Corinthians x Flamengo: um enredo digno de um ‘grand finale’
Decisão da Copa do Brasil marca o fim do ciclo contratual que mudou para sempre a história da competição e do futebol brasileiro
Era uma vez uma Copa… Assim começa todo conto de fadas e com a Copa do Brasil não poderia ser diferente. Ao longo dos seus 34 anos de existência, a competição mais democrática do país teve suas glórias, suas derrotas, seus dramas e suas conquistas. Um enredo que se confunde com a identidade do nosso futebol. Plural, acolhedor, gigante… Esse é o futebol brasileiro que se mostrou durante toda a trajetória da competição. No entanto, nada se compara ao que vimos nos últimos cinco anos.
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Em 2022 se encerra o atual ciclo dos contratos televisivos e comerciais da Copa do Brasil firmados em 2018. A nossa amada Copa passou de coadjuvante para protagonista em um futebol sedento por belos produtos e entregas impactantes. E foi exatamente isso que se construiu ao longo desses anos. Mas engana-se quem pensa que tais mudanças ocorreram da noite para o dia. O primeiro passo foi corrigir algumas distorções históricas e isso se deu na edição de 2013. Naquele ano, a Copa do Brasil passou a ser realizada ao longo do ano e não mais apenas até a metade. Isso abriu o calendário para “embarcar” as equipes que jogavam a Copa Libertadores. Um pleito antigo dos clubes e uma injustiça tremenda para aqueles que, com mérito, haviam se classificado para a competição continental no ano anterior. Não obstante, a Copa passou a ser ainda mais democrática, aumentando de 64 para 86 o número de clubes participantes. Era a preparação de terreno para a negociação contratual que estava por vir.
Após os ajustes na espinha dorsal da competição, muitos outros vieram, sempre na esteira de agregar valor ao produto. Em 2017, após as competições continentais também adotarem formato que durariam o ano todo, a Copa do Brasil passou a ser jogada por 91 clubes. Foi também em 2017 que ajustamos o início da competição. O leitor vai lembrar que as primeiras fases da competição eram mornas, sem atratividade e, pior, sem garantia de jogos para as grades da TV detentora. O clube melhor ranqueado precisava ganhar por uma diferença de dois gols para eliminar o jogo da volta. Era uma tragédia de ponto de vista de planejamento e construção de produto.
Com as mudanças implementadas, a Copa do Brasil se tornou uma competição efetivamente democrática, onde todos poderiam disputar, e com um regulamento onde o risco desportivo para os clubes era eminente. Ou seja, levar a Copa do Brasil a sério desde o início era obrigação ou o preço a se pagar seria uma eliminação prematura. Esses aspectos técnicos aliados ao momento do mercado de mídia no Brasil em 2017, onde apenas duas concorrentes disputavam cada centímetro de chão, eram a fórmula perfeita para a negociação que ocorreu.
A Copa do Brasil deu um salto de 450%, em média, na premiação das primeiras fases, e 700% na premiação para o campeão, assim se tornando a Copa nacional que mais arrecadava e distribuía recursos em todo o planeta. Para efeitos de comparação, a Copa nacional mais antiga no mundo – a Copa da Inglaterra – não pagava um terço do que a Copa do Brasil distribuía aos seus clubes disputantes. De todo modo, a construção da Copa do Brasil como produto de altíssimo valor agregado não parou por aí. Fomos pioneiros na exclusão do gol qualificado, o que foi adotado por Conmebol e UEFA anos depois. Criamos diversos sorteios ao longo da competição para mantê-la “viva” no imaginário do torcedor e nas pautas da mídia esportiva. Foi uma revolução!
Chegamos, enfim, no último ano do ciclo contratual que mudou para sempre a história da Copa do Brasil e do futebol brasileiro. Como todo bom enredo, esse merece um “grand finale”. E a maior protagonista do futebol nacional dos últimos anos nos presenteia com uma final digna de sua grandeza. Hoje, Corinthians e Flamengo iniciarão uma decisão que entrará para os livros de história. Saberemos no dia 19/10 quem viverá “feliz para sempre” ou até o próximo capítulo desse belíssimo conto de fadas.
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