Atualmente, Nicole Pereira Coutinho não anda de avião em hipótese alguma, mas em 2000 ela venceu o receio para viajar à Austrália e torcer por Baloubet du Rouet nos Jogos Olímpicos de Sydney. Desde que o renomado animal refugou de maneira surpreendente com Rodrigo Pessoa e saiu da disputa pelo ouro, várias teorias surgiram para […]
Atualmente, Nicole Pereira Coutinho não anda de avião em hipótese alguma, mas em 2000 ela venceu o receio para viajar à Austrália e torcer por Baloubet du Rouet nos Jogos Olímpicos de Sydney. Desde que o renomado animal refugou de maneira surpreendente com Rodrigo Pessoa e saiu da disputa pelo ouro, várias teorias surgiram para justificar o fato. A esposa do proprietário do cavalo, por exemplo, também tem a sua tese, contestada pelo cavaleiro e comentarista Ivan Camargo, do canal ESPN.
‘Tudo isso por uma estupidez. A mãe do Rodrigo não estava no setor da arena em que ele queria. Então, ele entrou em parafuso. Tenho certeza que foi por isso. Ficou nervoso, completamente atrapalhado. Mas cada um reage como gosta. Depois, ele não montou bem na hora da prova. As pessoas diziam para o meu marido: não se preocupe, o cavalo é bom. Um modo de dizer que a culpa é do cavaleiro’, declarou a esposa de Dom Diogo Pereira Coutinho durante a visita da Gazeta Esportiva.net ao haras que abriga o animal.
Em Sydney, Baloubet cometeu falta logo no primeiro obstáculo e se arrastou para superar o triplo, antes de ser eliminado por refugar três vezes em seguida. A tese de Nicole é que o cavaleiro transmitiu seu nervosismo para o animal. Depois de participar da cerimônia de abertura em Londres, Pessoa deixou a cidade para finalizar a preparação na Holanda. Impossibilitada de contatá-lo, a reportagem ouviu o especialista Ivan Camargo. Para ele, a possibilidade de o cavaleiro, já tricampeão da Copa do Mundo, ter ficado nervoso aos 27 anos e em sua terceira Olimpíada é ‘zero’.
‘Tem várias coisas que podem ter acontecido, menos essa. O Rodrigo estava extremamente em forma e tem uma carreira brilhante. Em um problema como esse, nunca é possível afirmar exatamente o que foi. Mas o Baloubet, além de ser garanhão, é um cavalo que sempre olhou muito (se distraia com os obstáculos). Tem um duplo com buraco em Aachen que ele nunca passou. Ele nunca foi fácil. Virou o que virou por causa do Nelson Pessoa, que treinou ele desde cedo’, declarou Camargo.
Ainda que considere impossível descobrir a exata causa do insucesso, Camargo analisa o episódio de forma minuciosa. ‘No primeiro percurso (do último dia), foi tudo bem. Depois, tinha um triplo muito difícil, que o Rodrigo acabou colocando um lance (de galope) a mais e fez o cavalo fazer muita força para passar. O Baloubet se usou todo e passou limpo (sem cometer falta), mas aquilo o assustou. Ele fez muita força e depois que passou já tinha um obstáculo composto (um duplo) que exigiria muito dele de novo. Aí ele parou mesmo, porque veio na cabeça o esforço que fez para passar o triplo’, disse.Dom Diogo Pereira Coutinho, por sua vez, disse não ter ‘competência’ para apontar um responsável. ‘Foi um momento muito triste, mas nessas situações você entra e nunca sabe como termina. Entre cavalo e cavaleiro, houve qualquer conexão que não era completa e em uma prova como aquela, a melhor do mundo, é preciso haver grande harmonia e confiança de parte a parte para que um responda ao que o outro pede. O Baloubet não respondeu, mas não sei o motivo. É um cavalo com grande caráter e deve ter havido qualquer choque que não resultou para chegar ao final’, declarou.
Nos Jogos Olímpicos de Atenas-2004, Rodrigo Pessoa e Baloubet du Rouet ficaram com a prata, mas herdaram o ouro após a detecção de doping no cavalo do irlandês Cian O’Connor. Ainda magoada com o que aconteceu em Sydney, Nicole Pereira Coutinho conta ter recebido a notícia com indiferença. ‘Eu não fiquei contente nem descontente. Bem, fiquei contente pelo cavalo e por meu marido, porque eles mereceram’, declarou a esposa do dono do cavalo, que o considera como um filho
*Colaborou Maria Clara Ciasca, de São Paulo