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O Comentarista do Futuro ícone blog O Comentarista do Futuro Ele volta no tempo para dar aos torcedores (alerta de!) spoilers do que ainda vai acontecer

Os ‘craques-só-que-não’

Cronista vê estreia de Ronaldinho Gaúcho e alerta que nascia ali uma linhagem de grandes jogadores que não chegam aonde ‘prometem’... como Neymar

Quem teve a sorte de estar ontem no Olímpico, em Porto Alegre, ou assistiu pela TV a esse Grêmio 1 x 0 Vasco, pela rodada inicial da Libertadores da América, testemunhou o que considero um marco na história do futebol brasileiro. E digo isso, queridos leitores e queridas leitoras de 1998, com a clareza de quem é um torcedor e cronista do futuro, mais precisamente de 2023, de ‘quando’ vim – convencerei a todos até o fim desta resenha. Daqui a 25 anos terei a certeza de que nasceu ontem, no gramado gaúcho, uma linhagem de craques nacionais que vão brilhar nos campos do Mundo mas decepcionar a expectativa que todos nós, brasileiros, teremos sobre até aonde irão as suas carreiras. Por vários motivos, inclusive ‘opção pessoal’, que se dará justo com o estreante de ontem, o jovem Ronaldinho Gaúcho, um mago (ou malabarista) com a bola nos pés, vocês ainda vão conhecer melhor. Esse moleque que encarou e infernizou a defesa vascaína ontem à noite, anotem, vai ajudar muita na conquista de um futuro Mundial pela Seleção, colecionar títulos na Europa e ser eleito duas vezes ‘Melhor do Mundo’ pela Fifa, mas de uma hora pra outra vai se dar por satisfeito e pendurar as chuteiras – ou melhor, calçá-las apenas pra dar seus shows particulares de habilidades ‘circenses’ e fantásticas. E ‘numa boa’! Sem culpa e sem medo de ser feliz. Mas assim acabará inspirando ou norteando outros jovens que, no futuro, também vão frustrar nossos sonhos de admiradores e fãs. E é esse o alerta que vim ao passado fazer. Sobre o que, aproveitando uma expressão popular do Próximo Século, chamarei de “Craques-só-que-não’.

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Na primeira década dos anos 2000, registrem, outro craque a seguir caminho semelhante também terá seu nome começado pela letra ‘R’ – mas obviamente manterei sua identidade preservada. (Nota da Redação da Placar em 2023: cronista se referia a Robinho). Sua história, porém, será bem mais decepcionante, pois em pouco mais de 10 anos deixará de ser “a maior promessa do futebol brasileiro” para ficar alijado do mundo esportivo, frequentando apenas páginas policiais no Brasil e na Europa, onde será condenado por estupro a uma jovem. Depois, como sempre acontece, novamente seremos ‘berço’ de um ‘jogador diferenciado’, e desta vez com nome iniciado pela letra ‘N’. (Nota da Redação da Placar em 2023: cronista se referia a Neymar) Rapidamente e ainda imberbe será absorvido pelo implacável mercado europeu, endeusado, cercado de gigantescas e maravilhosas previsões para seu futuro… ‘Só que não’!

A frustração será enorme, ressalve-se, ao menos até 2023, pois, confesso, daqui a 25 anos ainda manterei acesa minha esperança de ver ‘N’ alcançando o Olimpo da Bola. Ainda mais porque ao chegarmos lá teremos acabado de ver outro candidato a ‘Craque-só-que-não’, um argentino de nome iniciado com a letra ‘M’ (Nota da Redação da Placar em 2023: cronista se referia a Messi), enfim consagrar-se à eternidade numa Copa do Mundo.

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Sobre os dois exemplos brasileiros que citei no parágrafo anterior, uma curiosidade é que ambos terão em suas trajetórias gols marcados em Mundiais que vão nos iludir, trazendo a instigante sensação de que eles finalmente estarão ‘chegando lá’, mas apenas por alguns minutos… Ou seja, ‘só que não’! Vejam:

  • O primeiro ao assinalar, em 2010, um gol após belo Primeiro Tempo da Seleção contra a Holanda, em jogo que acabaremos perdendo por virada;
  • O segundo, 12 anos depois, ao ser artilheiro e protagonista e candidato a herói em belíssimo e salvador tento do Brasil contra a Croácia, já nos estertores da prorrogação, êxtase frustrado 240 segundos depois.

Como ‘Viajante do Tempo’, é meu dever informar que nem sempre chegamos a ser o que tínhamos certeza de que um dia seríamos. E vice-versa! O Vasco da Gama, por exemplo, derrotado ontem, será o grande vencedor ao final desta Libertadores. Sim, o Destino é mesmo chegado a pregar peças e também sabe dar seus passes de mágica. Como Ronaldinho Gaúcho, este cracaço! ‘Só que não’!

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FICHA TÉCNICA
GRÊMIO 1 X O VASCO 

Competição: Copa Libertadores da América de 1998 (Primeira Rodada – Grupo 2)
Data: 4 de março de 1998 (quarta-feira)
Estádio: Olímpico Monumental
Local: Porto Alegre (RS)
Público: 42.156 pagantes
Árbitro: Márcio Rezende (BRA)

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GRÊMIO: Danrlei; Catalino Rivarola, Itaqui, Jorginho Baiano e Roger; Ronaldinho, Fabinho, Ailton e Beto; Luís Carlos Goiano e Guilherme. Técnico: Sebastião Lazaroni

VASCO: Carlos Germano; Odvan, Mauro Galvão, Vítor, Ramón e Pedrinho; Felipe, Luizinho e Nasa; Luizão e Donizete. Técnico: Antônio Lopes

 Gol: Segundo Tempo: Guilherme, aos 17’

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