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Classificação no sufoco expõe altos e baixos do São Paulo na era Carpini

Empolgação por título inédito e tabu quebrado diminuiu por atuações abaixo do esperado no Paulista; ao todo, são seis vitórias, cinco empates e apenas duas derrotas

Um pênalti cobrado por Lucas garantiu o São Paulo na fase final do Campeonato Paulista. Contra o Ituano, que acabou rebaixado, o gol nos acréscimos confirmou a vitória sofrida do Tricolor no último domingo, 10, e garantiu para Thiago Carpini um suspiro de alívio, seguido por provocação à torcida do time que fez a pior campanha do estadual.

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Com o olhar direcionado para os torcedores do time adversário, que estavam atrás do banco de reservas, o treinador são-paulino levou a mão ao ouvido, como se quisesse ouvir os críticos, em gesto que repercutiu após o jogo. Pela vitória nada convincente e campanha instável, a atitude pareceu em tom quase descolado da realidade.

Ainda assim, o atual campeão da Copa do Brasil e da Supercopa Rei terminou a primeira fase como terceiro colocado geral, com 22 pontos. Por uma questão de regulamento, a classificação quase não chegou ao MorumBis, o que também foi uma espécie de álibi para Carpini defender o seu trabalho.

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Após o jogo, o treinador defendeu a trajetória no estadual. “Vejo a campanha satisfatória. Implementamos ideias novas, suprimos ausências no elenco com lesões. Não tivemos o Pablo Maia, o Calleri saiu por lesão. Fomos a terceira melhor campanha e o sufoco foi porque caímos na chave mais complicada, com São Bernardo e Novorizontino. O São Paulo poderia ter ficado fora com 20 pontos, é o regulamento.”

Rubens Chiri / São Paulo
Luciano, atacante do São Paulo, conta com o carinho da torcida – Rubens Chiri / São Paulo

Personagem central do duelo — pelo sufoco e pela provocação após o gol vitorioso — Carpini atrelou sua atitude ao calor do jogo. O técnico revelou que xingamentos à sua família foram o estopim. “Deve ter ficado uma repercussão ruim. Respeito muito o Ituano. Fato é que tinham três ou quatro pessoas no alambrado que eu conheço, alguns desafetos que a vida e o futebol nos dá. Ouvi ofensas de cunho muito pessoal, dos meus filhos, minha esposa. A gente tem um limite. Ser humano tem um ponto de equilíbrio e desequilíbrio. Aquele momento de extravasar, foi uma resposta de 90 minutos de coisas muito pessoais e pesadas. O erro foi ter desequilibrado e respondido, mas a gente tem limite, então não me arrependo.”

Em números, ponto para Carpini

Ao todo, o trabalho de Carpini conta com 13 jogos. Nessas partidas, seis vitórias, cinco empates e apenas duas derrotas, o que equivale a aproveitamento de 58,9% dos pontos. O treinador comandou o time na marca de 20 gols marcados e 12 sofridos.

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Foram 12 jogos do Campeonato Paulista e um da Supercopa Rei, contra o Palmeiras. No estadual, classificação garantida e possibilidade de chegar à decisão. No “torneio de uma partida”, título nos pênaltis, após empate sem gols.

Thiago Carpini vive os primeiros questionamentos do seu trabalho – Rubens Chiri / São Paulo

Fora dos números, alguns pontos altos também ajudaram o trabalho a ter respaldo. Logo de cara, uma vitória sobre o Corinthians na Neo Química Arena, quebrando tabu que completaria dez anos, e o troféu sobre o rival alviverde fizeram o ano começar com o pé direito.

Cria, mas deixa criar

Contra o rebaixado Ituano, um ponto chamou a atenção negativamente na atuação tricolor, mesmo com a ponderação de um gramado pesado e carregado pela chuva. Muito vertical, o São Paulo acabou sofrendo com as chegadas do adversário, evidenciando grande fragilidade defensiva.

O São Paulo tem o melhor ataque do estadual junto do Palmeiras (20 gols). Além disso, é o terceiro que mais criou grandes chances (29), o dono da maior posse de bola média (59,2%) e o líder em chutes por jogo (15,7). Os números são do Sofascore.

Por outro lado, as estatísticas também mostram pontos de alerta. Na mesma linha que pôde construir oportunidades, também desperdiçou muitas (17 no total). Sem a bola, o time também acaba cedendo espaço: nos 13 jogos do ano, permitiu 21 grandes chances dos adversários.

Calleri, atacante do São Paulo – Rubens Chiri / São Paulo

Recado de Muricy

Ídolo absoluto do São Paulo, Muricy Ramalho é o atual coordenador técnico do clube. Multicampeão como treinador e jogador do Tricolor, o personagem hoje trabalha num cargo mais distante das quatro linhas e foi importante na escolha de Carpini para assumir o espaço deixado por Dorival Júnior.

Ainda que tenha sido bancado por Muricy, Carpini também já ouviu publicamente “recados”. Em entrevista realizada no fim de fevereiro ao canal “Arnaldo e Tironi”, no YouTube, o coordenador técnico apontou alguns problemas do trabalho em processo no São Paulo.

“Você sendo muito vertical, você separa o time também. Se você usa muita velocidade, muitas vezes você não consegue juntar tudo, quem é de lá de trás não consegue agrupar rápido no meio de campo. Fica um time espaçado. Temos que entender isso, saber a hora de dar velocidade”, disse o tricampeão brasileiro pelo clube (entre 2006 e 2008).

E concluiu: “Não dá pra jogar espaçado hoje, todo mundo é bem armado. A compactação precisa ser ajustada senão dá e sobra espaço e o adversário gosta. Quer ser vertical, ok. Mas quando? Precisa entender isso. A defesa não pode ficar lá atrás, o meio precisa estar junto.”

O São Paulo volta a campo contra o Novorizontino, no MorumBis, pelas quartas de final do Campeonato Paulista. A Federação Paulista de Futebol ainda não divulgou data e hora do duelo.

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