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O Comentarista do Futuro ícone blog O Comentarista do Futuro Ele volta no tempo para dar aos torcedores (alerta de!) spoilers do que ainda vai acontecer

Bate-volta — dia 16: só mesmo Copa para ter um ‘re-sextou’

Cronista vai à única derrota do Brasil para a Coreia e dá ‘spoilers’ a leitores de 1999 sobre emoções (e folgas) que teremos 23 anos depois

Toda Copa do Mundo é a mesma coisa: quando vão chegando as oitavas-de-final a gente começa a sentir aquele mesmo incômodo de quando ouve a musiquinha do programa do Faustão domingo à tarde. Nos damos conta de que os maravilhosos e incomparáveis dias vendo na TV tudo que é jogo entre seleções do mundo estão se encaminhando para o fim – do mesmo modo que os nossos preciosos fins-de-semana. Coisas da FIFA… Ops! Isto é: coisas da vida… Compreendo que pouquíssimos de vocês, queridos leitores e queridas leitoras de 1999, vão acreditar, mas saibam que sou um cidadão do futuro (ao menos me esforço pra ser), do ano de 2022, e tenho uma ‘Máquina do Tempo’ que me conduz a jogos marcantes do passado. Antes de retornar ao Meu Tempo, sempre escrevo e publico – ou posto, como hoje, depende da época – uma resenha sobre a partida que assisti, fazendo revelações sobre fatos do Amanhã, o que vem por aí nesse esporte que tanto amamos: o Futebol. Viajei até aqui, ontem, porque essa vitória da Coreia do Sul sobre a seleção brasileira (1 x 0, com gol aos 46’ do segundo tempo) obviamente será a única de hoje até daqui a 23 anos, quando estará sendo disputada a 22ª Copa do Mundo, no Catar, sim, no Catar – sempre o mesmo espanto… E voltarei no dia de novo encontro entre as duas seleções, valendo justo pelas oitavas-de-final – surgindo então aqueles primeiros sinais da tal ‘depressãozinha’ com a proximidade do fim de algo que gostamos muito. Copa do Mundo é um período tão especial (e inesquecível) de nossas existências que só mesmo Ela para nos proporcionar, como será em 2022, um dia de festa em plena segunda-feira. Um “Re-sextou!”

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Sei bem que todos vocês, queridos brasileiros e queridas brasileiras de 1999, ainda não conhecem essa expressão, mas garanto que em breve ela será um universal grito de liberdade que soltaremos a cada sexta-feira, no fim do expediente. Quando estiverem lendo esta resenha, já terei desembarcado no futuro, rodeado de ‘churrasquinhos de calçada’ entre amigos de rua, famílias e agregados reunidos em casas e apartamentos de todo tipo e classe social e carros buzinando com bandeiras em verde-e-amarelo nas janelas ou no capô – finalmente sem ninguém fazendo disso uma manifestação política!

Como é bom viver mais uma Copa! São elas, aliás, a quem recorro quando preciso rememorar ou refletir sobre meus anos já vividos. Ajuda muito fazer este ‘flash-back’ organizando as lembranças em ‘módulos’ de quatro anos. Já tentou? E como será relaxante, em 2022, torcer pela Seleção num ‘mata-mata’ (jogo eliminatório) contra um selecionado que, por mais que venha a alcançar um 4º lugar em 2002 (sim, vocês vão lembrar de mim quando o dia chegar), não tem tradição nos gramados, como o coreano. Mas, sei lá… Além do desconforto de pré-ansiedade pelo fim do Mundial, pensar nessa futura ‘próxima partida’ tem me trazido uma ‘ziquizira’ diferente na barriga. Enfim, deve ser ‘paranóia’ …

