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Igor Paixão cita Vini Jr. e desabafa após ofensa racial de jornal: ‘Não passarão’

Atacante brasileiro do Feyenoord foi citado como 'descendentes de escravos' em publicação posteriormente apagada

O atacante brasileiro Igor Paixão, do Feyenoord, se pronunciou nesta quarta-feira, 29, contra a manchete de cunho racista publicada pelo jornal espanhol As. Pelas redes sociais, o jogador publicou um texto em tom de indignação por ter sido identificado como “descendente de escravos” antes de duelo contra o Atlético de Madri, pela fase de grupos da Liga dos Campeões.

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“Nesta semana, foi a vez do Jornal As, do país onde joga meu companheiro de profissão, de vida e de cor, Vinicius Junior, que sofre diariamente com o ódio de quem simplesmente não aprendeu a superar um mal que jamais deveria ter existido, mas que há tanto tempo é criminoso”, escreveu em sua manifestação.

“Se somos descendentes de escravos, o somos porque fomos escravizados. Nos roubaram de nossas casas, de nossas famílias, de nosso livre arbítrio e de nossas vidas. Mas hoje não somos mais”, complementou em outro trecho.

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Após a repercussão negativa, o jornal optou por apagar a reportagem, que tinha o objetivo de informar sobre o destaque do time holandês.

O jogo terminou em derrota do Feyenoord, que não tem mais chances de classificação para as oitavas de finais.

Revelado pelo Coritiba, Igor Paixão é um dos principais jogadores do time da Holanda. Na temporada 2023/24, são 19 jogos, com três gols e três assistências.

Veja o pronunciamento de Igor Paixão na íntegra: 

Eles sempre se disfarçam. Por meios de palavras elegantes, de dinheiro, de formas de se portar e até mesmo dos cargos que ocupam.

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Eles são sutis. Nem sempre deixam a mostra todo o preconceito que carregam por gerações e gerações.

Eles são espertos. Porque na maioria das vezes se safam ao cometerem um dos mais hediondos crimes da história: o racismo.

Mas nem sempre eles disfarçam, nem sempre são sutis e nem sempre são espertos. Às vezes são explícitos e discarados, resultado de anos e anos de impunidade. E esperam o momento certo para destilar o preconceito que carregam dentro de si.

Nesta semana, foi a vez do Jornal AS, do país onde joga meu companheiro de profissão, de vida e de cor, Vinicius Junior, que sofre diariamente com o ódio de quem simplesmente não aprendeu a superar um mal que jamais deveria ter existido, mas que há tanto tempo é criminoso.

Ao falar de minha trajetória, logo no título, o racismo “não-tão-velado”: o descendente de escravos.

Fosse por minha realidade humilde, a mesma de muitos dos meus companheiros. Fosse por minha cor, a mesma de grande parte do mundo. Fosse por minha forma de ser ou a “ameaça” que trago a eles. Fosse pelo que fosse, só há uma palavra para descrever isso: racismo.

Se somos descendentes de escravos, o somos porque fomos escravizados. Nos roubaram de nossas casas, de nossas famílias, de nosso livre arbítrio e de nossas vidas. Mas hoje não somos mais.

Somos livres para pensar, falar e ser o que queremos, e isso ninguém irá roubar de nós.

Sutis, como são, dirão que “entendi errado o contexto”, e irão disfarçar “tirando o texto do ar”, e de forma esperta continuarão fazendo, com outros, e me tornarão um alvo.

Mas tudo bem. Porque juntos somos mais fortes. Sempre seremos mais fortes. E nunca, nunca mais, caminharemos sozinhos.

Racistas jamais passarão.

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