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Pênalti decisivo, seleção e final: o ano mágico da goleira colorada Mayara

Aos 21 anos, cria do Inter brilhou em seu primeiro ano como titular. Ao Elas na Área, ela projetou final do Brasileirão, domingo, contra o Corinthians

O Internacional entra em campo neste domingo, 18, pelo jogo de ida da grande final do Campeonato Brasileiro 2022 diante do Corinthians, no Beira-Rio, no capítulo mais importante da história do clube gaúcho no futebol feminino. Para tentar encerrar a hegemonia das “Brabas do Timão”, atuais bicampeãs, o Colorado confia especialmente na jovem goleira Mayara, de 21 anos, destaque da classificação ao defender um pênalti nos na semifinal contra o São Paulo. Revelada pelo Inter e já convocada para a seleção brasileira em seu primeiro ano como titular no profissional, ela não tem nada a temer: “Nós queremos o título”. 

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Mayara protagonizou o grande lance da semifinal aos 36 do segundo tempo, no Morumbi. O Inter vencia a partida por 1 a 0 com gol de Maii Maii, mas cometeu um pênalti. Em caso de empate no tempo normal, o jogo iria para as penalidades, mas a goleira colorada defendeu com os pés a cobrança da atacante são-paulina Micaelly e garantiu o triunfo das visitantes no último dia 12. 

“O meu pensamento para o jogo era de que eu não poderia levar gol. Eu tinha estudado muito as jogadoras do São Paulo e estudado a Mica, conheço ela da seleção, sei que é uma grande jogadora. Na hora do pênalti, eu estava muito confiante. Me compliquei um pouco na batida porque a Mica escorrega e a bola muda de trajetória, então tive que defender com o pé, o que acaba sendo muito difícil para o goleiro. Consegui segurar a emoção na hora do jogo, mas depois não tive nem palavras para descrever”, conta a goleira ao Elas na Área

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Natural de Curitiba (PR), Mayara Nabosne é mais uma das crias das categorias de base do Inter. A goleira campeã brasileira sub-18, subiu para o time principal em 2020, aos 19 anos, e assumiu a titularidade nesta temporada, substituindo a experiente Vivi Holzel, que deixou o Inter no início do ano para acertar com o Santos. 

Segundo Mayara, a adaptação ao time profissional implicou em uma mudança de postura e um maior amadurecimento. “Na base você tem muitos campeonatos e uma certa visibilidade, mas no profissional o espaço é reduzido. No futebol em geral, o goleiro ganha a titularidade com 25 anos ou mais. Eu pensava que meu processo ia ser mais demorado, então fico feliz de aos 21 conseguir mostrar resultados”, diz a goleira de 1,78m de altura. 

Com a paranaense no gol, o Inter sofreu 13 gols em 15 jogos. Ao lado de Palmeiras e São Paulo, foi a equipe que menos tomou gol na primeira fase do Brasileirão. Na atual edição da competição, Mayara era a goleira mais jovem entre as quatro equipes da semifinal – Lelê (Corinthians) tem 28 anos, Carla Maria (São Paulo) tem 25 anos, e Jully (Palmeiras) tem 23 anos. 

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Assim como a maioria das meninas que sonham em jogar futebol, os primeiros passos de Mayara no futebol foi atuando em times masculinos. Ela conta que começou a tomar gosto pelo esporte ao acompanhar o irmão mais velho nos treinos em uma escolinha em Curitiba, mas ao invés de prestar atenção nas jogadas de linha, sempre se encantou com os saltos e o treinamento dos goleiros. 

“Eu não sei de onde veio essa inspiração, sinceramente. Eu ia acompanhar meu irmão nos treinamentos e os goleiros treinavam separados. Eu passava a grande parte dos treinos vendo eles jogarem. Sempre fui uma criança muito ativa e a atuação do goleiro é uma performance, de se jogar muito no chão, pular para lá e pra cá, e aquilo me interessou muito”, explica Mayara. 

Apesar do interesse pela posição, ela precisou esperar para, de fato, treinar como goleira. “Por conta de ser uma escolinha com meninos e por eu ser uma menina querendo jogar em uma posição que leva muita pancada, minha mãe não deixou eu começar logo de cara no gol. Ela dizia: ‘não, você vai começar na linha e depois se você quiser você vai para o gol’”, relembra a goleira, que ressalta o apoio imprescindível da família na carreira. 

Família de Mayara fez surpresa a atleta na final do Brasileirão sub-18
Família de Mayara fez surpresa a atleta na final do Brasileirão sub-18

Foram dois anos atuando fora da meta, ao lado dos meninos em escolinhas de futebol society, o que a ajudou na formação de seu jogo com os pés. Aos 11 anos, conta ela, confrontou os pais para mudar de posição. “Falei que queria mesmo ser goleira e que se minha mãe não deixasse eu não queria mais jogar”, completa Mayara, que a partir de então, passou a treinar como goleira.

O primeiro contato com o futebol de campo foi aos 15 anos no Imperial, um clube de maior estrutura de Curitiba, e com ele, novos desafios para se adaptar às dimensões do gol e à grama. A virada de chave da carreira veio com a convocação para a seleção brasileira sub-17, em 2018, após uma peneira na cidade natal. A convocação-surpresa chamou atenção de Duda Zanelli, coordenadora de futebol feminino do Internacional na época, que convidou Mayara para treinar em Porto Alegre.

No Internacional, Mayara fez parte do elenco vitorioso do clube, em 2019, quando foi campeão Gaúcho e Brasileiro sub-18. Atualmente, o Inter é uma das referências nacionais em equipes formadoras de atletas no futebol feminino, sendo o atual campeão sub-18 e sub-20. 

Curiosamente, na conquista do Brasileirão sub-18, Mayara também defendeu um pênalti decisivo, novamente diante do São Paulo. Ela conta que o fato mais especial foi a família ter aparecido de surpresa no jogo para prestigiá-la. “Eles sempre abraçaram esse sonho”, diz Mayara, que completa.

Em abril deste ano, a goleira foi convocada pela primeira vez para a seleção principal, durante os amistosos contra Espanha e Hungria, ao lado da segunda e primeira goleira, respectivamente, Lelê, do Corinthians, e Lorena, do Grêmio. 

“Penso que seleção é resultado do trabalho que você faz dentro do clube. Para chegar na seleção, eu quero antes jogar e ter resultados com o Inter. Eu tenho sonho sim em disputar uma Copa do Mundo e Olimpíada com a seleção e representar o meu país”, conta ela.  

O primeiro jogo da final do Brasileirão, entre Internacional e Corinthians é domingo, 18, às 11h, com transmissão ao vivo pela Band, Sportv e Eleven Sport. Se por um lado a equipe paulista vai em busca de uma vantagem para a conquista do tetracampeonato, e tem no elenco estrelas como Gabi Zanotti, Tamires, Jheniffer e Gabi Portilho, o Inter confia que pode desafiar a hegemonia. 

“Muita gente nem acreditava que o Inter chegaria na final. Sabemos que o Corinthians é a maior potência e o time a ser batido, mas confiamos no nosso time. Fizemos uma campanha excelente, temos um elenco bom e estamos provando isso”, diz Mayara.

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