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Relevem sandices que venham a encontrar neste texto, pois estou em meio a uma maratona de ‘bate-voltas’ a jogos clássicos do passado, um a cada dia de Copa no Catar. E, decididamente, ‘viajar’ muito faz a gente começar a imaginar coisas, perceber e descobrir realidades que não são exatamente o ‘4-4-2’ da racionalidade. Viu? Esta última frase me ‘entrega’ … Três dias antes do embate com a Coréia no Mundial de 2022, o Brasil sofrerá derrota muito parecida com a de ontem aqui em Seul. Nosso time atacando muito sem conseguir fazer gol; e um inesperado contra-ataque levando o escrete à lona, ou melhor, ao tatame, pois estamos na Ásia. O ‘tropeço’ não terá influência em nossa classificação (Primeiro do Grupo G) mas vai me incomodar por um detalhe: Camarões, o escrete vitorioso, chegará ao Catar como único país africano a já ter vencido a Seleção Brasileira principal em jogos oficiais. Um retrospecto parecido ao da Coréia de também daqui a 23 anos. Enfim, deixa pra lá… Ando meio neurótico… Prometo me comportar.

Ter escolhido esta partida – única derrota para os coreanos – é mais um sinal do ‘momento estranho’ que estou vivendo. Desconfio que viajar pelo Tempo também nos faça sofrer algum tipo de ‘jet lag’ da eternidade. Poderia ter ido, por exemplo, ao confronto que teremos com os ‘ligeirinhos’ e espevitados asiáticos daqui a 3 anos, em novembro, quando eles terão a honra de perder para o Brasil (3 x 2) naquela que será a despedida de Zagallo da Seleção. Um amistoso festivo, que se dará também aqui em Seul, menos de seis meses depois da Copa que irão, junto com o Japão, patrocinar – ou proporcionar, verbo mais polido. Hora de usar outra expressão que vai figurar em breve na mesma lista “bombada’ do “Sextou!”, figurinha fácil na boca de qualquer um: “Alerta de ‘spoiler’!” Na Copa de 2002 conquistaremos o pentacampeonato, em final contra a Alemanha e com dois gols de Ronaldinho Fenômeno! ‘Réchi-tégui’ falei! Pode ‘sextar’ à vontade, que garanto que vai ser assim!

O problema será ‘o depois’, pois 20 anos se passarão sem que voltemos a erguer a taça e daí a aflição especial que estaremos sentindo no Mundial de 2022, em qualquer jogo, mesmo contra os, digamos, ‘inofensivos’ coreanos (até lá somaremos 6 vitórias em 7 partidas contra eles, a últimas delas, cinco meses antes do Mundial, por 5 x 1). Qual nada! Na magia do Oriente Médio, viveremos no Catar a “Copa das Zebras”, com uma sequência de resultados nada prováveis nas primeiras rodadas da competição. Será tamanha marca da disputa que, no canal de TV fechada SporTV, um narrador ganhará a pecha de ‘Chama-zebra’, por estar ao microfone em quatro jogos em que ela vai dar as caras, ou os focinhos: Arábia Saudita 2 x 1 Argentina; Japão 2 x 1 Alemanha; Marrocos 2 x 0 Bélgica; e Tunísia 1 x 0 França. Usando um bordão do próprio locutor: “Everaldo (será o nome dele), você é ‘ridículo’!”

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Que ninguém pense, por favor, que estarei pessimista, longe disso, mas a História do Futebol nos ensina que ‘zebra’ é como boca aberta em soluço – uma vai puxando a outra. Uma prova desta força centrípeta (oposto da centrífuga; ‘Comentarista do Futuro’ também prepara para o Enem) é a temporada em curso no futebol brasileiro, de 1999. Entre outras vitórias e conquistas ‘fora do script’, daqui a três meses um time que não faz parte do poderoso ‘Clube dos 13’ vai sagrar-se campeão da Copa do Brasil superando um dos chamados ‘grandes’ em pleno Maracanã! E mais não digo. (‘Nota da Redação de Placar em 2022: cronista se refere ao título do Juventude, conquistado em final contra o Botafogo, em 27 de junho de 1999: 0 x 0, após 2 x 1 em Caxias do Sul) A partida, saibam também, será histórica: última vez que o ‘Maraca” vai receber mais de 100 mil torcedores – 101.581 pessoas, com precisão asiática. Coisas da CBF…

