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Arthur Elias diz que atletas do Corinthians foram ameaçadas após manifesto

Treinador disse ser injusto que projeto seja prejudicado após nota sobre o lema "Respeita As Minas" em meio a polêmicas envolvendo a condenação de Cuca

Pouco antes de o Corinthians golear o Cruzeiro por 7 a 1, no Parque São Jorge, em jogo válido pela 10ª rodada do Brasileirão de futebol feminino, no Parque São Jorge, o técnico da equipe, Arthur Elias, revelou neste domingo, 30, que as atletas do time mais vencedor da modalidade no país foram ofendidas e ameaçadas por torcedores depois de terem lançado uma nota na semana passada. O comunicado conjunto citava o lema “Respeita As Minas” e foi uma resposta à contratação do técnico Cuca, que acabaria pedindo demissão dias depois, em meio a protestos de parte da torcida referentes à sua condenação por ato sexual com menor, por parte da Justiça Suíça, em 1989.

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Na semana passada, as atletas lançaram uma nota conjunta com a seguinte mensagem: “Estar em um clube democrático significa que podemos usar a nossa voz, por vezes de forma pública, por vezes nos bastidores. ‘Respeita as Minas’ não é uma frase qualquer. É, acima de tudo, um estado de espírito e um compromisso compartilhado. Ser Corinthians significa viver e lutar por direitos todos os dias”. Um dia depois, o próprio Arthur Elias chegou a dizer que a manifestação não se referia à contratação de Cuca, mas cobrava respeito às mulheres de maneira geral.

Neste domingo, em entrevista ao SporTV, o treinador reformulou sua posição e lamentou os ataques às atletas. “Passamos dias conturbados então é importante eu me manifestar. Foi uma declaração que eu dei com o objetivo de amenizar um pouco as consequências negativas que o grupo estava sofrendo. Atletas sendo xingadas, não só nas redes sociais, mas também nas ruas, algumas foram ameaçadas”, iniciou o treinador de 41 anos, que tem no currículo quatro títulos brasileiros e dois da Libertadores no comando das “Brabas do Timão.”

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“Foi um posicionamento feito por todas as atletas, apoiado por mim, que se referia à luta dos direitos das mulheres e contra qualquer tipo de violência contra a mulher, seja ela qual for. Os efeitos negativos são bastante injustos. Tenho orgulho de dizer que este projeto do Corinthians é o mais importante do futebol feminino brasileiro e é muito injusto que neste momento a gente perca força com nosso torcedor e também internamente dentro do clube.”

“Tenho certeza que esse projeto impacta em muitas meninas e meninos da próxima geração, temos uma possibilidade de transformação no futebol que sempre foi um espaço machista e o Corinthians contribuiu muito para isso. Este esforço não pode ser perdido, ele tem que ser aumentado”, completou o técnico.

Caso Cuca

O técnico Cuca anunciou sua saída do Corinthians na madrugada desta quinta-feira, 27, pouco depois da classificação diante do Remo, nos pênaltis, pela terceira fase da Copa do Brasil. A decisão foi motivada pelos protestos de parte da torcida em razão da condenação do técnico por um caso de ato sexual com uma menor de idade, ocorrido em Berna, na Suíça, em 1987, com a participação de outros três colegas de Grêmio, Eduardo, Fernando e Henrique, durante excursão pela Europa.

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Cuca agradeceu o apoio do atletas, que o abraçaram após a classificação na Neo Química Arena, e disse ter tomado a decisão a pedido de seus familiares, que vinham sendo ameaçados nas redes sociais. “Nesse momento eu quero fazer valer a pena minha família, o que tenho mais importante no mundo, eu não esperava essa avalanche, fui julgado e punido pela internet e isso tem uma consequência muito grande em todos os sentidos. Então, eu saio nesse momento, não é o que eu queria, se espera uma vida inteira para estar aqui, mas é um pedido da minha família. Amanhã estou em casa para cuidar de vocês””, afirmou.

O caso de Cuca sofreu uma reviravolta na quarta-feira, 25, depois que o advogado suíço Willi Egloff, que representou a vítima, uma jovem de 13 anos na ocasião, concedeu entrevista ao portal Uol e afirmou que a menina reconheceu Cuca como um de seus estupradores e que o sêmen do treinador foi utilizado como prova. Segundo ele, o treinador foi condenado por ter mantido atos sexuais com uma criança, de acordo com o Código Penal Suíço.

As declarações de Egloff ao repórter Adriano Wilkson contrariram a versão de Cuca, que em sua apresentação no Corinthians disse jamais ter tido contato com a jovem e que não teria sido reconhecido por ela. “A declaração de Alexi Stival [Cuca] é falsa. A garota o reconheceu como um dos estupradores. Ele foi condenado por relações sexuais com uma menor”, afirmou o advogado. Dias depois, o Jornal Nacional, da Rede Globo, teve acesso ao processo, que coincide com a versão do advogado da vítima.

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