Camisa lançada pela Ucrânia gera crise geopolítica na Euro
O centro do uniforme mostra um contorno do mapa do país incluindo a Crimeia, região anexada pela Rússia em 2014, além de um slogan que remeteria ao nazismo
A seleção da Ucrânia divulgou neste domingo, 6, os novos uniformes que serão usados pela equipe durante a disputa da Eurocopa. Fornecido pela marca espanhola Joma, o modelo já é motivo de enorme controvérsia de cunho político e, sob protestos da Rússia, pode ter de ser modificado para o torneio, que começa no próximo dia 11.
Assine a revista digital no app por apenas R$ 8,90/mês
A versão titular é amarela e conta a gola e as pontas da manga em azul. Já a segunda é o oposto, com a camisa azul e os detalhes em amarelo. Por fim, a terceira é branca com os detalhes em amarelo. Em todas as versões, o escudo é centralizado e está cercado pelo formato do mapa do país. O motivo da confusão: o contorno inclui a Crimeia, região anexada pela Rússia em 2014.
Os russos alegam que o uniforme representa um gesto de provocação e esperam que a União das Associações Europeias de Futebol (Uefa) atue com relação ao uniforme. Vale destacar que, em função da crise política entre os países, seleções e times das duas regiões são separados previamente em sorteios.
Além do polêmico desenho, o uniforme ainda conta com um slogan nacionalista (“Gloria à Ucrânia! Glória aos heróis!”) escrito acima do número do jogador nas costas da camisa, usado em saudações entre militares. Conforme explica a página Copa Além da Copa, no Twitter, a frase é constantemente associada ao nazismo.
Outro problema é o slogan: “glória à Ucrânia! Glória aos heróis!”
O grito, embora tenha origens no século XIX, virou lema da OUN-UPA, organização fascista que, na 2ª Guerra, cometeu ações de limpeza étnica na Polônia.
Continua após a publicidadeA frase era usada acompanhada da saudação romana. pic.twitter.com/DrkFdoJkKy
— Copa Além da Copa (@copaalemdacopa) June 6, 2021
Embora tenha origens no século XIX, o grito virou lema da OUN-UPA, organização fascista que, na Segunda Guerra Mundial, cometeu ações de limpeza étnica na Polônia. A frase era usada acompanhada da saudação romana.
O slogan foi recuperado na independência da Ucrânia com relação aos soviéticos, em 1991, e na chamada Revolução Ucraniana, em 2014, quando eclodiu a questão sobre a disputa pela Crimeia. A Federação Russa reconhece a Crimeia como uma de suas repúblicas.
Federações como a Uefa e a Fifa proíbem manifestações políticas durante as partidas. A entidade europeia não se manifestou sobre o uniforme ucraniano até o momento. Caso avance às quartas de final da Euro, que será jogada em diversas sedes, a Ucrânia pode passar por São Petersburgo, na Rússia, o que aumentaria ainda mais a tensão.