O papo reto do craque que joga contra o lugar-comum

Fred e o melhor convite da minha vida. Descanse em paz, meu irmão

Foi ele quem me ofereceu uma nova família e futuro no futebol. Fred morreu, e eu também, assim como todos que o cercavam e amavam

Não sei como seria a minha vida sem Fred. Sei como foi com ele, desde que menino, jogando futebol de salão no Flamengo, ele me “convidou” para ser seu irmão adotivo. Eu era muito pobre da Favela dos Tabajaras, em Botafogo, não conheci meu pai mas era cuidado com muito afinco por minha mãe, Dona Sebastiana, descendente de escravos. Com Fred cresci e aprendi as melhores coisas da vida, construí caráter e valorizei os laços familiares. Com o meu pai adotivo, Marinho Oliveira, famoso zagueiro do Flamengo e Botafogo nas décadas de 1940 e 1950, mergulhei de cabeça no futebol.

Publicidade

Assine #PLACAR digital no app por apenas R$ 6,90/mês. Não perca!

Fred também construiu uma sólida carreira, foi capitão da seleção olímpica e voltamos a jogar juntos pelo Flamengo, agora no futebol profissional. Sempre me orgulhei pela forma carinhosa e respeitosa que a legião de amigos o tratava. Fred sempre foi uma referência, mas vocês conhecem bem o meu perfil e até com ele tive minhas rusgas e desentendimentos. Mas sempre gargalhávamos quando tudo voltava às boas.

Seu aniversário de 70 anos foi um dos momentos mais prazerosos de minha vida. Vários amigos do futebol de praia mais Jayme, Búfalo Gil, Deley, Carlos Roberto e tantos outros em uma resenha num barzinho do Leblon. Ontem recebi a devastadora notícia que Fred, meu irmão, meu amigo, meu pai, meu conselheiro, havia morrido vítima de um infarto. Também morri, assim como todos que o cercavam.

Publicidade

Fred ajudava muitos ex-jogadores e sofria com o drama de cada um deles, de verdade. Fred me esticou a mão e me abraçou quando eu achava que meu destino fosse correr descalço nas ruas, mas ele me ofereceu o mundo e suas maravilhas. Fred merecia mais reconhecimento da mídia, mas nós sabemos o gigante que ele foi e como canta João Nogueira:

“O corpo a morte leva
A voz some na brisa
A dor sobe pra’as trevas
O nome a obra imortaliza”

Descanse em paz, meu irmão!

Publicidade