Mas o mal-estar (ou mau agouro?) desse torcedor brasileiro que veio do futuro e vos fala não há de ser nada. Só ‘jet lag’ mesmo. Preciso dar um tempo nessa ‘viagem’. Afinal, em 2022 teremos Tite como treinador – um fracasso em linguagem popular ao falar de futebol, mas craque em preparar nossa Seleção, chegando ao Catar com quase 81% de aproveitamento (77 jogos, 57 vitórias, 14 empates e 6 derrotas). O ‘profechô’ Vanderlei Luxemburgo, nosso atual comandante, terá 69,61% (21 vitórias, 5 derrotas e 8 empates em 34 jogos) ao ser substituído, o que vai acontecer, sinto informar a ele, antes do Mundial na Ásia. O desempenho baixo do ‘Luxa’ se verificará em cidadania: autenticidade de documentos que usou ao ingressar no futebol, o popular ‘gato’, com respingos em suspeitas de sonegação fiscal. Mas a gota d’água virá com a derrota e eliminação, nas quartas-de-final, ano que vem, nos Jogos de Sydney, na Austrália. E adivinhem pra quem perderemos: Camarões. A mesma ‘zebra’ de que seremos vítimas novamente no terceiro jogo da Copa de 2022. Ai, ai…

Mas é preciso ter pensamento positivo, certo? Tenho certeza de que afastaremos o fantasma das ‘zebras’ no Catar e seguiremos às ‘quartas’ (contra Croácia ou Japão). Até porque deixei o futuro com metade dos jogos das ‘oitavas’ já disputados, e os confrontos até ali terão classificado só ‘tubarão’: Argentina, Holanda, França e Inglaterra – indício de que as ‘zebras’ já terão pastado o suficiente na Primeira Fase. Tudo muda nessa vida! – como, aliás, vale registrar, em 2022 a musiquinha ‘deprê’ dos domingos não será mais do Faustão, e sim do Luciano Huck. Alguma surpresa? Essa era ‘barbada’.

Por falar em passagens de bastão na TV brasileira, faço questão de terminar a resenha com outro “bordão”, homenagem ao grande comunicador que estará dando adeus às Copas em 2022. E acho que, terminado o Mundial, o prestigiado (e desejado) lugar de narrador nº 1 da maior emissora de TV do país (ainda a Globo, claro) será de um mais jovem porém rodado talento ao microfone. “Sabe de quem?” Ou pode ser que “Hoje não!”? A saber… Por enquanto, e até o Catar, vamos louvar Galvão Bueno: “Pra cima deles, Brasil!” Mas sem esquecer do outro: “Haja coração!” …

PARA VER OS MELHORES MOMENTOS DO JOGO

https://www.youtube.com/watch?v=8rE1mfgO83A

FICHA TÉCNICA
COREIA DO SUL 1 x 0 BRASIL

Competição: Amistoso
Data: 28 de março de 1999 (sábado)
Horário: 21h (horário local)
Local: Seoul World Cup Stadium
Público: 60.000
Árbitro: Selearajen Subramaniam

COREIA DO SUL: Byeong-ji Kim; Myung-bo Hong, Tae-young Kim, Im-saeng Lee e Hong-gi Shin; Dong-won Seo (Do-hoon Kim), Do-keun Kim, Sang-chul Yoo e Seok-ju Ha; Jeong-yun No e Sun-hong Hwang. Técnico: Jung-Moo Huh

BRASIL: Rogério Ceni; Cafu, César Belli e Odvan; Flávio Conceição, Serginho, Zé Roberto, Juninho Pernambucano e Rivaldo; Amoroso e Jardel. Técnico: Vanderlei Luxemburgo

Gols: Segundo Tempo: Do-hoon Kim, aos 46’
Cartões Amarelos: Myung-bo Hong e Hong-gi Shin

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